Autor: Ciro Sanches Zibordi
“Que fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (I Coríntios 14:26)
Nunca o mundo esteve tão religioso, e as igrejas tão mundanas. Não se faz mais distinção entre shows e cultos de “adoração”. Em algumas reuniões, os jovens utilizam gritos característicos das torcidas de futebol, como “Ê-ô, ê-ô, Jesus Cristo é o Senhor!” ou “Eu já falei, vou repetir, é Jesus Cristo que comanda isso aqui!”, além de dançarem ao som de ritmos pra lá de vibrantes.
Há igrejas cujo púlpito é uma prancha de surf, freqüentadas por jovens que, nos “cultos”, vestem bermudas, calçam chinelos de dedo, além de exibirem tatuagens e piercing. Para arrecadar fundos extras, algumas denominações realizam festas similares às juninas, permitindo que seus membros dancem quadrilha no “arraiá evangélico”. E há até igrejas que promovem uma espécie de Halloween – dia das bruxas –, alterando o nome para Elohin!
O que é o evangelho do entretenimento?
O evangelho do entretenimento tem transformado os cultos de Deus em meros ajuntamentos para pular, gritar, dançar, assobiar, fazer “trenzinho”, cantar, cantar e cantar. Trata-se de um evangelho “sem limites”, que pode ser comparado ao “fermento” de Herodes (Marcos 8:15) – os herodianos eram liberalistas, modernistas, secularistas, irreverentes e contextualizadores.
Nos “cultos-shows” não há espaço para a exposição da Palavra de Deus. Em muitas dessas reuniões de “adoração extravagante” – expressão muito em voga na atualidade –, a pregação, quando ocorre, é uma rápida palestra motivacional, voltada para o bem-estar dos espectadores, e não uma exposição da sã doutrina. Tudo é feito a fim de agradar e entreter a “galera”.
Fico imaginando como Paulo reagiria, em seu tempo, se os crentes fossem aos cultos em busca de entretenimento. Ele, que sempre combateu a desordem, deu as seguintes instruções sobre a Ceia do Senhor: “…se algum tiver fome, coma em casa, para que não vos ajunteis para condenação” (I Coríntios 11:34). E, quanto aos dons espirituais, enfatizou: “…faça-se tudo decentemente e com ordem” (I Coríntios 14:40).
Muitos músicos, em nossos dias, orientados pelos propagadores desse falso evangelho – essencialmente comercial e também voltado para as preferências humanas –, imitam os intérpretes mundanos, secularizando cada vez mais a liturgia do culto. Mas Deus não mudou; a Sua Palavra é a verdade. E nela está escrito: “Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus…” (Eclesiastes 5:1).
Comecemos pela música
É impossível imaginar o mundo sem a música. Ela está presente em todos os lugares: rádio, televisão, cinema, discotecas, atividades políticas e cívicas, eventos sociais ou desportivos, comemorações, funerais, etc. A música, além de ser a linguagem universal da humanidade, é uma ciência e uma arte. Daí o salmista ter dito: “…tocai bem [técnica] e com júbilo [arte]” (Salmos 33:3).
O vocábulo latino musica vem do grego mousiké, “a arte das musas”. Na mitologia grega, há nove musas que patrocinam as ciências e as artes. Calíope (poesia épica), Clio (história), Euterpe (música), Melpômene (tragédia), Tália (comédia), Urânia (astronomia), Érato (poesia amorosa), Terpsícore (dança) e Polímnia (hinos).
Segundo o dicionário da língua portuguesa, a música é a arte e a técnica de combinar sons de maneira agradável ao ouvido. Agradável, não em relação ao gosto musical, mas no que diz respeito aos bons efeitos que ela deve causar ao ouvido humano. Para isso, a música precisa ser composta de emissões vibratórias com freqüências bem definidas, que podem ser capturadas pelas limitações fisiológicas do ouvido.
Para o seguidor de Cristo, a música é muito mais que uma ciência, uma arte ou forma de expressão. É um meio pelo qual se adora ao Senhor, seja através dos cânticos, seja mediante a execução de instrumentos (Salmos 150). Como servos de Deus, devemos cantar ao Senhor um cântico novo e adorá-Lo na beleza de Sua santidade (Salmos 96:1,9).
Acredite se quiser!
Estilos musicais como o rock exigem um elevado volume de som. E o nosso ouvido não suporta altos níveis de ruído. Como a intensidade de som – medida em decibéis – aumenta de forma logarítmica, e não aritmética, um simples aumento de três decibéis implica em dobrar a intensidade do som. Como comparativo, um aspirador de pó chega a produzir oitenta decibéis; já uma turbina de avião, 120.
Já se constatou, por meio de estudos científicos, que o ouvido humano pode suportar, sem prejuízo auditivo, as seguintes taxas: a 111 decibéis, quase quatro minutos; a 120, cerca de 28 segundos; a 129, quase quatro segundos; e q 138 decibéis, o ouvido suportaria menos da metade de um segundo! Não é por acaso que há várias pessoas com deficiência auditiva.
