Ser mãe

Autor: Bertina Coias Tomé

O bebé acabara de nascer. A mãe sentiu-se aliviada no momento em que o viu nos braços do médico e, com um suspiro, desabafou, “Finalmente isto já acabou!” O médico respondeu-lhe: “Não, minha senhora, está apenas a começar e vai durar por muitos anos.” Referia-se à responsabilidade que ela começava naquele momento a assumir, com o nascimento daquele pequenino ser, tão dependente e frágil, que acabara de entrar no mundo, a chorar.

Ser mãe é um mistério, difícil de explicar. A par com o cuidado e a solicitude constantes que a caracterizam, Deus concede-lhe uma força imensa, de uma dimensão que só uma mãe entenderá. Por um filho ela é capaz de entrar nas maiores pelejas, escalar montanhas, enfrentar grandes desafios, arriscar até a sua vida. E tudo isso lhe parece tão natural que nem valoriza devidamente. Afinal trata-se do seu filho….e o forte vínculo afectivo que os une justifica tudo.

Ela regozija-se mais pelos sucessos do seu filho do que pelos seus próprios sucessos. Tal foi evidente numa edição de um concurso televisivo recente, que se destinava a avaliar o nível de conhecimentos gerais dos participantes. Estes eram todos membros da mesma família. Foram sendo eliminados um a um até que, chegando à prova final, são a mãe e o filho a defrontar-se. Cinco perguntas, feitas a cada um deles, alternadamente. Um ambiente tenso…está prova decidirá quem é o vencedor. É exigido um bom nível de concentração, há que ganhar.

Chega-se ao fim, foi o filho que ganhou. A mãe está eufórica, numa alegria imensa que não consegue conter: “Ele ganhou! Ele ganhou!” É a realização máxima para ela – o filho ganhou!

Objectivamente ela perdeu o jogo mas, na realidade, foi assim que ela verdadeiramente ganhou: por ele ter ganho!

O sentido de maternidade tem ainda o poder de unir gerações: sabedoria transmitida de avós para mães, de mães para filhas. Quem não guarda dentro de si o tesouro inigualável das palavras sábias e dos conselhos oportunos da mãe e da avó? Depois de ouvir a explicação da mãe sobre a procriação, a filha de nove anos disse à mãe: “Quando eu tiver filhos vou mandá-los para ti, para que lhes expliques tudo isso, porque tu sabes explicar tão bem!”

O pagamento da tarefa de ser mãe são as alegrias incontáveis, é o abraço e o beijo do filho. Começa logo pelo quadro de uma beleza indiscritível, de pai e mãe emocionados por ver o resultado do seu amor naquele pequenino ser.

Para uma mulher, não ter filhos não significa abdicar do seu sentido de maternidade. É curioso que em mulheres que, por estarem dedicadas à sua carreira, têm optado por deixar a possibilidade da maternidade para segundo plano, é frequente serem surpreendidas, a dada altura, pelo desejo de

cumprir a maternidade, aquilo a que, em inglês, se chama clicking clock – a chamada do relógio biológico! Por outro lado, há as mães de afecto e as mães espirituais, cujos filhos são, frequentemente, mais do que “os da que tem marido.” (Gálatas 4:27).

Ser mãe é um ministério precioso diante de Deus, com legitimidade para sobrepôr-se a outros ministérios e actividades, pelo extremo valor que contém. É ver cumprido o verdadeiro sentido do amor, que “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (I Coríntios 13: 7).

Com todas as dores, cabelos brancos e lágrimas choradas, ser mãe continua ainda a ser a maior realização de uma mulher. Afinal, a mão que embala o berço dirige o mundo!

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