Mulheres sozinhas: Mãe a toda prova!

Autor: Autor Desconhecido

São muitas as circunstâncias que levam uma mulher a enfrentar sozinha a criação de seus filhos. As que ficaram viúvas mal têm tempo de superar a dor quando já se encontram frente à tarefa de assumir, além de suas responsabilidades de mãe, o papel de pai.
Aquelas que depois de um bom tempo de vida matrimonial se separam, também sentem a obrigação de virar rapidamente a página e voltar a funcionar como família, apesar da perda do companheiro e da ausência do pai. No caso das mães solteiras, a dor de não poder compartilhar cotidianamente as penas e as alegrias da paternidade é igualmente intensa, porém logo se transforma em uma carga com a qual é preciso aprender a conviver.

A ausência do Pai

Segundo assinala Patrícia Fernandes, psicóloga infanto-juvenil com vasta experiência em temas de família, existe uma tendência muito acentuada – com exceção das mulheres que ficaram viúvas – de que as mães procurem “apagar” a figura do pai do contexto familiar. “Há muito poucas mulheres que conseguem separar suas raivas e conflitos interiores e, em geral, transmitem às crianças os sentimentos de frustração derivadas da relação fracassada com o cônjuge. É freqüente que as crianças se transformem em confidentes da mãe e recebam todas as críticas que ela faz ao pai”, indica a psicóloga.

Como conseqüência, há uma alta porcentagem de crianças que não tem pais funcionando bem não só pela irresponsabilidade do próprio pai, senão que pelos efeitos da consciência da mãe. “As mamães devem ter claro que é muito importante a presença do pai na educação e formação dos filhos, especialmente nos filhos homens”, explica Patrícia Fernández.

Se o pai está ausente da vida do garoto, é preciso proporcionar-lhe igualmente uma imagem paterna, porque isso lhe assegura um equilíbrio emocional e a possibilidade concreta de poder, no futuro, formar uma família. Um substituto masculino significativo para o menino pode ser algum de seus avós, um tio ou inclusive algum professor e, para estabelecer uma relação entre ambos, é preciso que exista uma clara disposição desse substituto de estabelecer um vínculo com o garoto mais além de seu parentesco ou relação inicial.

Assim mesmo, é vital dar-lhe respostas coerentes e consistentes frente à pergunta: tenho papai? Ou: por que meu pai não vive comigo? Estas perguntas variam dependendo da história de cada mãe, porém sempre, segundo indica Patrícia Fernández, “devem dar à criança a certeza de que ela tem um pai, que pode estar longe no caso das mães solteiras ou separadas, porém que em algum momento pode voltar; ou que está no céu, quando se trata de mães que ficaram viúvas, porém que estará sempre presente em seu coração”.

É importante evitar na criança a fantasia de que seu papai se foi porque não o queria ou que o que se sucedeu entre seus pais foi por culpa dele. Por isso, é necessário deixar-lhe claro que seu pai o ama, porém que, por distintos motivos não pode estar com ele.

Mães solteiras

Durante a infância, as mães solteiras se deparam entre o segundo e o terceiro ano de vida de seu filho com a pergunta: e meu papai? Patrícia Fernández assinala que apesar de que sempre se devem dar à criança respostas consistentes, “quando o menor dos filhos é pequeno, não convém entrar em detalhes porque não está preparado para entendê-los. A única coisa que quer é ter um pai e ter o direito de pensar que ele existe”.

Se o pai conhece a criança e quer participar de sua educação, é recomendável que a mãe o permita, porém ao mesmo tempo regule sua presença. É necessário proteger as crianças de relações não estáveis, e por isso não é conveniente que o pai apareça quando queira, senão que – para o beneficio da criança – participe de maneira constante. Por esta mesma razão, as mães devem ter especial cuidado ao apresentar a seus filhos um eventual novo companheiro, porque se for algo passageiro, os expõem a viver uma nova perda.

Assim mesmo, é habitual que o pai não se faça presente, e em situações como esta a psicóloga recomenda “dizer à criança, por exemplo, que seu pai vive em outro lugar, porque com o passar dos anos pode aparecer novamente. Com efeito, muitos pais aparecem quando as crianças já são pré-adolescentes ou quando já estão entrando na vida adulta”. Como assinala a profissional, é muito melhor que o menino tenha a ilusão de que seu pai está longe, porém que existe, do que viver com um sentimento de abandono constante.