Em algumas cidades brasileiras, as reclamações a respeito do barulho nas igrejas são tantas, que levaram as prefeituras a obrigar as instituições e espaços destinados a cultos religiosos a ter dispositivos de proteção acústica (bloqueadores de ruídos), prometendo multar, cassar a licença, retirar equipamentos sonoros ou até fechar os estabelecimentos em que o barulho ultrapasse os limites para cada zona e horário. Devemos encarar isso como uma perseguição aos evangélicos?
Alguns estilos são hipnóticos – isso em razão da pouca variação rítmica e da repetição de palavras, que criam um estado emocional tal que a mente deixa de funcionar normalmente. Há experiências sérias sobre hipnose e ritmo que comprovam o quanto certos estilos podem destruir o mecanismo inibitório normal do córtex cerebral, permitindo fácil aceitação da imoralidade, bem como o desrespeito de normas morais. 2
A guitarra rítmica, quando distorcida, confere carga emocional e agressividade à música. A guitarra solo, ao acentuar os sons graves e reforçar os agudos, prolongando-os, gera suspense, tensão e expressividade adequados para levar os ouvintes ao delírio. E a bateria, quando tocada de modo exagerado, tira o ouvinte a capacidade de raciocinar normalmente. Acredite se quiser!
Salmos, hinos e cânticos espirituais
Em Colossenses 3:16, está escrito: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração”.
Salmos – eram os mesmos contidos no Antigo Testamento, transformados em hinos de adoração.
Hinos – eram as composições de louvor a Deus e ao Senhor Jesus Cristo cujas letras não tinham sido extraídas do livro de Salmos.
Cânticos espirituais – englobavam uma gama maior de composições líricas, inclusive os outros dois tipos mencionados. Considerando que cântico é o encontro entre a voz, a música e a letra, quando esses três elementos são consagrados a Deus e aceitos por Ele, temos um cântico espiritual.
Para termos a certeza de que o Senhor se agrada de um cântico (voz, música e letra), devemos submetê-lo ao crivo de Filipenses 4:8. É verdadeiro? É honesto? É justo? É puro? É amável? É de boa fama? Há nele alguma virtude e algum louvor? Tudo o que fazemos deve ser para a glória de Deus (I Coríntios 10:31).
É boa a fama do rock? Desde a sua origem, esses estilo está relacionado com imoralidade e drogas, ocultismo, drogas, e violência. Basta lembrarmo-nos do slogan “Sexo drogas e rock and roll”. E o que dizer dos estilos como funk, reggae, axé, hip-hop, samba e forró? Procure conhecer um pouco da história desses estilos antes de pensar que sou extremista.
Melodia, harmonia e ritmo, nessa ordem!
Existem três maneiras de se ouvir música:
Com o corpo – quem ouve com o corpo se deixa dominar pelo “embalo” da música.
Com a emoção – quem ouve emotivamente permite que a música comande os seus sentimentos e emoções.
Com o intelecto – essa é a forma correta de se ouvir, sabendo discernir a música. E isso só é possível quando não se prioriza o ritmo. O culto a Deus deve ser espiritual e, ao mesmo tempo, racional (João 4:24; Romanos 12:1; I Coríntios 14:15).
Muitos crentes cantam e tocam sem louvar ao Senhor, como acontecia nos dias do profeta Isaías (29:13). As palavras de louvor devem nascer em um coração preparado (Salmos 57:7), mas somente as letras cristãs e bíblicas não são suficientes para tornar um cântico apropriado para o louvor. Lembre-se de que o cântico só é espiritual quando todos os seus elementos (voz, letra e música) o são.
A música é formada por três elementos:
Melodia – sucessão ascendente e descendente de sons a intervalos e alturas variáveis, formando um fraseado; é adornada pela harmonia e acentuada pelo ritmo, embora possa ser compreendida isoladamente.
Harmonia – combinação de sons simultâneos, emitidos no mesmo instante, tendo como base a tonalidade; e como princípio gerador a estrutura do acorde.
Ritmo – Sucessão regular de tempos fortes e fracos cuja função é estruturar uma obra musical.
Esses três elementos, intrínsecos na música, se relacionam com o homem, que também é tripartido: espírito, alma e corpo. Nesse caso, o elemento mais importante da música, a melodia, relaciona-se com a parte mais profunda do ser humano, o seu espírito. E assim por diante.
Assim, o estilo musical apropriado para o cântico de adoração é o que tem como essência a melodia, pois é ela que se relaciona com o espírito (João 4:23,24). Há estilos carregados de agressividade e barulho, que apenas balançam o corpo, e não o coração, porque são rítmicos ao extremo; isto é, priorizam o ritmo, e não a melodia.
Melodia – relaciona-se com o espírito.
Harmonia – relaciona-se com a alma.
Ritmo – relaciona-se com o corpo.
