Autor: Luiz Vergílio Batista da Rosa
“Porque Deus não é de confusão, e sim de paz.”
Introdução:
Quando se fala em confusão, estamos nos referindo às situações onde não existe entendimento, clareza, convicção em relação à verdade que nos leve do convencimento à ação comum. A confusão pode induzir ao erro e a ira. Toda a confusão gera discussão, que não produz resultados. Ao contrário, produz frustração, e, não raras vezes o sentimento de raiva, de agressividade e de morte, seja ela simbólica – morte dos relacionamentos, desinteresse pela vida p.ex.; seja real – pela eliminação física propriamente dita. Portanto, confusão nos leva ao pecado.
1. Confusão na vida
Vivemos em um mundo confuso. As guerras, os conflitos, os desentendimentos, a violência revelam a impossibilidade de entendimento entre governos, povos, pessoas. Mesmo as relações familiares, entre pessoas que convivem diariamente, às vezes são marcadas por um grande distanciamento, embora todos estejam próximos. As pessoas simplesmente não se entendem. Assim, o mundo fica confuso porque nossas relações humanas são confusas, marcadas pela desconfiança, pela indiferença, pelo distanciamento. Ou seja, este é o conceito teológico de pecado. Pecado não é aquilo que eu faço, ou aquilo que deixo de fazer, mas um estado de alma e de espírito no qual me encontro> é algo de como eu estou em relação a Deus, e, consequentemente, como eu me sinto em relação ao meu próximo e ao mundo que me cerca. Esta confusão do mundo também, naturalmente, acontecer na nossas igreja.
Por isso é que o Apóstolo Paulo, diante e uma Igreja marcada por relações confusas, que eram a expressão da vida e da cultura de uma sociedade confusa, vai afirmar o mínimo necessário e indispensável para esta comunidade romper com este círculo pecaminoso: Deus não é de confusão > isto significa que ninguém pode atribuir a vontade de Deus qualquer motivação para o desentendimento, ira, etc. Deus não é de confusão, Deus é de paz, de diálogo, de entendimento, de compreensão, de vida.
O apóstolo aponta para uma certeza: nossos conflitos, nossas guerras, nossos ódios e rancores, nossa desconfiança, nosso egoísmo não podem ser atribuídos a qualquer fator religioso, ou que sejam produto da experiência da fé. Estas são circunstâncias de nosso próprio pecado, de nossa própria confusão. Mas, como começa a confusão?
a) relato da criação: Ge. 3.8-10 – A vida humana é concebida num contexto de harmonia – de intimidade, de mútua co-responsabilidade. No Jardim do Éden o ser humano não querer experimentar apenas o bem, as também conhecer o mal – aqui nos deparamos com o processo da divinização do ser humano, ou do sentimento de onipotência deste, frente aos outros seres humanos.
A humanidade optou por também produzir o que é mau. O mal gera confusão, gera dúvidas, produz incredulidade. Há uma quebra no propósito de Deus, e daí se gera um processo permanente de confusão: fugir da presença de Deus, acusar (jogar a culpa nos outros), desobediência a autoridade divina, comprometimento da natureza – ou seja, toda a obra da Criação passa a sofrer as conseqüências do pecado humano.
Optamos por algo que rouba a vida, que destrói a vida, que compromete a vida criada por Deus. NOSSO PECADO PESSOAL SE EXPRESSA DE FORMA INSTITUCIONAL, DE FORMA SOCIAL. (Permitimos que as crianças do tráfego de ontem sejam as crianças do tráfico, hoje)
Outros exemplos histórico-bíblicos: Noé e a Torre de Babel
Caim desculpou-se dizendo:> acaso sou eu responsável por meu irmão. Sim, diz o Senhor, o sangue do teu irmão clama da terra!
2. Enfrentando a confusão
Cristo a suprema revelação de Deus, vence a confusão, esclarece nossa confusão restabelece as relações quebradas pelo pecado. João 20.24-30
Conclusão:
Deus que retirar aquilo que tem confundido a tua vida tem quebrado a harmonia de teus relacionamentos. Cristo quer hoje te libertar.
Num mundo confuso, precisamos ser uma igreja que produza comunhão e paz, anunciando que Cristo veio para buscar e salvar a todos (as) os que se perderam, todos(as) os que necessitam de experimentar o gosto pela vida e da vida em abundância.
Confusão é gerada por um erro de interpretação da vontade de Deus para a vida humana. Confusão nasce da incompreensão daquilo que é, nos evangelhos, prioridade para os seguidores e seguidoras de Cristo. “Errais porque desconheceis as escrituras e o poder de Deus” alertou-nos nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Erramos porque não interpretamos com clareza quais são os frutos verdadeiros de uma comunhão verdadeira. “O meu reino é de amor, alegria, justiça e paz no Espírito Sano”; ou seja, andar no Espírito.
II. MINISTRANDO EM TEMPO DE CONFUSÃO II
1. Sou de Apolo, sou de Paulo, sou de Cristo…
2. Decidi nada saber a não ser Cristo, este, crucificado…
No final do primeiro século da era cristã, fica muito evidente que, com a morte dos discípulos e apóstolos, nova lideranças produziram novas formas de interpretação do Evangelho, ou de compreensão. É bem verdade que o Evangelho é a revelação da boa nova de salvação anunciada por Deus ao mundo, por meio de Jesus Cristo, contudo ela é compreendida dentro de um determinado contexto histórico, de uma determinada cultura. Assim, com a expansão do Cristianismo, pessoas de diferente origens, não mais apenas do judaísmo, passam a abraçar a fé cristã e a viver, em suas culturas essa boa nova.
Mas, uma onda de interpretação, chamada judaizantes, insistia que o evangelho era dirigido prioritariamente para os judeus, e, todos os novos convertidos deveriam ser circuncidados, o que já nos permite perceber uma discriminação, ou diminuição de importância da experiência religiosa das mulheres.
Esse dado histórico permitiu uma nova onda de confusão na Igreja, ou seja, quando pretende-se ir e impor práticas que estão além do Evangelho. Por esta razão que o Evangelho de João, escrito quase ao final do primeiro século, chamava a Igreja a sua principal e fundamental doutrina do evangelho: a salvação é pela graça mediante a fé, e o cristianismo é um caminho sobremodo excelente, posto que, caminho do amor. Deus é Deus de amor, quem ama, é nascido de Deus (ou seja, nascido do Espírito) e conhece a Deus.
Uma das maiores confusões da modernidade é a preocupação com identidade, com o sentimento de pertencer à alguma coisa, ou à alguém. Queremos fazer parte do grupo, da turma, da galera. Quem fica de fora é o patinho feio…
Também, a identificação com este ou aquele líder, com esta ou aquela corrente ou forma. Fico impressionado com a abandono da criatividade para assumir-se aquilo que já está acabado, pronto, aquilo que os outros já fizeram ou estão fazendo. A própria idéia de crescimento suscita uma verdadeira corrida para copiar aquilo que está dando certo com os outros. Eu sou de Paulo, eu sou de Apolo, eu sou de Cefas…
Paulo resolve esta questão, dizendo: To fora dessa: eu decidi nada saber a não ser saber Cristo, e este crucificado. Ele morreu por mim, lê é o autor da minha salvação, nele eu tenho vida, tenho o perdão, tenho a misericórdia, vivo debaixo do seu amor.
Eu pertenço a Jesus, e todos aqueles e aqueles que pertencem a Jesus são a minha galera, o meu povo, a minha Igreja.
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