Autor: Carlos Siqueira
Quando Jesus diz que devemos negar a nós mesmos, pegar a nossa cruz e segui-lo, aprendemos que enquanto estivermos no comando , dificilmente chegaremos a algum lugar, pois ele mesmo diz: sem mim nada podeis fazer.
Será que a nossa ação é em conjunto com a vontade de Deus ou nós somos apenas reflexos da vontade divina?
Certas dúvidas vez ou outra nos submetem a um sentimento de impotência, pois deparamos com a nossa incompetência diante de fatos que não podemos modificar.
Vez ou outra, encontro alguém dizendo que o inimigo está feroz e que o Senhor dará vitória, acredito que realmente o inimigo é ardiloso e coloca armadilhas para nos distrair do caminho correto a seguir, mas muitas vezes as maiores armadilhas encontradas são oriundas da nossa desobediência e arrogância por fazer primeiro e orar depois.
Estar no centro da vontade de Deus é o nosso maior desafio, pois quando isto acontece o fim sempre será feliz, podemos até passar por dificuldades mas com o tempo entenderemos tudo, certa vez o Senhor disse para os discípulos: o que eu faço agora tu não entendes mas depois entenderás.
Jesus lavava os pés dos discípulos ,mostrando que o maior deveria ser o menor e o servo de todos, precisamos aprender a ver o outro como alguém que é alvo do nosso serviço, por isto ninguém deve ter a idéia da primazia dentro da igreja, aquele que se julga superior precisa ter outra visão de si mesmo para poder viver salutarmente a vida espiritual.
Jesus faz referência ao melhor lugar à mesa, devemos sempre nos afastar desta pretensão, pois se o dono do banquete nos ver, melhor seja que para aproximação do que afastar-nos para lugar menos notório, ter o mais alto conceito sobre si mesmo é problemático, pois o poder é virtual, hoje estamos influenciando, amanhã podemos nem ser lembrados.
Dura coisa é o esquecimento na vida daqueles que esperam a notoriedade, envelhecer no anonimato e infortúnio pode ser apenas o calmante, para um coração rebelde que não encontrou disciplina com mudança de atitude. As vezes os maremotos são proporcionados por Deus para que possamos acordar do nosso sono espiritual, e fazermos a diferença nesta geração que ora a Deus sem entendimento. Jonas que o diga, pois enquanto a comunidade pagã clamava por um livramento, pois entenderam que o responsável por tamanho fenômeno era alguém em estado de desobediência com a sua divindade, o profeta dormia em profunda apatia espiritual.
Quando entendemos que estar sob o domínio do espírito não tira de nós a nossa liberdade , pelo contrário nos faz livres para decidir qual o caminho tomar , se a benção ou a maldição, pois quando nos escolhe, propõe em seu coração que devemos agir, pois em função disto virão os frutos.
Quando diz , abra a sua boca que eu a encherei, entendo que o caminhar no espírito nos leva um estilo de vida que passamos a ouvir a sua voz em nossos corações tão alto quanto a nossa vontade em servi-lo. Precisamos desejar uma audição apurada, pois o clamor dos necessitados, espera a palavra de sabedoria dos filhos de Deus.
Antigamente Deus falava aos homens através dos profetas, mas nestes últimos dias ele nos fala através de seu filho que diz: abra a tua boca que eu a encherei!
Estar dominado pelo espírito me faz um ser sensível em uma dimensão que não podemos atingir, apenas perceber em lampejos, como um espelho embaçado, pois não somos aquilo que ainda seremos, pois não provamos da verdadeira comida e bebida na sua totalidade, apenas migalhas que caem da mesa do banquete, pois a verdadeira festa ainda se realizará no casamento da igreja com o seu noivo.
Precisamos sair ao campo, pois o tempo é o agora, a promessa repousa na pessoa de Deus e não em nós, logo não depende da minha capacidade e sim na pessoa de Deus, pois ele é o nosso pedagogo, ele é aquele que nos ensina a apreender a sua palavra, a sua vontade, a sonhar com o futuro, e logo em seguida a profetizar.
A boca realmente fala aquilo que está cheio o coração, por isto a nossa palavra será reflexo da sabedoria de Deus que não está limitada na história ou nas experiências adquiridas, mas sim em uma fonte divina que estará constantemente nos direcionando, de acordo com os planos estabelecidos antes da fundação do mundo para a nossa vida, nossa família, nossa igreja e nossa comunidade, onde através dos dons, edificaremos a presente geração no conhecimento do Deus que professamos conhecer.
No domínio do espírito , nos leva a mortificar a nossa carne, submetendo a nossa vontade a um desejo maior, que é o desejo de Deus, onde não elimina de nós o prazer , mas nos priva da libertinagem, pois a verdadeira liberdade reside não em fazer tudo aquilo que queremos, mas sim em dizer não as coisas que mais queremos, assim somos livres , quando passamos a usar as coisas e amar as pessoas, ao invés de amar as coisas e usar as pessoas.
Quando atingirmos este estilo de vida, poderemos com certeza chegar na velhice sem perceber que já não somos tão velhos para aceitar um novo desafio, mesmo que seja uma tremenda loucura, como ir para uma terra que Deus ainda vai mostrar, pois teremos a eternidade em nosso coração, pois este é o tamanho de Deus e da nossa vontade em servi-lo por aquilo que ele é, por aquilo que somos gratos, por aquilo que não podemos jamais pagar.
Aprendemos então que sozinhos nada podemos fazer, pois é ele que opera em nós o querer e o efetuar, contudo o querer e o efetuar podem ser impedidos quando desprezamos o dom que nos foi dado irrevogavelmente. Desperta tu que dormes e cristo te esclarecerá, pois embora sejamos reflexos da vontade divina, possuímos uma vontade que precisa ser subordinada a nossa vontade que nasceu de Deus, precisamos não dar lugar a carne e suas concupiscências, precisamos experimentar da graça que nos faz imaculados, quando tudo promove a nossa contaminação, quando a ordem do dia é pensar que somos fortes o bastante para ficar de pé sem a ajuda de Deus.
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