Infelizmente, é uma tendência do ser humano inverter as prioridades. De acordo com I Tessalonicenses 5:23, Deus nos santifica a partir do espírito. Mas muitos ignoram isso e, como se o versículo dissesse: “corpo, alma e espírito”, priorizam o corpo. Meditemos no que Paulo, inspirado pelo Espírito, disse aos gálatas: “Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” (Gálatas 3:3).
Música profana na Casa de Deus?
Conquanto a música, uma das primeiras artes da civilização, seja atribuída a Jubal, filho de Lameque (Gênesis 4:21), ela teve origem no Criador (Jó 38:7). Os seres angelicais ocupam-se da adoração a Deus por meio da música (Lucas 2:13,14; Apocalipse 5:7-14). Na terra, o cântico com música sacra é uma das tarefas mais sublimes dos servos do Senhor (Salmos 149:1). E o louvor continuará sendo executado por toda a eternidade: “… o seu louvor permanece para sempre” (Salmos 111:10).
Entretanto, nesses últimos dias, até a música secular está corrompida. Estilos românticos, sentimentais, artistas e folclóricos dão lugar a agressivos, frenéticos, lascivos e erotizantes, como o funk dos morros cariocas até o axé baiano. Essa deturpação diabólica, infelizmente, atinge as igrejas. E a música sacra vem sendo submetida a uma dessacralização – isso é uma forma de apostasia da fé (I Timóteo 4:1).
Dessacralização é o ato ou o efeito de subtrair o caráter sagrado. É sinônimo de profanação (II Timóteo 3:2; Hebreus 12:6). No caso da música sacra, é desprovê-la dos elementos relacionados com o louvor a Deus, tornando-a vulgar, secular, mundana, como qualquer outra, chamando a atenção para os músicos e cantores, e não para Jesus, o único digno de louvor (Salmos 48:1). Lembre-se de que o Senhor habita entre louvores, e não entre os cantores e músicos (Salmos 22:3).
Embora Deus seja o autor da musica, isso não significa que todos os estilos musicais sejam dEle. A música é como o alfabeto. Por meio dele escrevem-se – com as mesmas letras – mensagens boas ou ruins; cristãs ou satânicas. Da mesma forma, compõe-se, com as mesmas notas, músicas próprias para o louvor ou impróprias; sacras ou profanas.
Joanyr de Oliveira, com muita criatividade, abordou essa questão da dessacralização da música:
A casa de Deus, Música Profana, não lhe pertence, não é o seu lugar. Seu lugar é nos palcos, nos auditórios de emissoras, nos vídeos, mas nunca e nunca nos templos onde se devem ouvir os límpidos cânticos espirituais e harmonias solenes e inspiradoras ao louvor de Deus, “na beleza da sua santidade”…
Por enquanto ainda somos compelidos (e constrangidos) a lhe dirigir parabéns pelos seus extraordinários triunfos, Música Profana. Mas Deus há de permitir que, em futuro próximo, possamos dizer em alto e bom som: A Igreja do Senhor venceu a Música Profana, que retornou aos salões de baile e aos auditórios seculares, de onde nunca deveria ter saído. 3
Vale tudo?
Uma das desculpas para se usar músicas “pesadas” é a de que elas atraem a juventude. De fato, a música é uma ferramenta poderosa para a comunicação do evangelho (Salmos 105:2; I Pedro 2:9). Todavia, ao se empregar estilos como rock, funk, reggae, forró, etc., a mensagem é comunicada da forma como as pessoas querem ouvi-la, e não da maneira como precisam ouvi-la. Lembre-se de que Jesus disse: “…negue-se a si mesmo” (Lucas 9:23).
Se, por um lado, as músicas “pesadas” atraem, por outro, devido às suas características, impedem que a mensagem chegue clara aos ouvidos das pessoas. John Blanchard, ao falar sobre o poder hipnótico do rock, disse:
Qualquer meio de apresentação que induza à perda do autocontrole ou consciência e torne o ouvinte incomumente susceptível a quaisquer sugestões feitas pela letra da música é certamente perigosa, e acabará por estimular uma resposta, em vez daquilo que Deus requer, que O adoremos “em espírito e em verdade” (João 4:24). 4
Muitos jovens podem até ir à frente de um palanque ou seguir a carros de som, por causa dos estilos musicais e das danças ali apresentadas. No entanto, conforme se infere de I Coríntios 14:26, o louvor (salmo) deve servir de preparação para a exposição da Palavra de Deus (doutrina).
Os defensores do evangelho do entretenimento afirmam que o mundo mudou, e as pregações modernas devem se adaptar às mudanças que vêm ocorrendo. O suposto embasamento para isso está em I Coríntios 9:22: “Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar a alguns”.
Não podemos, entretanto, interpretar essa frase de Paulo de forma exagerada, valendo-nos dela para justificar toda e qualquer atitude. O próprio apóstolo não se faz judaizante para ganhá-los; antes, reprovou a atitude de Pedro, que agira de forma “política” em relação a eles (Gálatas 2:14). Todas as coisas nos são lícitas, mas nem todas convêm (I Coríntios 6:12).
