Autor: Robson do Nascimento
“Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida”. I Jo 5:12.
A vida cristã de uma pessoa inicia com o encontro pessoal com Jesus Cristo e não poderia ser de outra forma. Muitos fatores contribuem para o encontro de uma pessoa com Cristo.
Como ocorre o encontro com Cristo
O encontro pode ocorrer de maneira suave e tranqüila, sem nenhum esforço, como ocorreu com Pedro , André, Tiago e João, aceitando o convite para serem seguidores de Jesus (Mt 4:18-22). Pode ocorrer através da dor, como aconteceu com o centurião que tinha um criado doente (Mt 8:6), e às vezes é grandioso e dramático, como foi na vida do apóstolo Paulo (At 9:4,5). Seja qual for a maneira em que este encontro ocorra, o fato é que tem de ocorrer, para que se tenha uma vida cristã. O encontro com Cristo gera Vida, nova Vida, Vida eterna!
Alguns versículos que caracterizam a vida que encontramos em Cristo:
Vida radiante – Jo 1:4
Vida abundante – Jo 10:10
O Caminho, a Verdade e a Vida – Jo 14:6
Vida Eterna – Rm 5:21
A Fonte de Vida – I Jo 5:12
A luz da Vida – Jo 8:12
A base para o nosso encontro pessoal com Cristo é crer no relato de que Ele veio ao mundo para morrer por nossos pecados, foi crucificado, ressuscitou, está vivo e à nossa disposição e que através do Espírito Santo passa a viver dentro de nós. Recebemos a vida eterna quando atendemos ao convite de Jesus, “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11:28), decidimos recebê-Lo, obedecer-Lhe e segui-Lo.
Não se torna crente apenas por compreender alguns fatos históricos acerca de Jesus, nem por aceitar certos padrões morais e éticos que Ele ensinou. E também não se torna cristão buscando unir a nossa vida a Deus sem a intermediação de Cristo. Mas nos tornamos crentes pedindo a Jesus que entre em nossa vida como Senhor, crendo que Ele pode entrar e já entrou pelo Seu Espírito Santo. Nesta hora acontece um milagre, embora sem nenhuma demonstração ou emoção exterior, na maioria das vezes. Essa pessoa recebe uma nova qualidade de vida, chamada de vida eterna e se torna “vivo em Cristo”. Apenas esse ato divino, e nada mais, faz dela um cristão. “Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida”. É simples assim.
Sinais de Vida
Mas isso é apenas o princípio. Do mesmo modo que um recém-nascido, logo que sai do ventre da mãe já é uma pessoa, embora sua vida ainda não esteja desenvolvida, assim também um indivíduo recém-convertido é realmente cristão e partilha da vida de Jesus. E isso é verdade, embora aquela pessoa ainda tenha de passar por inúmeras experiências, antes que atinja um certo grau de maturidade. Entretanto, e felizmente, logo se notam certas manifestações de vida. Alguns sinais de vida são:
sentimento de paz e de bem-estar;
sentimento de proximidade com Deus;
sentimento de perdão de pecados e eliminação do senso de culpa;
sentimento de pertencer a uma família;
libertação do temor da morte e do que vem depois dela;
alegria contínua; e
mudanças de atitudes e de aparência.
Talvez o mais fácil de se notar é a paz e o bem-estar, principalmente no que diz respeito aos sentimentos da pessoa acerca de Deus. O apóstolo Paulo diz que isto resulta do fato de o Espírito de Deus testificar com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E esse senso de paz se torna mais intenso e duradouro, quando compreendemos as plenas implicações do perdão de pecados, através do relacionamento com Cristo. Essa eliminação do senso de culpa responde em grande parte pela paz que o novo cristão experimenta.
Outro elemento que logo se faz presente nesta nova vida é o sentimento de pertencer a uma família. Descobrimos que não estamos sozinhos, mas que nos tornamos membros de uma família imensa, sempre crescente. Como membros dessa família, temos muitos irmãos e irmãs com os quais nos relacionaremos e amaremos, enquanto, ao mesmo tempo, temos contínuo acesso ao Pai celestial, pela oração e pelo amor. Para muitas pessoas, o melhor aspecto dessa nova vida é a libertação do temor da morte e do que vem depois dela. Esperar com certeza os céus em lugar de temer o inferno é uma satisfação inexplicável.
A presença desses elementos no crente, em graus variados e em ocasiões diversas, faz com que ele experimente intenso júbilo e gozo. A Bíblia se torna um livro novo e interessante, e a comunhão com outros crentes representa uma alegria contínua. A mudança em sua atitude e aparência torna manifesta a todos, e à pessoa custa entender porque não se tornou crente há mais tempo. À essa experiência fantástica vivida no início da vida cristã chama-se primeiro amor.
No entanto, ninguém se torna um cristão maduro de uma hora para outra. Após a euforia do primeiro amor, que pode durar várias semanas ou meses os passos em direção à maturidade cristã passam por um período crítico que pode levar o novo cristão a 3 possibilidades:
1 – Uma vida de Declínio Espiritual
Antigos hábitos de pensamento e ação voltam a intensificar-se. O fulgor e a alegria de estar na Igreja e com os irmãos diminuem. Ele perde o interesse pelas coisas espirituais e volta a viver como antes. Alguns abandonam por completo o relacionamento com outros crentes, param de ler a Bíblia, afastando-se de Deus e da Igreja. É certo que poderá haver períodos ocasionais de remissão, com a possibilidade de ele se estabelecer numa existência regularmente consistente com a vida cristã, mas, na maioria dos casos, não há nenhuma recuperação, pelo menos durante muitos anos, e começa-se a duvidar se aquela pessoa era realmente convertida.
2 – Uma vida de Altos e Baixos
O coração torna-se rebelde e frio, porém assusta-se com a idéia de voltar ao que era antes, retorna ao Senhor em arrependimento e frustração, renovando a sua fé, buscando o auxílio de crentes mais velhos e mais experientes, tentando recuperar o estado de paz e gozo. Este ciclo repete-se várias vezes, até tornar-se comum para ele, passando a pensar que vida cristã normal é desta maneira.
3 – Uma vida de Simulação Espiritual
Para evitar a humilhação e a dor dos arrependimentos contínuos mantém uma fachada de consagração espiritual, retidão moral e comportamento padrão. Preserva sua reputação de crescimento e maturidade espiritual, tão gratificante para o ego e lucra muito no sentido de obter oportunidade de servir e receber louvores da comunidade cristã. Vive em uma imensa fraude, uma péssima imitação da realidade. Tudo não passa de uma grande simulação. A paz que ele alega possuir está somente nos hinos e corinhos que canta, nunca se estampa em seu rosto e o amor que ele exalta está reservado apenas para aqueles que o agradam. Pode viver uma vida moral muitas vezes generosa e certamente religiosa, porém não é uma vida cristã. É a mesma vida que levava antes de receber a Cristo, só que agora está recoberta por uma fina camada de verniz cristão, que desaparece prontamente quando a situação se torna difícil, irritante ou desanimadora.
Uma Vida Diferente
“Aquele que tem o Filho tem a Vida”.
A verdadeira vida cristã é mais que pura doutrina, não representa apenas moralidade, gentileza inofensiva. É mais que isso, é bastante diferente. É positiva, e não apenas negativa; é radical, e não superficial; é humilde, e não autoexaltante; é compassiva, e não indiferente; é corajosa, e não covarde.
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