Autor: Ron Riffe
Certa vez um pastor amigo meu, brincando, disse que descobriu que tinha vocação para o ministério quando acordou certa manhã sem vontade de sair para trabalhar e morrendo de vontade de comer frango assado! Todos nós que o ouvimos rimos daquilo. Infelizmente, porém, muitos indivíduos “optam pelo pastorado” por razões menos honrosas ainda. Freqüentemente precisamos adverti-lo que “lobos cruéis” entraram no meio do rebanho das ovelhas. [Atos 20:29] Isso tem sido um problema desde os primeiros tempos da história da igreja e é até pior atualmente. O que alguns homens [e mulheres] fazem por dinheiro, poder e prestígio chega a ser escandaloso. Nos últimos anos, vimos vários pregadores, pastores e evangelistas proeminentes cairem em desgraça e em escândalo – em alguns casos, alguns foram processados e até presos, e tiveram seus pequenos pecados secretos expostos. Na maioria desses casos, a cobiça revelou ser a motivação e as pessoas incrédulas simplesmente balançavam a cabeça, pois sempre desconfiaram da idoneidade de muitos desses pregadores. Eu sempre fico admirado em observar que os incrédulos têm uma percepção mais acurada para detectar esse tipo de coisa que muitas ovelhas! Confiar no pastor como líder espiritual é uma coisa, mas estupidez é outra bem diferente. Quando o líder em questão vivia regaladamente e com um estilo de vida fora de proporção com o que é razoável, aqueles que estavam sendo “extorquidos” são culpados também – por permitirem isso.
Um salário razoável, mais alguns benefícios – ou até mesmo uma boa remuneração por uma congregação agradecida e carinhosa é perfeito, mas vida perdulária por um homem de Deus é algo que deve ser evitado. Ele deve ter bom senso suficiente para viver modestamente, de forma a evitar qualquer aparência do mal. As diretorias e comitês de supervisão organizacional das igrejas devem ajudar o pastor a manter um estilo de vida adequado, e os dizimistas e ofertantes devem procurar saber como suas ofertas estão sendo empregadas. O dinheiro já arruinou a carreira de muitos pastores e já causou danos ao corpo de Cristo.
Por que iniciei esta mensagem falando sobre dinheiro? Simplesmente porque o dinheiro é um dos dois critérios ridículos pelos quais os pastores são avaliados hoje em dia – o outro é o tamanho relativo da igreja. Aos olhos da maioria dos observadores, igrejas enormes e grandes salários são indícios de sucesso, mas são realmente bons indicadores da condição espiritual da igreja? Não, não são! Na verdade, vejo com grande suspeita esses ministérios, pois há motivos para acreditar que algo esteja errado! Pessoal, tenho mais de sessenta anos e já acumulei uma certa experiência.
O envolvimento com congregações de igrejas por mais da metade da minha vida – tanto como diácono, e depois como pastor – ensinou-me algumas lições sobre a natureza humana. Uma das coisas que aprendi é que os pastores devem pregar contra o pecado e, quando pregam, a carne se opõe. Agora, não estou dizendo que os pastores de todas as grandes igrejas sejam levianos nessa questão, mas estou dizendo que a maioria é! Na igreja em que a Palavra de Deus é pregada com fidelidade e o pecado é adequadamente combatido, o diabo fará de tudo para atrapalhar! As mega-igrejas, que alegremente oferecem algo para todos e nenhum problema em vista são contraditórias, espiritualmente. Nunca perca de vista o fato que estamos em uma batalha espiritual de vida ou morte.
Por qual critério, então, devemos “avaliar” um pastor? Como discernimos um homem de Deus de um alpinista social? Você pode se surpreender ao descobrir quantas formas diferentes encontramos na Palavra de Deus. Primeiro e mais importante de tudo, a “descrição do trabalho” de um pastor encontra-se em 2 Timóteo 4, onde Paulo exorta seu filho na fé:
“Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.”
