O papel dos relacionamentos na vida da igreja

Autor: Luis Antonio Pereira
Há mais de 15 anos exerço meu ministério na área de aconselhamento. Nos últimos 08 anos venho trabalhando também como psicólogo clínico.
Uma das queixas mais freqüentes é com relação às dificuldades nos relacionamentos interpessoais. Em se tratando de relacionamentos na comunidade cristã, a realidade é sempre a mesma: relacionamentos superficiais. Tenho me deparado com crentes sem amigos verdadeiros, pessoas solitárias, que não têm com quem compartilhar suas angústias.
A igreja, como corpo de Cristo, deve ser uma comunidade terapêutica, onde os relacionamentos devem ser profundos. E relacionamentos profundos têm um papel restaurador e revigorador na vida do ser humano.
É esse tipo de comunidade que se vê no livro de Atos, onde se lê que “era um o coração e a alma…” (At 4.32). É para esse tipo de comunidade que João escreve: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros…” (I Jo 1.7). Luz fala de transparência, de espontaneidade, de relacionamentos corretos, de ausência de temor de mostrar quem se é verdadeiramente. Era esse tipo de comunidade que “…contava com a simpatia de todo o povo…” (At 2.47) e era esse tipo de comunidade que “… acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos…” (At 2.47).
De modo geral, a comunidade cristã atual tem sido um agrupamento de pessoas, onde os relacionamentos são superficiais; onde veste-se uma capa de “santidade” e rejeita-se os que não são “tão santos assim”. Nesse ambiente as pessoas ficam com medo de se mostrarem, de ser transparentes, porque o ambiente é de “santidade” e como são pecadoras, arrependidas e perdoadas sim, mas pecadoras e reconhecem essa condição, não se mostram para não serem condenadas pelo “santos”. Cria-se, assim, um ambiente de falsidade onde todos “parecem” ser santos. Um ambiente onde ninguém corre o risco de mostrar-se.
Ouvi de uma pessoa que começou a participar de “grupo pequeno”, onde os relacionamentos eram saudáveis e sinceros: “aqui, diferentemente da igreja, as pessoas são normais…”. Ela estava dizendo que no grupo pequeno as pessoas eram mais “humanas” e não “santarrões” e aceitavam umas as outras como gente normal. Gente pecadora, arrependida e perdoada, querendo crescer em santidade.
O anseio de Deus é que sua igreja seja uma comunidade terapêutica, onde os relacionamentos sejam profundos e sinceros, onde as pessoas possam fazer amizades verdadeiras e possam ser elas mesmas. Onde os relacionamentos saudáveis restauram e revigoram o ser humano. Esse tipo de comunidade atrai cada vez mais gente para o seu meio. É isso que Deus quer de mim e de você. Você pode começar a correr o risco de ser transparente (andar na luz), tendo comunhão com os seus irmãos e fazer da sua igreja uma verdadeira comunidade.

Luis Antonio Pereira é bacharel em teologia; pastor Batista; psicólogo clínico; professor na Faculdade Teológica Batista do Litoral nas cadeiras de ética, auto-compreensão, psicologia pastoral e aconselhamento; professor de Psicologia da Criança da APEC Baixada Santista; membro do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras cristãos.

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