Autor: Elinaldo Renovato de Lima
INTRODUÇÃO
Ser obreiro do Senhor é a tarefa mais gloriosa na face da Terra. Além dos galardões a que todo crente tem direito, é previsto um, específico para o obreiro: A coroa de glória (1 Pe 5.2-4). Por outro lado, é a tarefa mais pesada, mais incompreendida e a que exige mais responsabilidade diante de Deus. Ele precisa ser exemplo do rebanho (1 Pe 5.3), exemplo dos fiéis (1 Tm 4.12).
I – O OBREIRO: UM CONTRADITADO
Perante as pessoas, mesmo na igreja, é difícil ser obreiro. Certo artigo, de autoria desconhecida diz: “Se o pastor é ativo, é ambicioso; se é calmo, é preguiçoso; se o pastor é exigente, é intolerante. Se não exige, é displiscente. Se fica com os jovens, é imaturo. Se fica com os adultos, é atiquado. Se procura atualizar-se, é mundano. Se não se atualiza, é de mente fechada. Se prega muito, é prolixo, cansativo. Se prega pouco, é que não tem mensagem. Se se veste bem, é vaidoso. Se se veste mal, é relaxado. Se o pastor sorri, é irreverente. Se não sorri, é cara dura”. O que o pastor fizer, alguém pensa que faria melhor.
II – AS QUALIDADES DO OBREIRO E A FAMÍLIA
Na lista de nada menos de 16 qualificações que se exigem para um obreiro (Bispo, Pastor, Presbítero), conforme 1 Tm 3.1-7, temos destaque para o relacionamento familiar: “marido de uma mulher…que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia; porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?”. Nas qualificações previstas para o presbítero, temos igual referência(Tt 1.6). Se ponderarmos, veremos que há um peso muito forte das qualidades familiares no meio das listas de qualificações para ser obreiro.
III – O OBREIRO E O RELACIONAMENTO FAMILIAR
1. O OBREIRO COMO ESPOSO O ministério não dispensa o obreiro dos deveres de esposo. Como tal, ele deve agir da melhor maneira possível. Nenhuma outra atividade exige da família identificação com o trabalho do esposo como a atividade de obreiro.
Como o obreiro pode (e deve) comportar-se como esposo?
1) Amando a esposa. (Ef 5.25-29).
Isso exige demonstrações práticas de carinho, de afeto. (Pv 31.29; Ct 4.1; 1.16), através de palavras, gestos (cf. 1 Jo 3.18). Para muitos, as expressões “eu te amo”, “gosto de você” e outras são coisas do passado. Sem essas pequenas coisas, o casamento do obreiro torna-se azedo, sem graça, e pode abrir brecha para a ação do inimigo.
2)Comunicando-se com a esposa.
a) TEMPO PARA A ESPOSA. O obreiro precisa dar tempo para conversar com a esposa; ter diálogo com ela: saber ouvir (Tg 1.19; Pv 18.23).
b) Pensar antes de falar (Pv 21.23). Só falar a verdade (Ef 4.15,25).
c) Desenvolver a Comunicação Significativa. Evitar a comunicação rotineira. Não responder com raiva (Pv 14.29). Não dá silêncio como resposta: é pirraça; não é para crente. Evitar aborrecer(Pv 10.19).
d) Quando errar, PEDIR PERDÃO.(Tg 5.16). PERDOAR (Cl 3.13; 1 Pe 4.8). Não discutir em público. Não discutir diante dos filhos.
3) Zelando pela esposa (Ef 5.29)
Há obreiros que só querem zelo para si..
4) União com a esposa (1 Co 1.10)
5) Cuidar da parte sexual ( 1 Co 7.3,5).
É importante para o equilíbrio espiritual, emocional e físico do obreiro e sua esposa. Quando o casal não vive bem nessa parte, o diabo procura prejudicar o relacionamento, a fim de destruir o ministério e a família.
6) Honrando a esposa (1 Pe 3.7)
Há obreiros que se envergonham de suas esposas. Isso não é de Deus.
7) Compreendendo seu papel de líder no lar. (Ef 5.22; 1 Co 11.3)
É a liderança fundada no amor, “NO SENHOR”, e não no autoritarismo. Deve ser exemplo para os lares.
2. O OBREIRO E SEUS FILHOS
1) Vantagens de ser filho de obreiro:
Estão debaixo das bênçãos do ministério do pai. É preciso, no entando, que os pais ensinem que os filhos dos pastores não devem ter privilégios na igreja. Há jovens que se prevalecem da condição de filhos de pastor para cometerem abusos, irreverência. Por vezes, o pai “passa a mão por cima”. Isso é ruim.
2) Desvantagens de ser fiho de obreiro:
Dos filhos do obreiro se exige mais do que dos filhos dos outros; são muito olhados; parece que são mais tentados! Daí, a importância da atenção aos filhos.
3) Ataques do inimigo:
a) Comportamento dúbio do pai:
Na igreja é um santo; em casa, neurastênico, violento, sem amor. Isso destrói o lar. Exemplo da família do pastor que quis mudar-se para a igreja.
b) Escândalos na vida do obreiro:
Assassina a confiança dos filhos.
c) Escândalos na vida dos crentes:
Os filhos duvidam da fé, da igreja.
d) Ingratidão da igreja:
Tratamento injusto ao obreiro; mau salário; humilhações.
