Profissionais cristãos e seu chamado missionário

Autor: Daniela Sanches Frozi

“Atendamos ao Ide de Jesus a partir de nossa realidade profissional, ao fazer missão integral, ao agir estrategicamente, ao nos organizarmos, a dispor nossos dons e talentos, a oferecer nossa profissão em sacrifício ao Senhor.”
O meio profissional é árido e compulsivo, onde se quer cada vez mais: dinheiro, poder, a superação dos próprios limites. Para isso, as escolhas se dão em meio à “Lei de Gérson” e em práticas individualistas que se encontram distantes dos valores do Reino de Deus.
Talvez o grande desafio desse ministério com profissionais seja a escolha entre sermos os sujeitos ativos ou passivos da história. Então, quais são as motivações para nossas escolhas? Bom salário, prestígio social, ou o Reino de Deus? Somos chamados como profissionais cristãos a tomarmos decisões conforme os valores de Cristo. Estejamos abertos ao Espírito Santo, submissos ao Pai e ao exemplo d’Ele. Proclamemos o Evangelho da salvação, sempre atentos para que não sejamos moldados pelo mundo, mas sim pela Palavra que nos possibilita a renovação de nossa mente (Rm 12:2).
Ao renovarmos nosso ser pelo constante contato com a Palavra, também somos chamados a praticar a justiça numa postura de humildade e amor (Mq 6:8). Os talentos que Deus nos deu e a amplitude de Seu chamado nos levam a um ativo ministério leigo em nossas comunidades e a uma profética presença em nossa sociedade desigual. Umasociedade que padece no campo da moral e da ética, em meio a escândalos de corrupção e à vivência de uma sexualidade mal direcionada. Como já aponta o texto de Romanos, não podemos nos conformar com esta realidade!
Como profissionais, nosso chamado se dá além do ambiente de trabalho, em todas as nossas atividades e relações, sendo importante adotarmos uma concepção holística de missão que a compreende além das chaves “transcultural” ou “formação teológica formal”. Deus também nos chama para fazer missão aonde estamos. Vale aqui relatar um testemunho. Em uma reunião na universidade, em que estava bem cansada, uma professora me chamou para conversar e começou a chorar. Naquele momento, ao revelar sua angústia, me vi totalmente absorvida com sua história de vida e me senti responsável por dividir as cargas com ela. Sem perceber, estava fazendo missão. Missão realizada entre nós e por meio de nós para em nome de Cristo reconciliar a humanidade com o Pai, consigo mesmo e com a criação (II Co 5:11-21).
Quando lidamos com nosso sentimento de incapacidade, nos identificamos com líderes como Moisés. Ele, mesmo com uma ampla formação, argumentou que não era capaz de atender ao chamado de Deus. Henri Nouwen disse estar profundamente convencido de que o líder cristão do futuro “é chamado para ser completamente irrelevante e a estar neste mundo sem nada a oferecer a não ser sua própria pessoa vulnerável… Deus nos ama não por causa do que fazemos ou realizamos, mas porque ele nos criou e nos redimiu em amor, e nos escolheu para proclamar este amor como a verdadeira fonte de toda a vida humana”.
Temos presenciado em nosso meio uma série de iniciativas que buscam auxiliar os profissionais na realização de seu chamado missionário: atuação na política, em causas ecológicas, em projetos de ação social, em projetos de capacitação teológica entre leigos, como alguns exemplos. Neste contexto, a ABUB considera importante desenvolver nacionalmente as atividades de uma de suas linhas de missão: a Aliança Bíblica de Profissionais (ABP). Esse é um espaço onde profissionais de diversas áreas podem compartilhar suas experiências, fragilidades e propostas com aqueles que enfrentam realidades semelhantes.
Faço um convite a você: ouça a voz amorosa de Deus e reverencie o Seu chamado. Atendamos ao Ide de Jesus a partir de nossa realidade profissional, ao fazer missão integral, ao agir estrategicamente, ao nos organizarmos, a dispor nossos dons e talentos, a oferecer nossa profissão em sacrifício ao Senhor. Que nossa motivação esteja na Esperança vinda do Reino que é eterno, que encontre sossego no amor infinito para avançarmos em ações que durem mais do que datas especiais ou situações de calamidades. Nossa missão é contínua, pois o centro de nossa motivação é Cristo!

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