É preciso pular dentro de um barco para tirar alguém de lá? Ora, para ganhar os apreciadores de funk não é necessário agir como eles. Para alcançar os sambistas, não é preciso sambar no carnaval. Não é a identificação com o mundo que convence os pecadores, e sim a ação do Espírito (João 16:8). Quando nos associamos ao mundo, perdemos nossa identidade de povo separado (II Coríntios 6:14-17). Devemos ser sociáveis, e não complacentes ou coniventes com o pecado (Salmos 1:1).
Não devemos nos isolar das pessoas, dando a entender que somos perfeitos em absoluto (Filipenses 2:15). Isso, inclusive as irrita. No entanto, quando o mundo dá um passo em nossa direção, e nós o abraçamos, aceitando passivamente os seus entretenimentos, como poderemos mudar a sociedade? Uma igreja que faz as pazes com o mundo não consegue mudá-lo.
Por isso, os salvos em Cristo devem ter um diferencial, a fim de que haja o contraste entre a luz e as trevas (Mateus 5:14-16). Por que Jesus reprovou a igreja de Laodicéia? Porque não era nem fria nem quente (Apocalipse 3:15,16); isto é, não exercia nenhuma influência sobre a sociedade. O você, é um crente frio, quente ou morno?
Ah… Deus não gosta de shows?
Os shows se caracterizam por som alto e dançante, luzes coloridas, gelo seco, roupas extravagantes ou sensuais, paquera, linguagem chula, dança e muita diversão. Por incrível que pareça, há cultos ditos evangélicos em que toda essa parafernália está presente! Torna-se cada vez mais comum o emprego de elementos característicos dos shows em cultos “evangélicos”.
Em um artigo intitulado Show não é culto, o pastor Martim Alves da Silva, da Assembléia de Deus em Mossoró, Rio Grande do Norte, afirmou:
No culto, a pessoa mais importante é Deus; no show, é o artista. No culto a Deus ninguém paga, no show a entrada é mediante pagamento. No culto, Deus está presente; no show, Deus se faz ausente, pois Sua glória não dá a outrem. No culto, o ministro de Deus soleniza as celebrações; no show o apresentador é condescendente à desenfreada desordem. No culto, o povo glorifica a Deus; no show, só gritos e assobios para o artista. No culto, o povo reverencia a Deus em adoração; no show, só há bagunça incontrolável. 5
Como deve ser o verdadeiro culto a Deus? Deve caracterizar-se pelos elementos apresentados em I Coríntios 14:26: “Que fareis, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”. Não está escrito: salmo, salmo, salmo, salmo e salmo! Está escrito: salmo (cântico), doutrina (Palavra de Deus), revelação, língua e interpretação (Dons do Espírito).
Nos dias do rei Ezequias, houve um grande reavivamento na área do louvor (II Crônicas 29). Ele começou a reinar em Judá aos 25 anos e fez o que era reto aos olhos do Senhor: abriu as portas da Casa de Deus, ajuntou os sacerdotes e levitas, ordenou que todos se santificassem, celebrou a páscoa, etc. (versos 2-20).
O louvor a Deus, naqueles dias, possuía as seguintes características:
Deus no controle. O louvor e a música davam-se por mandado do Senhor, e não por iniciativa humana (verso 25).
Ordem. Tudo era feito com ordem e decência (verso 26).
Submissão. Os músicos e cantores obedeciam ao líder (verso 27).
Preparação. Todos estavam preparados para o louvor (verso 27).
Reverência. Havia muita reverência, prostração e adoração profunda no momento de louvar a Deus (versos 28-30).
Renovação. Não havia espaço para más inovações e as imitações do mundo. Todos louvavam a Deus com as palavras de Davi e de Asafe, recuperando o que haviam perdido ao se distanciarem do Senhor (verso 30). Ao contrário do que muitos pensam, renovação implica reconquistar o que foi perdido, e não buscar inovações contrárias ao que havíamos recebido (Lamentações 5:21; Provérbios 24:21; Jeremias 6:16).
Alegria. Muita alegria (verso 30). Não era uma alegria carnal, com liberdade de movimentos corporais; todos estavam inclinados, prostrados diante de Deus.
Tenhamos, pois, temor e tremor na Casa do Senhor (Salmos 2:11). Deus quer de nós o “culto do coração”, e não o “culto da carne em ação” (Isaías 29:13). O templo não é um lugar para desfiles de celebridades, danças, “trenzinhos”, luzes coloridas, som “pesado”, assobios, etc. Não se precipite em pensar que estou sugerindo que os nossos cultos sejam reuniões sem vida, similares às missas. Não! Porém, precisamos ter reverência na Casa de Deus (Mateus 21:1-13).
Adoração extravagante?
Segundo o Dicionário Michaelis, “extravagância” significa: “Qualidade daquele ou daquilo que é extravagante; excentricidade; esquisitice; estroinice; dissipação; libertinagem”. Mas o adjetivo “extravagante” tem sido usado para definir aquela “adoração espiritual” sem amarras, livre, que permite todos os estilos musicais, danças, coreografias, gritos frenéticos, assobios, etc., desde que o coração dos cantores, músicos e dançarinos estejam voltados para Deus.
