Autor: Marcos Inhauser
Um semialfabetizado que sucede um acadêmico reconhecido, termina seus dois mandatos com níveis de popularidade nunca alcançados pelo antecessor.
Um sindicalista feito presidente que consegue transformar a democracia representativa em república sindical, onde líderes dos trabalhadores mamam salários de elite.
Sindicatos que fazem política partidária e transformam causas trabalhistas em questões semânticas e negociações com benesses por baixo da mesa.
Um governo que consegue a façanha de cada vez arrecadar mais impostos e entregar menos serviços à população.
Um país onde se paga duas ou três vezes pela segurança: via imposto, via taxas condominiais e via segurança privada.
Um país onde o que mais cresceu nos últimos tempos foram câmeras para flagrar desvios nos trânsitos, via radar, e multar abestalhadamente o máximo que se pode, sem, contudo, diminuir os índices de acidentes e mortes no trânsito.
Um país que sustenta nababescamente a Senadores e Deputados, com salários nominais baixos, mas ganhos superlativos nas comissões e extras (por cima e por baixo da mesa), mas que discute meses a fio o aumento de merrecas no salário mínimo e aposentados.
Um país com a segunda maior frota de helicópteros no mundo, mas que só consegue construir uma dúzia de quilômetros de metrô a cada decênio.
Um país com uma penca de bitributação: IPVA + pedágio, ISSQN no local da prestação do serviço e no local sede da empresa; imposto para saúde + planos de saúde; impostos para escolas + mensalidades de escolas privadas; previdência social + previdência privada; etc.
Um país com uma miríade de taxas de todos os tipos: para emissão de passaporte, para emissão de segunda via de qualquer declaração, de transferência, de permanência, de anuência, de ausência. Faltam as taxas para insistência e sobrevivência.
Um país onde o presidente se orgulha de não ter estudado, e que se gaba de ser o que mais escolas construiu.
Um presidente que elege uma novel em política e sai fazendo shows Brasil afora para angariar votos para a sua eleita.
Um governo que sair da oposição e que ganhar a eleição e que, depois de oito anos, a considerar-se em perspectiva os dados das pesquisas, não mais terá oposição, mas um bando de fisiológicos querendo mamar na teta da vaca Brasil.
O país da legislação Ficha Limpa, com um sem fim de fichas sujas alardeando santidade e pedindo votos, amparados na leniência e morosidade da justiça.
Um país com votação eletrônica, que tem sistemas públicos de rede de dados que ficam “fora-do-ar” mais de três dias.
Um país com tantos milagreiros prometendo a prosperidade e tanta gente na pobreza. Com tantos templos e a secularização e o ateísmo crescendo a olhos vistos.
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