Autor: Vanessa Mota
(Uma abordagem sobre os aspectos dos “mundos” muçulmano árabe e cristão americo-europeu)
A trajetória histórica do Islamismo x Cristianismo, tem sido marcada pelos conflitos que ultrapassam os limites das diferenças teológicas. O que na época de Muhammed era apenas uma divergência religiosa, atualmente ganhou proporções de conflito político-étnico. As incompatiblidades que separam cristãos e muçulmanos são principalmente de caráter histórico – como as Cruzadas e a Dominação Européia nos países árabes e ideológicos com uma cosmovisão ocidental influenciada pelo Racionalismo, Iluminismo, Preagmatismo e Empirismo. O Resultado deste cinco séculos de transformações do pesamento ocidental, nos âmbitos moral, artístico, político e religioso, resultaram em uma sociedade relativista, sem padrões éticos ou morais definidos, onde a religião é o “ópio do povo” (Marx), relegada a uma posição secundária . O espiritual passou a ser ridículo, e os que professam uma fé, ´produto da ignorância intelectual.
Aquele que pensa não pode ser religioso, porque a religião fere os sistemas da razão.
A Revolução Industrial trouxe consigo o materialismo e a ascensão do capitalismo divisiu o mundo em países ricos e pobres. Poucos países islâmicos estão no grupo dos primeiros. O colonialismo das nações desenvolvidas sobre as subdesenvolvidas passou a ser exercido agora mediante o poder do capital.
Contrapondo a esta realidade ocidental, está a ideologia muçulmana. Atualmente, é notório o fato de que as palavras do Al Corão regem em amplitude total a vida nos países islâmicos, sofrendo variações de acordo com o radicalismo do governo. São os escritos do Corão, das Haddit e a Sharia porém, que constituem o tronco onde toda a ideologia árabe se desenvolve.
Allah é uma verdade inquestionável e a conduta moral, cívica, política e pessoal é vivida de modo a agradá-lo. é inarredável o ritual religioso da vida cotidiana. A religião é a essência da vida. ela lhes dá a característica como povo: descendentes de Ismael e os herdeiros verdadeiros do território palestino.
O que fundamenta sua conduta: Uma prática constante das boas obras e obediência, a fim de que no Dia do Juízo, sejam aceitos por Allah. Toda a ação e reação que firam seus princípios religiosos, estarão igualmente ferindo sua ideologia e desencadeando então, posicionamentos imediatos.
Os mais extremistas, lançam-se em atentados terroristas como forma de coesão (embora para eles os os ocidentais é que sejam detentores deste “adjetivo”). O mais recente e chocante para o ocidente foi o promovido contra os Estados Unidos , cujo saldo mortal foi de mais de três mil mortos.
É contra os americanos da “América Protestante” aliás que os árabes ovacionam o seu maior contigente de revolta e vingança. Para eles os EUA é o atual exemplo de autoritarismo ocidental, devido ao seu envolvimento em questões como: Presença no território “sagrado” da Arábia Saudita, o apoio aberto a causa Sionista devido ao latente dispensacionalismo americano e o combate ao fundamentalismo em investidas contra países do Oriente Médio, no exemplo mais recente da Guerra contra o Iraque.
São manifestações de quem não aceita a postura sionista do mundo que ficou omisso por ocasião da expulsão de milhares de árabes palestinos dos seus territórios para abrigar a comunidade judia e da apatia frente ao colonialismo e a prepotência de uma nação que se autodenomina detentora de um juízo o qual infelizmente, “não opera a justiça divina”.
É preciso como cristãos, lutarmos por encontrar um ponto de convergência do Evangelho diante deste novo cenário mundial. De um lado ( o nosso lado) temos nações perdidas na bisca pela liberdade de escolha, rejeitando todo padrão que proíba suas decisões egocêntricas. Do outro lado, encontramos a religião radical como mola propursora da vida.
Torna-se então, inevitável o choque quando se olham. Ambos estranham o que vêm: O Radicalismo não consegue compreender um Deus de padrões tão deficientes (basta observar o enredo da atual novela do principal canal de televisão brasileiro, exibida no horário nobre) onde o homem se entrega ao seu bel-prazer sem nenhum resquício externo de temor a um possível juízo divino. O Liberalismo , classifica como insuportável uma sobrevivência em meio a padrões tão opressivos como o demonstrado pela cultura muçulmana.
Toma o seu ápice então, o confronto ideológico, onde ao que tudo indica nunca poderão se entender. Ambos os lados estão parados diante do espelho de sua própria prepotência, admirando uma imagem da qual a única verdade é o fatídico final do personagem da Miltologia Grega: Consumir-se diante de uma beleza que estava mais nos seus olhos do que na opinião de quem o observava.
É neste contexto que a Igreja de cristo está inserida, irmãos ocidentais e orientais , unidos pela realidade da Redenção e desafiados a viverem quer com suas vidas ou com suas mortes a verdade das palavras inspiradas do apóstolo Paulo ” Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade,e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, tendo por ela matado a inimizade;” (Ef 2:15-16).
Faça um comentário