Autor: Elinaldo Renovato de Lima
A criança não é um adulto em miniatura, como dizem algumas pessoas. Ela é um ser humano em desenvolvimento, com personalidade prórpia em formação, possuindo idéias, interesses, aspirações, próprios de sua idade.
Se alguém não sabe dar valor a uma criança, reflete insensibilidade quanto ao significado da vida infantil, e pode projetar seus próprios traumas, adquiridos nos primeiros dias de vida.
Dessa forma, os pais devem procurar estudar e observar a vida de seus pequenos filhos, para, não só ensiná-los no “caminho em que devem andar” , como diz a Bíblia, mas, também, aprender com eles lições que só na escola do amprendizado da vida é possível assimilar.
REPENSANDO A CRIANÇA
Dorothy Law Nolte, com profunda inspiração sobre o valor da criança, escreveu:
“A criança que é sempre criticada,
Aprende a condenar.
A criança que é sempre hostilizada,
Aprende a agredir.
A criança que é sempre ridicularizada,
Aprende a ser tímida.
A criança que é sempre envergonhada,
Aprende a sentir culpa.
A criança que é tratada com tolerância,
Aprende a ser paciente.
A criança que é encorajada,
Aprende a ser confiante.
A criança que é elogiada,
Aprende a apreciar.
A criança que recebe um tratamento imparcial,
Aprende a ser justa.
A criança que vive com segurança,
Aprende a ter fé.
A criança que é aprovada,
Aprende a gostar de si mesma.
A criança que vive em meio à aceitação e amizade,
Aprende a descobrir o amor no mundo.”
A poesia acima contém verdades muito importantes a serem observadas pelos pais.
Os pais crentes em Jesus precisam ser exemplo no trato com os filhos. A Bíblia nos mostra um texto muito interessante, no livro de Jeremias, em que vemos a expressão de Deus, em relação a seu filho Efraim, um tipo de Israel:
“Não é Efraim para mim um filho precioso?
Criança das minhas delícias?
Porque depois que falo contra ele,
ainda me lembro dele solicitamente;
Por isso se comovem por ele as minhas entranhas:
Deveras me compadecerei dele, diz o Senhor” (Jr 31.20).
Nesse versículo Bíblico, podemos destacar alguns indicadores do cmportamento desejável dos pais para com os filhos, no sentido de valorizá-los, amando-os, e cuidando deles para que tenham personalidade firme e se sintam felizes. Vejamos:
1) VALORIZAÇÃO DO FILHO: “não é para mim um filho precioso?”.
O fator valorização tem muito efeito na formação espiritual, emocional, moral, social e física dos filhos. Uma criança que é valorizada por seus pais tem normalmente uma auto-estima elevada. Não se sente frágil, mas vê-se a si mesma como alguém que é apreciado, reconheciedo, mesmo que não entenda nada de conceitos psicológicos.
Quando Deus diz “filho precioso” fala de valor espritual acima de tudo. Os pais devem entender que os filhos não são apenas resultado de de uma união biológica, muitas vezes fora de tempo desejável. Na verdade, cmo diz a Bíblia, eles são “herança e galardão do Senhor” (Sl 127.3).
Podemos dizer que os filhos são talentos vivos, entregues por Deus aos pais para que sejam trabalhados na sua formação espiritual e em todos os demais aspectos da vida. Assim como Deus vai cobrar de seus servos o que fizeram com os talentos materiais ou espirituais, da mesma forma, Ele vai cobrar dos pais o que fizeram com os filhos, pelos filhos e para os filhos, no sentido de que eles produzam frutos para Deus.
Nessa valorização, é necessário que os pais apreciem o que os filhos fazem, elogiem-nos no momento certo; conversem com eles, dialogando, trocando idéias; sendo-lhes afetivos e carinhosos (Ver estudo sobre Como Viver Bem Com Seus Filhos no índice desta página).
2) SATISFAÇÃO PELOS FILHOS: “criança de minhas delícias”.
Nesse aspecto, vemos a alegria de Deus por Efraim, seu filho pequeno. Da mesma forma, os pais devem demonstrar alegria pelos seus filhos. Louvar a Deus por cada um dos filhos; demonstrar alegria perante eles e perante as outras pessoas é fundamental para a valorização dos pequenos servos de Deus.
Certa mãe, chorando a morte de uma filha, disse para outro filho: “Eu preferia que , no lugar dela, fosse você que tivessse morrido”. Aquela criança foi tomada de um sentimento tal de tristeza, que, durante toda a sua vida, foi atormentada por um sentimento de rejeição. Aquelas palavras foram piores do que um espancamento físico. Sua mente foi golpeada por palavras duras e infelizes.
Esse tipo de comportamento é devastador para a formação dos filhos. Em lugar disso, os pais devem dizer aos filhos quanto os apreciam e são felizes por terem-nos em sua vida. Um sorriso , um gesto de amor valem mais do que brinquedos e presentes caros.
Quando o pai ou a mãe diz a um filho: “filho, eu amo você; estou alegre com você”, isso provoca em sua mente um efeito psicológico positivo, que o faz sentir feliz. Seu cérebro produz uma substância que causa bem-estar emocional e físico. Ao contrário, quando o filho ouvepalavras duras, sente-se dominado por emoções negativas, que o levam à frustração e à depressão.