No entanto, as mães têm que ter especial cuidado em não supervalorizar a figura do pai para não fazer crescer no pequeno falsas expectativas a respeito dele. “Não se trata de retratar o pai ausente como um super-homem ou de dizer-lhe que quando voltar vai-lhe trazer presentes; senão que simplesmente existe e que tem que viver em outro lugar, mas que apesar disso o quer muito”. A psicóloga explica que a medida que a criança cresce e seu pensamento se torna mais complexo, é bom dar-lhe mais explicações. “É recomendável, por exemplo, que a mãe diga ao filho: teu pai e eu nos separamos, e por razões de trabalho ele teve que ir-se para longe, porém quem sabe em algum momento te escreverá”.

Mães separadas

Patrícia Fernández assinala que quando os pais se separam e o pai se vai da casa e ainda se desentende dos filhos, os pequenos vivem a situação com uma dor muito profunda, e inclusive se sentem como se seu pai tivesse morrido, ficando desconcertados frente à sua repentina ausência.

No caso de uma separação matrimonial, a psicóloga recomenda que as mães se esforcem ao máximo para conseguir que o pai continue presente na vida dos filhos. Assim mesmo, esclarece que há casos em que os pais procuram estar perto dos filhos, porém se deparam contra um “muro” da mãe. “Muitas vezes os pais querem participar, mas as mães não o deixam ou condicionam as visitas ao pagamento da pensão alimentícia. No entanto, e se o pai em algum momento não puder pagar? A mãe vai expor a criança à ruptura com seu pai? As duas coisas não deveriam estar relacionadas porque assim se prejudica a estabilidade emocional das crianças”, afirma a psicóloga.

Se depois da separação é o pai que se esquece dos filhos, as mães devem explicar-lhes a situação dizendo, por exemplo: “teu pai está passando por um mau momento. Tenhamos fé e esperemos, porque ele te ama e seguramente depois de algum tempo irá procurar-te”.

A mãe nunca deveria pressionar o pai para que visite seus filhos, porque se ele não quer fazer isto, para as crianças não fará bem estar com ele. Não vai lhe transmitir amor, e a mãe tem a obrigação de proteger o filho disso.

Mães viúvas

Quando a causa da ausência do pai for a morte, é importante que as crianças tenham uma figura paterna que o substitua. Deste modo sabe que, além de levar a memória do pai no coração deles, tem alguém perto a quem recorrer quando precisar falar de homem para homem ou para jogar e aprender coisas que não poderiam fazer sozinhos ou com a ajuda da mãe.

Neste sentido, Patrícia Fernández diz que é muito importante o papel dos avós, já que se o menino tem a sorte de criar-se com algum deles, a dor de não ter seu pai por perto será muito mais tolerável. A psicóloga recomenda que neste caso a mãe se aproxime mais do seu pai ou do sogro e lhe peça – explicitamente – que participe de modo mais ativo na educação dos seus filhos.

Como a psicóloga indica, na sociedade ocidental se prescinde muito dos avós e não se valoriza o que eles podem dar aos netos. “Em geral, as crianças criadas com seus avós são crianças muito seguras porque foram desde sua infância tremendamente queridas e apoiadas. A única coisa que muitos avós querem é estar próximo dos seus netos e isso é algo que as mães que estão sozinhas e as famílias em geral devem resgatar”.

A felicidade mútua

As mães que criam sozinhas as suas crianças e as crianças que crescem sem o pai delas, podem, de igual maneira às famílias normalmente constituídas, alcançar a felicidade. Porém, isto requer um trabalho de desenvolvimento pessoal consciente e constante por parte das mães, essas que devem estar permanentemente se interrogando a respeito da educação de suas crianças. Muitas mães os vêem como extensão delas mesmas, portanto, acabam exigindo que cumpram com as suas expectativas e, por outro lado, não conseguem colocar limites nem fazê-los respeitar normas, por querer desta maneira compensar a ausência do pai.

É benéfico que as mães tenham grupos de amigas e amigos que levem a cabo alguma outra atividade à parte de seu trabalho e que sempre estejam rodeadas de outras mães, para assim comparar o desenvolvimento de seu filho em relação aos dos outros. Deste modo, podem prevenir-se de transformar-se – produto da pressão e da solidão – em mães superprotetoras, onipotentes e asfixiantes, e alcançar, tanto elas como seus filhos, a felicidade mútua.

Fonte: Artigo publicado na Revista espanhola “Padres OK” de setembro de 2002. Tradução de Carlos Casagrande.

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