Autor: Juarez Marcondes Filho
“Movidos pelo amor e pelo empenho em prol do esclarecimento da verdade, discutir-se-á em Wittenberg, sob a presidência do rev. Padre Martinho Lutero, o que se segue. Aqueles que não puderem estar presentes para tratar do assunto verbalmente conosco, poderão fazê-lo por escrito. Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. Este foi o preâmbulo das 95 teses de Lutero.
No século XVI a maneira de protestar contra opiniões erradas era formular frases, ou teses, publicando-as para posterior discussão. No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero, pároco e professor universitário, afixou à porta da Igreja do Castelo de Wittenberg (Saxônia – Alemanha), suas 95 teses contra a venda das indulgências – declarações eclesiásticas que redimiam a culpa e o castigo do pecador. Era véspera do Dia de Todos os Santos e muitos estariam procurando no Convento de Todos os Santos em Wittenberg as indulgências.
Quando da sua publicação, ninguém compareceu para discutir com Lutero. Nem João Tetzel, emissário papal, que se encontrava na região para divulgar as indulgências. Mas no prazo de 2 semanas toda a Alemanha tinha conhecimento das teses. E elas foram o impulso para que Lutero fosse considerado herege, excomungado pela Igreja e proscrito pelo Império e, na realidade, o grande reformador.
A Reforma Religiosa do Século XVI não teve por objetivo a constituição de uma nova Igreja, muito menos, o caleidoscópio eclesiástico que temos hoje. O que se pretendia era reformar a Igreja de Jesus Cristo que havia se desviado de sua pureza original, assimilando doutrinas, tradições e práticas que não se coadunavam com a vontade de Deus.
O que moveu os reformadores, como Martinho Lutero, João Calvino, Zuínglio e outros foi o respeito absoluto pela Palavra de Deus. Neste sentido, ao longo de toda a história da Igreja, nunca faltaram reformadores que, sinceramente, almejassem um retorno às Sagradas Escrituras.
Vivemos dias semelhantes aos da Reforma. Muitas práticas, no meio do povo de Deus, não se encontram em consonância com os desígnios divinos; são pretensamente espirituais e aparentemente bíblicas, porém, não refletem o Conselho de Deus. São as indulgências do nosso tempo, divulgadas por muitos discípulos de Tetzel, que clamam por um Lutero que se levante para denunciar o engano.
O retorno à Palavra de Deus se faz urgente. Devemos porfiar pela pregação do genuíno Evangelho salvador de nosso Senhor Jesus Cristo, que anuncia a cruz (Mateus 16.24) e não a prosperidade material. Devemos obedecer as Escrituras que nos ensinam a amar o próximo, inclusive o inimigo, e não a buscarmos o bem estar individual, exclusivista. A volta à Palavra de Deus vai nos desafiar a plantar o Reino de Deus no império dos homens e, não a cizânia humana na Igreja de Cristo.
“Igreja reformada sempre se reformando”.
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