De acordo com Robert L. Brandt, a palavra “adoração” denota “reverência”, “temor ao Senhor” e “veneração”. Trata-se de uma demonstração de grande amor, devoção e respeito; implica homenagem a Deus. 6 A adoração estabelece o tom para o louvor, fazendo aquele que está cantando fixar o pensamento na Pessoa a quem se dirige e considerar os seus atributos e interesses.
Há como “casar” adoração e extravagância? É claro que essa expressão, em decorrência da secularização de muitas igrejas, é mais do que aceita no meio evangélico. Contudo, gostaria que você refletisse um pouco sobre a grande incompatibilidade que há entre esses dois elementos.
Não julgo se os executores da tal “adoração extravagante” são ou não crentes espirituais. Tampouco os julgo quanto à sua convicção interior. Mas é bom lembrar que os homens-bomba, seguidores do Islã, também matam e matam-se cheios de certeza. Por isso, precisamos refletir com base no que a Bíblia diz, e não à luz de nossas preferências ou convicções pessoais.
Alguns pretensos ministros de louvor – ou de entretenimento? –, tal como os animadores de um carnaval, em cima de trios elétricos, têm divertido a “moçada”. Uma influente líder de adoração declarou à revista Veja: “Nós não fazemos entretenimento. Queremos que as pessoas se divirtam, mas louvando ao Senhor, e não a nós”. 7 Confesso que admiro em parte o trabalho dessa jovem compositora, porém a sua declaração foi infeliz. O louvor a Deus nunca deveria produzir diversão!
De acordo com a Bíblia, toda gritaria deve ser tirada do nosso meio (Efésios 4:31), exceto as palavras de glorificação a Deus (Salmos 29:9). Jesus disse que a verdadeira adoração deve ser “em espírito” (João 4:23,24). Ou seja, ela não é, em essência, uma manifestação do corpo, e sim do coração (Salmos 57:7; Efésios 5:19; Colossenses 3:16). O que agrada a Deus, antes de tudo, é o espírito quebrantado, e não as manifestações sonoras ou gestuais (Amós 5:23; Isaías 29:13).
Se a adoração não é uma manifestação exterior, e sim do interior, como associá-la à liberdade de movimentos do corpo? A posição corporal que denota submissão e adoração a Deus, em espírito, não deve ser extravagante, e sim reverente. “E Esdras louvou ao Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém, Amém! levantando as suas mãos; e inclinaram suas cabeças, e adoraram ao Senhor, com os rostos em terra” (Neemias 8:6).
Que tal substituir “adoração extravagante” por “adoração reverente”?
Dançar ou não dançar? Eis a questão!
As danças (não apenas a coreografia, que também é uma forma de dança) já fazem parte da liturgia de muitas igrejas. Para alguns pastores e ministros de louvor o culto a Deus não seria completo sem essas manifestações corporais. “Os mandamentos de Salmos 149:3 e 150:4“, justificam, “são mais do que claros. Além disso, Miriã e Davi dançaram”.
Devemos analisar as referências acima com cuidado, à luz do contexto do Antigo Testamento, levando em conta os destinatários originais, os israelitas: “Alegre-se Israel naquele que o fez, regozijem-se os filhos de Sião no seu Rei” (Salmos 149:2). Além disso, o termo hebraico empregado em ambas as passagens foi traduzido por “flauta”, em algumas versões da Bíblia. Não há, pois, nessas passagens, apoio à introdução de danças no culto a Deus.
A dança, para os israelitas, sempre esteve associada à alegria, figurando como o contrário de pranto (Eclesiastes 3:4; Lamentações 5:15). Quando o povo de Israel atravessou milagrosamente pelo meio do Mar Vermelho, a alegria da profetisa Miriã foi tão grande, que tomou um tamborim e pôs-se a dançar (Êxodo 15:20). A filha de Jefté, sabendo da vitória que Deus concedera a seu pai, recebeu-o com adufes e danças (Juízes 11:34). E Davi ficou tão alegre com o retorno a arca do Senhor, que também dançou (II Samuel 6:14).
Em Salmos 9:2, está escrito: “Em ti me alegrarei e saltarei de prazer, cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo”. Este versículo mostra que podemos, em momentos de extrema alegria, saltar de prazer na presença de Deus. Mas a “adoração” que temos visto em nossos dias não tem nada de espiritual. Os jovens agem como se estivessem em um baile mundano, sem nenhuma reverência.
Miriã, Davi e outros dançaram e saltaram num momento de extrema alegria, de felicidade incontrolável. É plenamente compreensível o fato de uma pessoa dançar (do grego orcheõ, “saltar com regularidade de movimento”) 8 de felicidade, como aconteceu com o ex-coxo que ficava à entrada do Templo, em Jerusalém (Atos 3:8). Entretanto, movimentar-se num momento de grande alegria não equivale, em hipótese alguma, a dançar sob ritmos eletrizantes.
