Autor: Ricardo César Vasconcelos
“Levanta-se Deus; dispersam-se os Seus inimigos; de Sua presença fogem os que O aborrecem. Como se dissipa a fumaça, assim Tu os dispersas; como se derrete a cera ante o fogo, assim à presença de Deus parecem os iníquos.” (Salmos, 68.1,2)
Será que alguma vez na vida já estivemos em oração diante do Senhor e O vimos assim como o salmista O viu? Será que alguma vez, diante d´Ele, tremeu a nossa alma a ponto de, ao menos por um instante, rejeitarmos tudo o que fosse terreno e passageiro, em nós? Será que a Sua presença já nos fez sentir que estávamos no centro de um furacão, cuja força e propósito não eram outros senão banir de vez toda nossa sujeira e impureza?
O Senhor é como fogo ardente que dissipa os entulhos e as impurezas que impedem de vivermos em novidade de vida. Soberano e Constante, Ele é o Mesmo! Quanto a nós, vivemos um tempo onde a idéia de um deus frouxo quase não deixa que enxerguemos como Ele é, nem distingamos se é avivamento espiritual ou histeria mental o que a Sua suposta presença provoca. Embora o pressuposto que teoricamente deva nos reger diga que Deus é Imutável, somos, por culpa exclusivamente nossa, o que há de mais mutável no conjunto das obras das Suas mãos.
Infelizmente, custa-nos afirmar que o “cristianismo conveniente” de hoje, via de regra, anda distante da base do discurso de Cristo. Não estamos aqui falando de denominacionalismo, mas da incongruência, impropriedade e incoerência resultantes da variedade de opções, ilegalmente oferecidas ao cristão, de que é possível ter para si um “deus” ao seu estilo, e, portanto, uma Igreja conveniente e adequada, que lhe ofereça a comodidade de não se submeter aos consertos que dantes o Senhor exigia dos Seus seguidores …
Já “não se faz mais necessário” e obrigatório enquadrar-se no estilo do Deus do salmista, pois há um “deus” que se tornou light e modelável após ter cansado de tentar enquadrar o Seu povo ao Seu padrão de vida. Infelizmente, para muitos, o Senhor Imutável mudou, tornou-se meio brasileiro, conformista e bonachão, um “deus” cuja maior virtude é fazer o homem feliz e enche-lo de prosperidade, sem que este precise tremer, como os antigos profetas, diante da sua, agora, discreta presença. Estão, portanto, muito equivocados…
“Eles dizem aos videntes: Não tenhais visões; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, profetizai-nos ilusões.”(Isaías, 30.10)
O verdadeiro cristianismo é aquele cujo crivo é a invariabilidade da Palavra de Cristo, e que não negocia nem altera a rota preestabelecida por Jesus quando sopram fortes os ventos de doutrinas que tanto nos alertou o apóstolo. Cristão é aquele que está disposto a diminuir e renunciar para que se enquadre no perfil de Cristo, sabendo que, para isto, terá de abrir mão de todas conflitantes prioridades, convicções egocêntricas e não poucos, sonhos. Cristão é aquele que, como o salmista, treme constantemente diante da presença do seu Deus e Senhor quando Ele fala, ama o que é reto e não se atreve a reter apenas o que lhe parece aprazível e ilusório… O verdadeiro cristão submete-se aos moldes de Cristo em busca, pelo menos, da mínima semelhança com Ele, sabendo que para isso deve estar disposto a abrir mão da própria vida…
Será que alguma vez, diante d´Ele, tremeu a nossa alma?
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