4) RELACIONAMENTO COM OS FILHOS:
Deve ser o que de todo pai cristão.(Ao lado da esposa).
a) Afeto. (Fp 2.1,2; Sl 2.12; Os 11.1a,4a);
b) Cuidados espirituais. (Dt 11.18-21; Ef 6.4). O culto doméstico é indispensável.
c)Cuidados gerais: Alimento, educação, saúde e demais necesidades.
d) Comunicação: É preciso dar tempo para conversar com os filhos. Não provocá-los à ira (Ef 6.4); não irritá-los (Cl 3.21). PEDIR PERDÃO, quando errar.
e) Disciplina (Hb 12.7; Pv 19.18). Ver Jr 31.20.
3. PRIORIDADES NA VIDA DO OBREIRO E A FAMÍLIA
O obreiro precisa ter visão correta das prioridades do seu ministério. É saber definir o que deve ser feito primeiro numa série de atitudes ou comportamentos. É uma questão de ordem nas coisas.
3.1. Visão equivocada. Normalmente, há muitos obreiros que colocam suas atenções na seguinte ordem:
1)DEUS, 2) IGREJA, 3) OBREIRO, 4) ESPOSA, 5) FILHOS.
Qual o equívoco nessa ordem de coisas? A Bíblia não diz “…em primeiro lugar o reino de Deus?”(Mt 6.33). É verdade. Mas é necessário entender o que deve em primeiro lugar, em segundo, etc., não em importância, mas na ordem das coisas.
O Pastor Paul Yong Cho, de Seul, na Coréia do Sul, teve uma experiência com Deus muito séria nesse assunto. Numa vida de viagens e campanhas evangelísticas, mal tinha tempo para conversar com a esposa. Quase desfaz o seu lar. Orou a Deus e o Senhor disse que ele estava errado e sua esposa estava certa, quando reclamava sua maneira de tratá-la: “Se perderes tua mulher, ninguém mais dará ouvidos ao que disseres. Podes construir uma grande igreja, mas se o teu lar se despedaçar, perderás o teu ministério…a igreja depende de tua vida familiar. Trarás mais desgraça ao ministério com teu divórcio do que todos os outros benefícios…ademais, todos os crentes estão olhando para teus filhos….teu ministério primário deve ser teus filhos. Eles devem ser os membros principais de tua igreja. Então, juntos, tu, tua esposa e teus filhos edificareis a igreja. CONSIDERA TUA ESPOSA COMO PARTE MUITO IMPORTANTE DO TEU MINISTÉRIO E ALIMENTA TEU RELACIONAMENTO COM ELA”. O Pr. Cho reformulou sua vida. Tirou UM DIA para estar só voltado para sua esposa (àquele tempo não tinha filhos). Passou a ORAR JUNTO COM ELA, planejar junto com ela. Os resultados, segundo ele, foram excelentes. O ministério progrediu mais ainda.
Deve ter acontecido o que S. Pedro recomenda em 1 Pe 3.7. 3.2.
Visão correta:
1) DEUS, 2) OBREIRO, 3) ESPOSA, 4) FILHOS, 5)IGREJA.
A igreja por último? Exatamente. Ela é MUITO IMPORTANTE. Para cuidar dela, é necessário:
Primeiro: buscar a Deus (Mt 6.33); Isso é indiscutível.
Segundo: cuidar da própria vida de obreiro(1 Tm 4.16) para ser exemplo (1 Tm 4.12b; Tg 2.12);
Terceiro: cuidar da esposa(1 Tm 3.2a; Tt 1.5,6a; 1 Tm 3.12); A falta desse cuidado tem dado brecha para o Diabo destruir muitos ministérios, outrora tão promissores.
Quarto: cuidar dos seus próprios filhos (antes de cuidar dos filhos dos outros)(1 Tm 3.4-5;5.8). É triste procurar ganhar os filhos dos outros e perder toda a família.
Quinto: CUIDAR DA IGREJA. Ela é o alvo mais importante. Sem as pré-condições, há muito insucesso. No Brasil, já se conhecem diversos casos de obreiros que perderam seu ministério de prestígio nacional e internacional por não entenderem esse assunto. Que Deus nos ajude a compreendê-lo bem e colocar em prática a orientação baseada na Bíblia.
CONCLUSÃO
Esperamos que Deus, o criador da Família, antes mesmo de criar a Igreja ou o Ministério, nos faça entender pelo Espírito Santo, o Professor Excelente, que Ele fez tudo a seu tempo (prioridade) e há tempo para todo o propósito debaixo do céu (oportunidade) e mais ainda que a família tem um importante lugar nas prioridades de Deus. Ela não pode nem deve ser negligenciada. É alto o preço a pagar por aqueles que, em nome da Obra ou da Igreja, não levam em conta o valor da esposa, dos filhos ou da família. Que Deus nos ajude a entender que o primeiro púlpito deve ser o do Culto Doméstico; que as primeiras almas que temos o dever de ganhar para Jesus são nossos queridos familiares.
ECXELENTE ESTUDO APRENDEMOS MUITO