“E o ministério da dança?” – alguém poderá perguntar.
Ministério da dança?
Em todo o Antigo Testamento, não há menção à dança acompanhada de música dentro do Templo. Até mesmo Davi, que teve a iniciativa de dançar ao recuperar a arca do Senhor (II Samuel 6:16), em nenhum momento incentivou esta prática. Ele e Asafe organizaram o ministério do louvor com músicos e cantores (I Crônicas 25:1-7).
Se Davi e Asafe – considerados os principais artífices da organização primitiva da música cultual – acreditassem que a dança, de fato, era importante no culto, teriam estabelecido cantores, músicos, dançarinos e coreógrafos…
Ao falar da adoração, Jesus apenas disse: “Deus é Espírito, e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade” (João 4:24). Paulo falou do dever universal de louvar a Deus nos seguintes teremos: “Louvai ao Senhor, todos os gentios, e celebrai-o, todos os povos” (Romanos 15:11). O autor de Hebreus, ao mencionar o sacrifício de louvor, nada falou sobre dança (Hebreus 13:15). E Tiago se limitou a dizer que, quando nos sentirmos alegres, devemos cantar louvores (Tiago 5:13).
João, que contemplou um pouco da adoração celestial, não viu nenhuma forma de louvo com dança (cf. Apocalipse 4 e 5), a menos que alguém queira entender como uma coreografia a movimentação reverente dos 24 anciãos que se prostraram diante do Senhor, dizendo: “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque Tu criaste todas as coisas, e por Tua vontade são e foram criadas” (Apocalipse 4:11).
Ns páginas do Novo Testamento, os Evangelhos mencionam a dança da filha de Herodias perante o perverso Herodes (Mateus 14:6; Marcos 6:22) e as analogias de Jesus em que as danças simbolizam alegria (Mateus 11:17; Lucas 15:25). Essas ocorrências também não servem de base para se introduzir qualquer tipo de dança na Casa do Senhor.
Como tem sido a sua atitude em relação à dança? Você se aproveita de passagens interpretadas fora de contexto para “curtir” todos os estilos musicais e dançar, inclusive dentro da Casa de Deus, sem peso na consciência? O que vale é o que você pensa e a sua vontade de dançar? Não se importa em fazer isso? Receio que você não esteja em conformidade com a vontade de Deus. E isso não é nada bom. Ou você não se preocupa com isso?
É proibido proibir
O evangelho do entretenimento não se restringe a música profana e shows – estes são apenas reflexo da falta de compromisso com a sã doutrina. Também não existe nenhuma restrição ou orientação pastoral aos seguidores desse evangelho quanto à linguagem, ao traje e ao comportamento. É proibido proibir. Chamam as proibições constantes da Bíblia de legalismo fanatismo, etc.
Há alguns anos, uma influente líder evangélica, em uma entrevista a um jornal de São Paulo, disse o que pensava sobre os jovens manterem relações sexuais antes do casamento: “Casei virgem e sou feliz. Biblicamente, é o que Deus ensina. Não vou dizer que sou contra, mas é meu conselho”. Não é difícil perceber que essa declaração foi dúbia e infeliz – sugere, de modo sutil, contrariando as Escrituras, que um casal pode relacionar-se sexualmente antes do casamento (I Coríntios 7:8,9; 6:18-20).
Essa conhecida líder cristã explicou ao jornal o motivo de ter resolvido fundar uma nova igreja: “Entrou um pastor muito doido…”, referindo-se ao dirigente da igreja que freqüentava; “…a gente saiu para curtir esse Deus do nosso jeito”. Observe como ela definiu com precisão o que é o evangelho do entretenimento; trata-se de um sistema de crença que se amolda aos desejos humanos: “curtir Deus do nosso jeito”.
Em Gálatas 5:1, está escrito: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão”. Os crentes que seguem o evangelho do entretenimento invertem a tônica dessa passagem, interpretando-a como uma autorização para agirem livremente. Em vez de autorizar a adoção de costumes mundanos, que outrora praticávamos, a Palavra de Deus enfatiza que não podemos voltar a eles. Somos livres, não para pecar, mas para servir a Deus.
O crente pode agir com liberdade, porém não deve se esquecer de que o seu limite está na Bíblia (I Coríntios 6:12; 10:23; I Tessalonicenses 5:22; Tito 2:8; I Timóteo 2:9,10). Por isso, Paulo, inspirado por Deus, disse: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pela caridade” (Gálatas 5:13).
Verdade ou quantidade?
Medindo o sucesso apenas pela quantidade de membros, algumas igrejas deixaram de pregar o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo. Contentam-se em manter as pessoas, principalmente os jovens, como membros, mesmo que eles não sejam fiéis à sã doutrina. E, para isso, valem-se do entretenimento.
Os pecadores estão se afogando no mar do pecado. O que é a igreja de Cristo, um barco cheio de diversão e entretenimento, ou um navio cheio de salva-vidas? Precisamos nos conscientizar de que a missão é fazer discípulos (Mateus 28:19, ARA), e não apenas conquistar o maior número possível de seguidores nominais (Mateus 7:13,14).
