Autor: Elisabeth Salgado
Natal em família…Como é preciso compreender e aceitar as diferenças de cada um para que a harmonia desta noite se preserve…
De que adiantam a mesa farta, os presentes e os adornos, se os interesses se desarmonizam, se as pessoas não se autorizam a se dar as mãos?
Este Natal me trouxe uma experiência nova e que é difícil de lidar: não ter a todos que amo junto a mim, nesta noite especial.
Quando os filhos são crianças, como é fácil guiá-los e levá-los junto! Mas, eles crescem, se casam, agregando outras famílias, outras cabeças, outros corações, outras histórias…
Meu desejo é expandir a mesa, aumentar os lugares e arrebanhar quem agora chegou e faz parte da família que criei.
Entretanto, meu desejo é pequeno perante os demais que, neste ano, se dividem.
Eu, com a minha mania de unir e juntar, esqueci que é importante saber deixar ir, em lugar de só receber.
Eu, com a minha vontade de olhar e ver a todos que amo, esqueci que existem outras vontades diferentes da minha, as vontades e sentimentos de quem faz parte de minha família, que existem outras mesas, outras árvores, outras mães, outras avós.
Conforme a família se expande, é importante rever os rituais, é importante alargar as fronteiras para que outros modos de ver e pensar a vida possam coexistir.
Será difícil não ver a todos, lidar com a falta de gente muito querida, depois de quase trinta anos juntos na noite de Natal. Talvez, a noite não seja tão feliz…
Mas, viver o verdadeiro Natal em família é desistir do “cartão natalino”, em que tudo parece perfeito sem jamais poder chegar a sê-lo.
Viver o Natal em família é também perceber que ela é uma entidade com vida própria e que conviver em meio a ela será sempre um desafio à prática da flexibilidade e da tolerância.
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