A prioridade número 1 para um pastor vocacionado é que ele precisa pregar a Palavra de Deus – não contar anedotas, falar sobre os livros que leu na semana e fazer comentários políticos sobre o meio ambiente ou sobre o governo. Quando a pregação da Palavra é feita corretamente – ela deixa as pessoas em desconforto. Alguém já definiu muito corretamente que o trabalho de um pastor é confortar aqueles que estão aflitos e afligir os que estão em conforto. Embora deva tentar manter um bom relacionamento com sua congregação, ele não é chamado para ser um político. Como disse o apóstolo Paulo em Gálatas 4:16, “Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?” Muitas igrejas hoje tornaram-se clubes sociais e seus pastores são apresentadores, oradores especializados em motivação humana e pseudo-psicólogos. “Mas, pastor Ron, o senhor sempre é muito negativista!” Sim, sou severo com alguns pastores porque devemos estar acima de qualquer reprovação. Confira as qualificações pessoais para o pastor, que encontramos em 1 Timóteo 3:1-7:
“Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. É necessário, portanto, que o bispo {superintendente, supervisor} seja irrepreensível, esposo de uma só mulher {isto dificulta justificar a ordenação de mulheres ao ministério}, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo. Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo.”
A segunda prioridade para o pastor vocacionado é que precisa pregar a Palavra de Deus. Cito freqüentemente o apóstolo Paulo, mas vamos encarar os fatos – ele escreveu a maior parte do Novo Testamento. Paulo disse isto em 1 Coríntios 2:1-2:
“Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.”
Suspeito que Paulo, se assim desejasse, poderia facilmente ter sido um dos maiores oradores de todos os tempos. Ele era um intelectual e tinha recebido a melhor educação disponível. Entretanto, insistia em ser claro na sua linguagem – quase ao ponto de ser direto demais – e foi criticado por alguns por sua suposta incapacidade de falar. Por que você supõe que ele faria isso quando provavelmente tinha a capacidade de arrebatar sua audiência com uma retórica florida e elevada? Deve estar claro para nós que ele deixou de fazer isso para que toda a ênfase fosse colocada em Cristo, onde ela pertence de direito. Os pastores cometem um grande erro quando tentam “fazer amigos e influenciar pessoas” por meio do carisma pessoal e das técnicas de vendas.
Oh, essas coisas funcionam – rapaz, elas sempre funcionam! Utilize os procedimentos “corretos” e as técnicas “corretas” e o sucesso é virtualmente garantido. As pessoas procuram qualquer um que massageie seus egos e as façam sentirem-se melhores sobre si mesmas. No entanto, o próprio Senhor Jesus Cristo ensinou que “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.” [Mateus 5:2]
Um dos nossos principais problemas como pecadores que somos, é que gostamos de nos sentir bem com nós mesmos! Somos todos pecadores merecedores do inferno, e levar-nos ao arrependimento é como extrair um dente – você sabe que precisa ser feito, mas sempre adia a ida ao dentista. Isaías fala algo mais sobre nossa condição:
“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam.” [Isaías 64:6]
Os pastores que aderem à tendência da “psicologia popular” e se preocupam em solucionar as neuroses das massas, revestindo de açúcar seus sermões, estão em conflito direto com a Palavra de Deus – que é, a propósito, o melhor remédio para os males que nos afligem, sejam na mente ou no coração. Simplesmente pelo fato de comprovadamente dar resultados não indica necessariamente que os meios são apropriados. A filosofia jesuíta – o fim justifica os meios – é certamente inapropriada e precisa ser rejeitada. [Essa também é a filosofia do Comunismo. Agora sabemos que os comunistas emprestaram essa filosofia dos jesuítas católicos romanos!]
A terceira prioridade para o pregador chamado por Deus é que ele precisa pregar a Palavra de Deus. Qual é a classificação do seu pastor neste ponto? Isto pode surpreendê-lo, mas seu pastor pode ser fiel à Palavra e ao mesmo tempo ser desobediente! Se ele não declarar “todo o desígnio de Deus” [Atos 20:27], é culpado por fazer você passar fome espiritual. Em seu zelo por evangelizar, muitos pastores alimentam sua congregação com uma dieta regular de sermões sobre o Plano da Salvação. Quando você considera que a vasta maioria da congregação é formada por pessoas que já devem ser salvas, isso torna-se quase um crime! As pessoas sabem como serem salvas pois são salvas e continuar batendo nesta mesma tecla é improdutivo. A igreja de Corinto não podia digerir o alimento espiritual sólido que Paulo tinha para lhe oferecer, pois ainda era imatura e estava na mamadeira, precisando receber leite somente. A evangelização é certamente importante e um pregador precisa saber quando visitantes estão presentes, para poder encaixar o plano da salvação na mensagem, mas raramente precisa ser toda a mensagem. Os cristãos hoje são ignorantes sobre muitas doutrinas bíblicas, sobre a forma de organização da igreja, e apologética, pois não aprendem isso de uma forma sistemática.