Embora desejemos que os templos estejam cheios de pessoas, a busca pela quantidade, sem o compromisso com as Escrituras, é perigosa, como vemos nas citações abaixo, extraídas de um livreto que discorre sobre as estratégias para a realização de reuniões “evangelísticas”, segundo o evangelho do entretenimento:
… há muita adrenalina, unção, vibração, entusiasmo, gente bonita, amizades sinceras, guerra espiritual, entretenimentos, colheitas fartas, influência positiva, mudança de valores, quebra de paradigmas, coreografias, pulos de alegria, saltos de júbilo, louvor e adoração, teatro, estratégias tremendas de evangelismo…
Nada de longas e cansativas orações…
Precisamos adaptar as mensagens bíblicas às necessidades comuns do homem de hoje! Faz-se necessário contextualizar o ensino das Sagradas Escrituras à realidade existencial da juventude e da maturidade destes tempos…
O que um sermão levaria 45 minutos ou uma hora para conseguir fazer, quando consegue, uma canção muitas vezes transmite num único compasso ou acorde, eliminando em pouco espaço de tempo as barreiras…
Percebemos nas declarações acima graves desvios em relação aos princípios da Palavra de Deus. Os cultos são considerados reuniões de entretenimento em que tudo é permitido! Não há compromisso com a ética, e a oração é vista como “um peso”. As pregações são “contextualizadas”, a fim de agradar aos ouvintes. Ademais, fica clara a falta de interesse pela exposição da Palavra, uma vez que um acorde musical pode ser tão eficaz quanto uma mensagem de 45 minutos!
Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade?
Um dos atrativos para “segurar” a juventude é exatamente deixar de pregar a verdade, uma vez que esta afasta aqueles que não querem segui-la (João 6:60-69; Lucas 9:23). A palavra de ordem é “facilitar”. Contudo, de acordo com Mateus 7:13,14, não adianta alargar a porta. O caminho permanecerá estreito!
Isso nos remete ao que as Escrituras dizem em II Timóteo 4:3 (ARA): “… haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos”. Por isso, Jesus, em seu ministério terreno, mais pregou do que cantou. É por meio da exposição da Palavra que recebemos iluminação, entendimento e fé (Salmos 119:130; Romanos 10:17), e não pela música.
Não nos deslumbremos com o caminho das facilidades (Mateus 7:13,14). Fujamos da secularização. Não sejamos insensatos como os gálatas, aos quais Paulo dirigiu uma difícil pergunta: “Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado?” (Gálatas 3:1).
Seguidores ou fãs?
Não devemos confundir salvação com reintegração social. Não é preciso nem falar de Jesus para integrar jovens à sociedade, tirando-os do submundo das drogas. Algumas organizações não governamentais conseguem isso por meio da música, do esporte, etc. Mas, e o novo nascimento, sem o qual ninguém entrará no céu?
Madre Tereza de Calcutá tem sido elogiada e honrada até por líderes evangélicos em todo o mundo. E ela merece ser honrada por seu denodado serviço ao povo de Calcutá. Não obstante, ela não pregou o verdadeiro evangelho de Cristo às almas perdidas! Aliás, ela sequer o conhecia! Da mesma forma, Cornélio, apesar de piedoso, temente a Deus, altruísta e um homem de oração, não era salvo (Atos 10:1,2).
Salvação é muito mais que fazer parte de uma denominação “contextualizada”! Participar de “marchas”, divertir-se à vontade com a “moçada” e usar camisetas com frases do tipo “Estou apaixonado” não garantem a salvação a ninguém! Não tenho nada contra a exibição de mensagens em camisetas, mas ser salvo é muito mais do que isso! É necessário nascer de novo, por obra do Espírito Santo (João 3:3; Tito 3:5,6), e renunciar-se a si mesmo, para seguir a Cristo (Lucas 9:23). Você está disposto a isso? Ou prefere ser apenas um fã de Jesus?
Aliás, de uns tempos para cá, ornou-se uma mania dizer e cantar: “Estou apaixonado por Jesus”. É claro que tal expressão é empregada com o intuito de demonstrar amor ou adoração a Jesus. Entretanto, adoração é muito mais do que paixão!
A paixão é irracional, ao contrário do nosso culto de adoração a Deus (Romanos 12:1).
A paixão é passageira e não leva em conta princípios; a adoração deve ser perene e verdadeira (João 4:24).
A paixão é apenas um sentimento que não passa da alma; a adoração envolve a parte mais profunda do ser humano: o seu espírito (Lucas 1:46,47; Salmos 57:7).
A paixão é um sacrifício que pode ou não ser correspondido; a adoração – verdadeira – nunca fica sem uma resposta da parte do Senhor (II Crônicas 7:14,15).
A paixão muda de objeto; ou seja, é possível se apaixonar por um e por outro, etc. Mas a adoração deve ser exclusivista: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele servirás…” (Mateus 4:10).
