Autor: Autor Desconhecido
Era uma vez dois amigos que foram criados juntos. Com o passar do tempo foram se distanciando, como acontece com todos os amigos ao saírem para a vida.
O primeiro conseguiu descobrir o prazer em aprender. Assim, investia boa parte do seu tempo nessa atividade. Nos estudos e em tudo que fazia se determinava a aprender. Fixava-se em seu propósito, fazendo primeiro o que era preciso e depois o que queria.
O segundo resolveu que não era preciso dedicar-se com tanto cuidado. Passava na escola, mas estudava pouco. Obedecia sempre à sua voz interior, fazendo primeiro o que queria e, depois, no tempo que lhe sobrava, o que realmente era preciso.
Certo dia o reinado abriu concurso para prestadores de serviços ao rei. Os dois amigos passaram. A sorte maior apareceu para o primeiro. Foi contratado como conselheiro do rei. Já o segundo conseguiu serviço como remador no navio da realeza.
Um dia o rei e seus conselheiros embarcaram para uma viagem no mar. Falavam de negócios enquanto aproveitavam a brisa que soprava do mar. Enquanto isto, mais próximo da popa, os remadores suavam para fazer o navio seguir adiante.
O remador, vendo seu amigo de infância bem à vontade em companhia do rei, ficou abalado, e, quanto mais pensava, mais furioso ficava. Ao anoitecer, já cansado de tanto remar, não se conteve e começou a resmungar para outro amigo remador:
— Olhe aqueles inúteis. Intitulam-se conselheiros estratégicos, mas ficam à toa, jogando conversa fora. Por que é que temos que suar tanto para levar o navio deles adiante? Isto não é justo! Afinal, não somos filhos de Deus?
Ao ancorarem o navio para pernoitar, o remador foi acordado no meio da noite por uma mão que lhe sacudia. Era o rei em pessoa, e lhe pediu, falando baixo:
— Há um barulho esquisito vindo daquela direção — disse, apontando para a terra. — Não consigo dormir, imaginando o que seja. Por favor, vá e descubra o que é.
O remador pulou do navio e subiu para o alto de um morro. Voltou pouco depois com a informação.
— Não é nada, Vossa Majestade. São alguns lenhadores cortando árvores, por isso há tanto barulho na floresta.
— Remador, quanto lenhadores são?
O remador não tinha se dado ao trabalho de olhar com mais cuidado. Pulou do navio. Nadou até a praia. Correu morro acima. Voltou.
— Vinte e um, Vossa Majestade.
— Remador, que tipo de árvore é?
Ele esqueceu de reparar. Lá voltou e retornou, dizendo:
— Pinheiros, Vossa Majestade.
— Remador, por que estão cortando as árvores?
Lá foi ele de novo…
— Para vender, Vossa Majestade.
— Remador, quem é o dono das árvores?
De novo ele teve que voltar.
— Disseram que é um homem muito rico, Vossa Majestade.
— Remador, obrigado. Agora venha comigo, por favor.
Os dois, o rei e o remador, foram até a proa do navio e o rei acordou o amigo de infância do remador.
— Conselheiro, há um barulho esquisito vindo daquela direção — disse, apontando para a terra. — Não consigo dormir, imaginando o que seja. Por favor, vá e descubra o que é.
O Conselheiro desapareceu rumo à terra e voltou pouco depois.
— É uma equipe de lenhadores, Vossa Majestade.
— Conselheiro, quantos são?
— Vinte e um, Majestade.
— Conselheiro, que tipo de árvore é?
— São pinheiros, Majestade. Excelentes para construir casas.
— Conselheiro, por que estão cortando as árvores?
— Para negociar, Majestade. O reflorestamento de pinheiros é do prefeito do vilarejo. Ele realiza o corte a cada dois anos. O corte é autorizado, me mostrou o ofício. Ele pede desculpas pelo barulho e convida Vossa Majestade para o café da manhã, que será preparado especialmente para recebê-lo.
O rei olhou para o remador.
— Remador, ouvi seus resmungos. Sim, todos nós somos filhos de Deus. Mas todos os filhos de Deus têm seu trabalho para executar. Precisei mandá-lo 4 vezes à terra para obter respostas. Meu conselheiro foi uma vez só. E é por isso que ele é meu conselheiro estratégico, e você fica com os remos do navio.
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Como vinagre para os dentes e fumaça para os olhos, assim é o preguiçoso para aqueles que o mandam. (Provérbios 10:26)
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