Autor: R. E. Watterson
Nossa vida é tão corrida que poucas vezes nos lembramos de dizer “obrigado”. Não é que não somos agradecidos; é só que falta-nos o tempo para expressar nossa gratidão. Ciente disto, e observando o bom exemplo de alguns, quero escrever algumas linhas para expressar minha gratidão a muitos pais cristãos.
Obrigado, pais, por criar seus filhos “na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6:4). Na era da informação e da informatização, como é necessário que crianças aprendam, desde cedo, sobre as coisas eternas. Muito mais importante do que conhecer matemática, português ou informática, é conhecer Deus e Sua Palavra, assim como o jovem Timóteo, do qual Paulo podia dizer: “desde a meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (II Tm 3:15). O tempo gasto em ensinar a Palavra de Deus a seus filhos será amplamente recompensado, assim como a falta deste ensino trará tristeza e remorso em anos futuros. Um dos principais erros de Israel nos dias de Josué foi que não ensinaram seus filhos. O resultado foi desastroso: “levantou-se uma geração que não conhecia ao Senhor” (Jz 2:10), uma geração cujos erros estão registrados em Juízes, um dos livros mais tristes da Bíblia. Quando vejo, ainda neste século, pais cristãos preocupados em ensinar seus filhos a conhecer o Senhor, sinto-me mais tranqüilo quanto ao futuro. E, como novo pai que sou, sinto-me incentivado a seguir o seu bom exemplo. Obrigado por mostrar-me que, mesmo nesta sociedade governada pelo pensamento pós-modernista, ainda é possível ensinar valores eternos aos nossos filhos.
Além disto, é bom ver que vocês não se esqueceram que Deus nos ensina a disciplinar nossos filhos, assim como Ele “corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho” (Hb 12:6). É lamentável que a sociedade não vê com bons olhos a autoridade que os pais têm de disciplinar seus filhos (incluindo a disciplina física), e que muitos governantes estão proibindo esta prática. Sem dúvida houve muito abuso por parte de pais perversos, e sempre haverá, mas a Bíblia mostra com toda clareza a necessidade de sermos zelosos nesta parte. Diz o Senhor: “O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga” (Pr 13:24; veja também 22:15, 23:13-14, 29:15). Obrigado, pais, por corrigirem seus filhos. Quando vejo o respeito que eles têm pelos mais velhos e seu bom comportamento nas reuniões da igreja, vejo por trás disto a disciplina bem exercida. E agradeço a Deus por pais que, ainda hoje, demonstram verdadeiro amor por seus filhos ao obedecerem este princípio bíblico.
Finalmente, pais, obrigado por demonstrarem que, em todas estas coisas, vocês são guiados por um amor sincero e abnegado, amor de pai e mãe. Por que instruir seus filhos nas coisas sagradas? Por que discipliná-los (uma tarefa tão dolorosa!)? Por que, se não porque vocês amam seus filhos? Tantos pais já erraram nestas coisas. Alguns dedicaram-se ao ensino, porém mais interessados em orgulhar-se da sabedoria dos filhos do que no bem-estar das próprias crianças. Outros corrigiram rigorosamente seus filhos, mas provocando-nos constantemente à ira. Quando olho, porém, para o exemplo de vocês, percebo que nem tudo está perdido. Que bom ver que ainda há pais que dedicam-se a ensinar seus filhos, unicamente porque desejam que estes filhos possam ser abençoados através da sabedoria que é transmitida pela Palavra de Deus. Querem criar servos e servas fiéis a Deus, mesmo que desprezados pelo mundo. O seu exemplo também mostra-me que “disciplina” e “amor” não são, como o mundo pensa, sentimentos opostos, mas que o verdadeiro amor disciplina, e que a verdadeira disciplina é sempre aplicada em amor. Quando tantos querem apenas que seus filhos sejam a concretização de seus próprios sonhos e anseios, eu agradeço a Deus por pais que querem ver seus filhos realizando a vontade de Deus. Quando tantos querem forçar seus filhos a andarem nos seus caminhos, que bom que existem pais como vocês, que querem guiar seus filhos no caminho que Deus preparou para eles. Obrigado, pais, por demonstrarem verdadeiro amor para com seus filhos, amor que é reflexo do amor divino que recebemos do nosso Pai.
A tarefa mais árdua nesta vida, possivelmente, é a criação de filhos. Mas como são preciosas as recompensas desta obra! Pais, eu queria dizer-lhes “obrigado”! Obrigado por ensinar coisas eternas aos seus filhos, por discipliná-los biblicamente, e por sempre agir em amor; obrigado por dar-me a mim e a tantos outros cristãos a esperança de vermos, numa geração futura, o Evangelho progredindo e igrejas sendo fortalecidas através das vidas piedosas daqueles que hoje estão entregues aos cuidados de vocês, pais, mas que amanhã estarão, sozinhos, colocando em prática aquilo que vocês lhes ensinaram. Obrigado por criar seus filhos para o Senhor, como Ana (I Sm 1:11, 26-28), e não para o mundo. Do fundo do meu coração, digo: pais, obrigado!