Sermões sobre tópicos atuais são bons e adequados de vez em quando, mas como pode a Palavra do Gênesis ao Apocalipse ser ensinada do púlpito por qualquer modo que não a pregação expositiva? Freqüentemente, o Dr. J. Vernon McGee comenta em seu programa de rádio que “as pessoas não querem se dedicar seriamente ao estudo da Bíblia”. Ele está absolutamente correto – elas não querem mesmo! Os pastores enfrentam uma luta constante sobre como alimentar seu rebanho e fazer as pessoas voltarem em busca de mais alimento. No entanto, dar-lhes o que querem não é a resposta. Nosso trabalho – nosso único trabalho – é pregar o que é necessário e deixar que o Espírito Santo cuide do resto. Quando estivermos diante do Tribunal de Contas de Cristo, duvido que a popularidade será uma categoria para nossa avaliação. Pessoalmente, desejo ouvir as palavras, “Muito bem, servo bom e fiel.”
Se você é felizardo de ter um pastor que prega e ensina a Bíblia inteira e tenta da melhor maneira possível “corrigir, repreender, exortar com toda a longanimidade e doutrina…”, então ouça o que diz e procure aprender com ele. A freqüência do povo à igreja não deve nunca ser comparada com o número de pessoas que vai a um parque de diversões ou a um teatro. Assuntos como pecado, arrependimento, remissão e reconciliação não são exatamente aquilo que alguém acharia divertido, pois não são mesmo. São assuntos sérios – que estão literalmente relacionados com a vida e a morte – e precisam ser tratados da forma apropriada. Devido à seriedade do assunto que deve ser pregado e ensinado do púlpito, muitos “cristãos” nominais não o tolerarão e procurarão pastores que sigam uma abordagem menos extrema. Detestamos perder membros pois quando saem, sentimos que falhamos – de alguma forma não conseguimos manter a confiança deles em nós. Essa é uma reação normal e deve ser esperada, mas nunca devemos permitir que o desejo por números de alguma maneira dite o que pregamos ou com que força pregamos! Devemos buscar um ministério equilibrado – um ministério que eduque e edifique, bem como convença e repreenda – e não ficar repetindo continuamente um assunto e esquecer os outros. Precisamos ministrar à pessoa inteira – aos santos que estão crescendo e amadurecendo na fé. E, ocasionalmente, o Espírito Santo nos dirigirá a “tosquiar um pouco de lã das ovelhas”, enfocando nossa atenção sobre certos pecados da carne.
Se você vai à igreja ano após ano e nunca sai de um culto arrependido de seus pecados, seu pastor está fazendo algo de errado! É muito provável que esteja brincando com o “jogo dos números”. A Palavra de Deus é “mais afiada do que espada de dois gumes” e seu poder sobrenatural descobrirá onde você realmente está. Se ela for pregada, você não poderá escapar! No entanto, se certas Escrituras forem evitadas, porque podem ofender algumas pessoas, seu poder potencial é negado por meio da omissão. Examine seu pastor! – pense e considere seriamente aquilo sobre o que ele prega e como prega. Não preste atenção na sua personalidade, ou se você gosta dele ou não. A maneira como ele apresenta a mensagem e seus maneirismos não precisam ser considerados – apenas a mensagem. Para sua perplexidade, você pode descobrir que a mensagem pregada é tão profunda e baseada nas Escrituras quanto as letras da maioria da assim chamada música cristã contemporânea, ou seja, é totalmente superficial e descartável.
No entanto, você também poderá descobrir (e espero que descubra) que seu pastor é uma verdadeira jóia! Se ele passar no teste, ore por ele, apoie-o, e por favor, aprenda com ele. Se ele não passar no teste, aconselho-o a procurar outro pastor e outra igreja onde você aprenda todo o desígnio de Deus. Entretenimento e “sinta-se bem consigo mesmo” acabarão por prejudicar seu crescimento espiritual.
Estou preocupado com você e com seu bem-estar espiritual porque estamos certamente vivendo nos últimos dias que antecedem o arrebatamento da igreja e o início do período da Tribulação. A enganação está aumentado e muitas ovelhas de Deus estão sendo enganadas por charlatães disfarçados de ministros do evangelho. Nenhum pastor que realmente seja um homem de Deus discordará deste teste, pois está fundamentado na Bíblia e visa proteger as ovelhas. A questão aqui não é o homem, nem a salvação pessoal do pastor. A questão é a mensagem pregada e a plenitude dela. Não se contente até que tenha a certeza que esteja recebendo uma “dieta” equilibrada de alimento espiritual.
Tradução: Jeremias R D P dos Santos
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br
Faça um comentário