Aliás, uma das causas que mais levam os adolescentes às drogas, à prostituição e ao descaminho é a falta de afeto, de amor e apreciação por parte dos pais. Vale a pena demonstrar alegria pela vida dos filhos, que são dados por Deus.É preciso ter muito cuidado com a parte emocional e afetiva dos filhos, desde crianças. Já é conhecido um adesivo, colocado nos carros , em que está escrito: “Ame seu filho antes que um traficante o adote”.
3) DISCIPLINA: “porque depois que falo contra ele…”
Há pais que pensam fazer o melhor para os filhos, deixando-os inteiramente á vontade, para fazerem o que bem querem. É um ledo engano. A disciplina faz parte indispensával da formação do caráter e da personalidade.
A Bíblia, em sua suprema sabedoria, manda disciplinar o filho, inclusive utilizando, se necessário, a “vara da correção”. Diz a Palavra de Deus: “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas o rapaz entregue a si mesmo envergonha a sua mãe”…”castiga a teu filho, e te fará descansar; e dará delícias à tua alma”. (Pv 29.15,17).
Os psicólogos modernistas têm dito que os pais não devem imprimir qualquer tipo de castigo , visando a disciplina dos filhos. Dizem que basta dialogar. Tal entendimento é irrealista, e contraria os princípios da Palavra de Deus para a criação dos filhos. Se a Bíblia diz que os pais devem disciplinar os filhos, incluindo castigo físico, é porque esse deve ser o comportamento melhor para forjar o caráter e livrá-los do pecado e do inferno.
Evidentemente, o castigo físico, no sentido estreito da expressão, só deve ser aplicado a crianças pequenas, até no máximo 8 anos, visto que , muitas vezes , não entendem a linguagem racional. Precisam de um “estímulo” físico para entender. Jamais os pais devem bater num adolescente. Para esses, a disciplina corretiva aplicada pode ser a suspensão de alguma regalia, da mesada, do direito de assistir televisão, de sair com os colegas, etc.
Desse modo, no texto em análise, vemos que o mesmo Deus que considera Efraim “filho precioso”, que se delicia com sua vida, também diz que fala “contra ele” ou seja, não concorda com os atos errôenos do filho.
É por demais importante que os pais procurem orientar os filhos, ensinando-os , primeiramente, pois disciplinar, acima de tudo, é ensinar o caminho, é discipular; depois, é necessário dar o exemplo.
4) LEMBRANÇA: “ainda me lembro dele solicitamente.”
Isso fala da atenção que Deus tinha para com Efraim. Assim, os pais devem procurar ter atenção a seus filhos, lembrando-se deles, em suas necessidades, em seus anseios, em seus problemas.
A vida moderna tem levado muitos pais a se esquecerem de seus filhos, em função da agitação do dia a dia, do trabalho, do emprego, das tarefas domésticas, e , infelizmente, até por causa das atividadees na igreja local.
Conhecemos casos de mães e pais que se envolvem tanto nos trabalhos, que se esquecem de seus filhos. Esse é um grande problema decorrente do estilo de vida que domina as pessoas nesse tempo.
Conheci o caso de uma jovem, filha de um médico, que enveredou pelo caminho das drogas. Levada a um centro de recuperação, ela se queixava da vida de seus pais, que não tinham tem po para sequer conversar alguns momentos sobre o que ela estava passando em sua vida.
No texto, vemos Deus dizer que se lembra de Efraim “solicitamente”, ou seja com cuidado, com interesse, com zelo, com amor. É isso que os pais devem fazer para com seus filhos, principalmente por aqueles que estão em formação , como crianças e adolescentes. Naturalmente, os jovens, com mais dezoito anos, também precisam desse cuidado, dessa lembrança.
5) SENTIMENTOS ENTRANHÁVEIS: “por isso se comovem por ele as minhas entranhas…”.
Certamente, o Senhor queria dizer que, com todo o cuidado que tinha por Efraim, sentia , no íntimo do seu ser, emoções profundas em favor de seu filho. O cuidado era tanto, que o Senhor se comovia por seu filho.
Esse comover-se faz com que os pais sintam-se emocionalmente bem ligados aos seus filhos, não deixando de lhes dar atenção e apreço.
6) COMPAIXÃO: “Deveras me compadecerei dele…”
Compaixão é sentimento pelo qual alguém sente paixão pelo outro e com o outro. Normalmente, quem se compadece de outro, é porque se identifica com seus problamas, com seus sofrimentos.
Os filhos, no mundo em que vivemos, passam por situações que merecem atenção e cuidado. Há sofrimentos entre os jovens, adolescentes e crianças, que precisam de pais compassivos. Muitos pensam que os filhos não sofrem nada, por serem crianças, adolescentes ou jovens, que estão na escola, cercado de amigos, ou que nada lhes falta. Pode até não faltarem bens materiais. Mas os pais precisam saber o que se passa na vida deles.
Uma jovem suicidou-se, e deixou um bilhete para os pais, pedindo-lhes perdão, mas dizendo que infelizmente não suportava mais viver no mundo, tão cheio de problemas e decepções. No entanto, os pais disseram que não sabiam que sua filha estava passando por algo que merecesse maior atenção. No Japão, tem sido alto o índice de suicídios entre crianças. Os psicólogos estão estudando o problema, e já concluem que a causa é a vida dos pais, que, preocupados com a competição entre as pessoas, não dão atenção aos filhos.
CONCLUINDO
A valorização da criança é muito importante. Se os pais querem ver filhos sadios, espiritual, moral, social e fisicamente, precisam dar o valor que lhes é devido, desde crianças, conforme o texto bíblico nos sugere.
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