Autor: Eduardo Paulo Stauder
Quando você chega em casa, qual é uma das primeiras coisas que você faz? Deixa eu adivinhar, liga o som, ou o aparelho de TV. Acertei??? Ficar no silêncio parece ser difícil. Queremos logo ligar a telinha. Ficar bem informados. Saber o que está acontecendo na vida da cidade. Afinal de contas, a telinha nos mostra a realidade. Por meio dela entramos em contato com o mundo. Se tivermos TV a cabo, então podemos viajar pelos continentes sentados na poltrona de casa. Como ficar sem a companhia da TV? Ela nos informa, nos fala de tudo que está acontecendo. Sem as informações da TV parece que ficamos alienados, distantes da realidade. Como podemos viver sem saber o que irá acontecer com a Laura e a Maria Clara na novela das 20h?
Fico imaginando que se Jesus voltasse hoje, ele teria que aparecer na TV, ou as pessoas não saberiam que ele está por aí! Quem sabe ao invés de dizer que ele é o bom pastor, ele diria:
Eu sou a boa TV que informa e guia vocês
pelas imagens de campos verdejantes e belas praias
para que possam descansar nas poltronas de suas casas
tomando uma cerveja gelada.
Bastaria colocarmos o copo com água em cima da TV para recebermos a sua bênção e o milagre aconteceria. A vantagem para nós é que se cansarmos dele, basta um toque no controle remoto e mudamos de canal sem deixarmos o conforto da poltrona.
Engraçado este jeito de vivermos! A simples imagem já faz a gente se sentir parte da realidade que está distante. Ouvimos a voz, vemos a imagem da pessoa e já nos sentimos convivendo com ela, amigos dela. Uma convivência imaginária que é real, sem acontecer realmente.
O bom pastor conhece as suas ovelhas. Elas escutam a sua voz e o seguem. Parece que Jesus não seria um apresentador de TV. Ele não quer ser conhecido, nem famoso. Antes ele quer conhecer as pessoas. Ele quer um encontro real e verdadeiro, onde possa olhar nos nossos olhos, nos abraçar. Sem o encontro real o próprio anúncio do Reino de Deus se transforma em mais uma imagem bela que assistimos sentados na poltrona de casa.
Não há como substituir o encontro entre as pessoas. É no estar junto que acontece o compromisso com a vida. A voz do bom pastor nos chama para o encontro real que nos compromete com a vida, que faz a gente desligar a TV para visitar os aflitos, os doentes, os que choram. A voz do bom pastor nos chama a nos conhecermos uns aos outros, não pela imagem, mas pelo abraço fraterno, pelo olhar sincero.
Jesus diz: “As minhas ovelhas escutam a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (João 10.27).
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