Autor: Manoel do Carmo Filho
A maioria da nova safra de novos convertidos, nesses últimos tempos, não tem idéia do que seja o verdadeiro discipulado cristão. Ora estão caindo em um cristianismo raso sem compromisso, sem doutrina e sem viço, ora vivem um evangelho baseado em legalismo estéril, infecundo e improlífero que se esfacela diante das provações e das tentações no decorrer da caminhada cristã (Cl2:23).
Jesus nos diz que para vivermos um evangelho consistente é preciso que observemos alguns aspectos decisivos para experimentarmos uma caminhada feliz e bem sucedida. Vamos prosseguir em nosso estudo, fazendo uma recapitulação dos primeiros versos do capítulo quinze, indo até o final deste capítulo.
O primeiro aspecto do discipulado cristão é a FRUTIFICAÇÃO QUE DEUS ESPERA EM VER EM NÓS COMO CRENTES (Jo15:1-8). Nessa primeira fase, é necessário que aprendamos duas coisas importantes: em primeiro lugar, não há verdadeiro discípulo sem dar fruto.O fruto é o produto final da ação de Deus em nossas vidas, que ele procura (Mt21:19; Lc13:7). Fruto e boas obras nas Escrituras Sagradas são palavras que tem significados intercambiáveis, revelando os resultados que devem ser evidenciados na vida do crente. Deus preparou de antemão as boas obras para que andássemos nelas (Ef2:10). Temos a obrigação de nos destacar em boas obras (Tt3:14), e, capacitados por Deus, transbordar em frutos/boas obras em todas as coisas (IICo9:8) e devemos fazer notório o fruto do Espírito em nossa vida (Gl5:22,23). Em terceiro lugar, devemos permanecer no Filho, A Videira Verdadeira. A palavra permanecer ecoa por doze vezes em João, no capítulo quinze. Mas importante mesmo é entender que, em uma primeira instância, devemos fazer nossa parte, nos esforçando ao máximo em permanecer na Videira, mas por outro lado, não depende absolutamente de nosso esforço, da nossa religiosidade ou de qualquer concorrência humana, visto que é o próprio Jesus quem nos escolhe e designa (estabelece, fundamenta, constitui, nomeia, ordena) para que déssemos fruto e para que nosso fruto permaneça (Jo15:16). Lembremo-nos, no entanto, que para sermos considerados discípulos verdadeiros, devemos entender que todo fruto que venhamos a produzir é para a glória exclusiva do nome de Jesus (Jo15:8).
O segundo aspecto do discipulado cristão é O AMOR PRÁTICO QUE DEVEMOS EVIDENCIAR NA NOSSA VIDA COMO CRENTES (Jo15:9-17). A evidência do mais elevado padrão de amor é essencial e prioritário no viver o evangelho. Não adianta espernear e argumentar, tentando justificar nossos julgamentos impiedosos, nossas grosserias, nosso temperamento difícil e a fofoca disfarçada de necessidades compartilhadas. Se não tiver amor genuíno em todos os nosso atos, nada seremos ou nada aproveitaremos (ICo13:1,2). Devemos amar porque o Pai ama o Filho (Jo15:9,10) e o Filho ama Seus discípulos (15:9,10,11). Os discípulos, por sua vez, devem amar de todo coração os outros discípulos (15:12). A prova e o exemplo maior a ser seguido é o que Jesus fará por Seus discípulos: Ele dá Sua vida por eles (15:13) e os chama de Seus amigos, não servos (15:14,15), revelando Seu desejo incontido de estar com aqueles que ama (Mc3:14; Lc22:15; Ap3:20).
O terceiro aspecto do discipulado cristão é O SOFRIMENTO QUE ACOMPANHA A NOSSA VIDA COMO CRENTES (Jo15:18-25). O sofrimento é extremamente importante para nossa própria sobrevivência. Sem dor, nossas vidas estariam correndo constantes perigos. Exemplo: Não receberíamos o aviso de um apêndice supurado, de um enfarto ou de um tumor cerebral. A entrada do sofrimento no mundo foi através do pecado deliberado do homem, em decidir não se submeter mais a autoridade de Deus. Devemos, no entanto, em Cristo, aprender a nos submeter humildemente à poda do Pai, O Agricultor amoroso (Jo15:2,3), sabendo que isso vai doer, mas é necessário. A dor e o sofrimento também são ferramentas necessárias para o nosso aperfeiçoamento espiritual enquanto estivermos aqui nessa terra. A foice afiada que esse Agricultor se utiliza, é a Sua Palavra (Jo13:10,11; 15:3), que poda, limpando de nossas folhas secas, as ervas daninhas e insetos indesejáveis, para que produzamos a abundância de frutos que Ele deseja ver em nós (Jo15:8). No texto que ora estudamos, verificaremos os fatos que nos ajudarão a passar pela poda do Agricultor, vendo seus aspectos realistas. Aprendemos então, que todo discípulo será odiado e perseguido como Cristo (Jo15:18,19) e nenhum servo é maior ou melhor que seu Senhor, para esperar um tratamento diferenciado de seu Mestre (Jo15:20,21) e veremos que o motivo para tal ódio e tanta perseguição é a pregação destemida de Jesus contra o pecado (15:22-24) conforme está predito no Salmo 35:19 e no 69:4.
O quarto e último aspecto do discipulado cristão é O TESTEMUNHO EFICAZ QUE DEVEMOS GUARDAR DIANTE DE DEUS E DO MUNDO (15:26-27). A missão precípua do Espírito Santo é testemunhar a respeito de Jesus e revelá-lO aos discípulos (Jo15:26). O Espírito Santo, sendo o Consolador, traz nesse nome precioso a função fundamental de encorajar e reanimar o crente. O testemunho relacionado aos discípulos é que estes deverão testemunhar ao mundo que Jesus é o Salvador (15:27). A palavra martireo (de onde advém a nossa palavra martírio) significa em ser uma testemunha, alguém que afirma ter visto, ouvido ou experimentado algo, ou recebido por revelação ou inspiração divina, bem como também, aquele que por seu exemplo povou a força e genuinidade de sua fé em Cristo por sofrer morte violenta (conforme o dicionário de Strong).nossa grande obrigação é falar de Cristo e testemunhar, quer os homens creiam ou não. Não devemos nos envergonhar em sustentar a verdade do Evangelho de Cristo, na capital, no interior, individual ou publicamente, temos o dever de confessar a Jesus com ousadia, aproveitando cada oportunidade (IITm4:2).
Queridos irmãos, que venhamos, de uma vez por todas a evidenciar esses aspectos preciosos do discipulado cristão! Vamos avaliar que tipo de crente somos e nos esforçar a buscar esse elevado padrão de comportamento em nosso discipulado em nossa amada Igreja?
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