Na contramão
Antigamente, era comum ouvirmos pregações advertindo os crentes quanto aos desvios comportamentais apresentados no cinema e em programas de televisão. Pregava-se contra o álcool, o tabaco, os desvios morais e éticos, etc. Havia, ainda que de modo superficial, uma tentativa de separar a igreja do mundo. Hoje, muitos preferem andar de mãos dadas com o mundo.
No ano de lançamento desta obra, o grande avivamento da Rua Azuza, em Los Angeles (EUA), completa cem anos. Li um relato do pastor Frank Bartleman (1871-1936), um dos pioneiros daquele movimento, que me fez refletir sobre a atual realidade da igreja brasileira:
A “arca do Senhor” começou a se mover vagarosamente, mas com firmeza em Azuza. No princípio era carregada nos ombros dos sacerdotes indicados por Ele mesmo. Não tínhamos nenhuma “carroça nova” naqueles dias para agradar as multidões mistas e carnais. Tínhamos de combater contra satanás, mas a “arca” não era puxada por bois (bestas ignorantes). Os sacerdotes estavam “vivos para Deus”, através de muita preparação e oração.”
Os genuínos avivamentos não agradam asa “multidões mistas e carnais”. Não se deixe, pois, influenciar pela maioria. Prefira ser guiado pela Palavra de Deus, ainda que o tenham como persona non grata. Não foi o que aconteceu com Micaías, Jeremias, Ezequiel, João Batista, Jesus, Estevão e Paulo, e acontece com todos aqueles que não aceitam o abandono das verdades da palavra de Deus?
Imagine-se em uma estrada em que todos os veículos estão trafegando na contramão. O que acontecerá se você resolver trafegar na mão certa? Além de ficar com a impressão de que está na direção errada, todos os que de fato estão na contramão pensarão que estão certos! Essa é a estratégia do Adversário!
As igrejas se secularizam; e o mundo torna-se religioso. Não havendo diferença entre um e outro, qualquer que protestar contra o erro, ficará isolado! Mas, onde está o nosso diferencial? Somos a luz do mundo, ou a nossa luz se apagou? Como está a sua lâmpada? Ela ainda brilha nesse mundo tenebroso?
Arão ou Moisés?
Muitos líderes não entrarão no Reino de Deus porque não querem fazer a vontade do Pai (Mateus 7:21). E quem não faz a vontade do Senhor, restam-lhe apenas três alternativas: fazer a sua própria vontade, a do povo, ou a do Diabo. Não faça a vontade do povo! Não seja como Arão, que, diante da pressão dos que queriam um “culto diferente”, fez-lhes um bezerro de ouro (Êxodo 32:1-4).
Moisés, então, que fazia a vontade de Deus, tomou uma atitude: “E aconteceu que, chegando ele ao arraial e vendo o bezerro e as danças, acendeu-se o furor de Moisés, e arremessou as tábuas das suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte, e tomou o bezerro que tinham feito, e queimou-o no fogo, moendo-o até que se tornou em pó; e o espargiu sobre as águas e deu-o a beber aos filhos de Israel” (Êxodo 32:19,20). Que Deus levante obreiros assim, zelosos, em nossos dias!
Lembre-se, pois, de que o mundo jaz no Maligno (I João 5:19, ARA), e que a amizade com ele é inimizade contra Deus (Tiago 4:4). Não faça como Demas que amou o presente século, isto é, o mundo (II Timóteo 4:10). E, como disse Paulo, que jamais pregaria esse evangelho do entretenimento, “… não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2).
Qual é o seu referencial de liderança, Paulo ou Demas? Arão ou Moisés? Você é amigo do mundo ou do Senhor?
Espero que você não tenha ficado triste comigo, em razão da contundência com que tenho contestado esse evangelho do entretenimento. Afinal, como disse o imitador de Cristo:; “… persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo” (Gálatas 1:10).
Bibliografia
1. BLANCHARD, John, Rock in Igreja?!, Editora Fiel, p. 21.
2. MUGGIATI, Roberto, Rock, o Grito e o Mito, Editora Vozes, p. 122.
3. OLIVEIRA, Joanyr de, A Igreja que Desejamos, Editora Vida, pp. 36, 37.
4. BLANCHARD, John, Rock in Igreja?!, Editora Fiel, p. 17.
5. Jornal Mensageiro da Paz, número 1455, agosto de 2006
6. BRANDT, Robert L., BICKET, Zenas J., Teologia Bíblica da Oração, CPAD, p. 22.
7. Revista Veja, edição 1964 de 12 de junho de 2006.
8. Dicionário Vine, CPAD, p. 529.
9. Manual do Obreiro, número 35, CPAD, p. 15.
Ciro Sanches Zibordi é pastor na Assembléia de Deus em Cordovil, Rio de Janeiro e articulista. Autor dos livros “Perguntas Intrigantes que os Jovens Costumam Fazer“, “Adolescentes S/A“, “Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria“, “Erros que os Pregadores Devem Evitar” e “Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar”, todos editados pela CPAD.
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