Autor: Wendel B. Caruzo
João 12.35-43
Este texto nasceu da necessidade que sinto no meio da igreja de Cristo, de que se pregue o verdadeiro evangelho, de forma humilde e clara, deixando que a conversão do pecador seja um ato exclusivo do Espírito Santo.
Vivemos em dias que o Evangelho é apenas apresentado, por muitas vezes, como um produto, em prateleiras de destaque, para que o maior número possível de pessoas o “comprem”.
Pregadores usam de técnicas persuasivas para “convencer” pessoas a “aceitarem a Jesus”. Isto vem causando muitos transtornos no meio da igreja de Cristo. (Jo 7.18)
Em primeiro lugar, estão as emoções falsas. Quero deixar claro que não sou contra emoção na pregação, e sim contra o emocionalismo. Não sou contra a persuasão fervorosa, movida pelo Espírito Santo, e sim contra as técnicas persuasivas, movidas por mentes humanas, que levam um homem a mudar de opinião (Rm 1.18). Paulo chorava, quando exortava. Uma atitude magnífica! Sobre isso, diz John White: “Que haja lágrimas e não os que ‘arrancam lágrimas’; que haja persuasão e não técnicas persuasivas. Porém, na pregação, prefiro mais um pregador que chora e uma congregação de olhos enxutos do que o contrário!” É bem verdade que no meio destes persuadidos, pode haver um escolhido de Deus sendo degenerado, mas estou certo de que a maioria absoluta desses casos resulta em uma “lavagem cerebral” evangelística (Rm 1.25). Não quero com isso dizer que devemos deixar de lado as conversões, ou ficarmos isentos de preocupação com a falta delas. Devemos sim, nos preocupar, mas é necessário que tais conversões sejam genuínas (Ef 4.17).
Em segundo lugar, há um grande perigo nessas ‘manipulações psicológicas”. São as conversões abortivas. É, de certa forma, comum hoje vermos várias pessoas “aceitando a Jesus” e pouco tempo depois apostatando da fé. A culpa dessa reação final é de quem? Para analisarmos essa questão, é necessário responder primeiro a outra pergunta. Teria sido esta conversão genuína? É comum transferirmos a responsabilidade por essas “apostasias” a um ato demoníaco, que fez com que a pessoa “deixasse” o caminho da verdade. Mas não seria possível que tal conversão nunca tenha realmente acontecido? Existe diferença entre as alterações emocionais de uma conversão espiritual, gerada pela aço de Deus, e uma “conversão” puramente psicológica, resultado de um técnica empregada. White relata que os chineses comunistas empregavam estas técnicas, que chamaram de “doutrinamento”. Eles organizavam grandes concentrações com testemunhos pessoais, coros, oradores “dinâmicos”, apelos e obreiros pessoais, induzindo o povo ao que eles queriam. Devemos primar pelo evangelho simples, que convence pela ação do Espírito Santo o pecador de seu pecado, em detrimento dos “modismo” no meio da igreja. (Ef 4.25)
Em terceiro lugar, falo dos “benefícios” desse “produto”. Sabemos que o elemento principal do mundo, hoje, não é o astronauta com suas possíveis viagens interplanetárias, nem o cientista, com suas descobertas; e sim o vendedor, que com técnicas, convence o “cliente” de que seu produto é exatamente o que a pessoa precisa. O fato é que muitos dos “clientes” se vêem enganados no final. Pregadores apresentam os “benefícios” do evangelho, tais como: as bênçãos de Deus, a prosperidade, a cura de doenças, uma vida sem problemas, uma vida de total vitória material sobre os ímpios, etc. Através de “campanhas” e de “alavancas de fé”, muitos são levados a crer num evangelho materialista (II Tm 4.4). Com isso, tais pessoas “amam mais a aprovação dos homens, do que a de Deus” (Jo 12.43)
Urge o mundo de um avivamento genuíno do Evangelho de Cristo, aniquilando estas distorções e enfatizando a obra remidora do Senhor Jesus e a exclusividade no convencimento do pecado por parte do Espírito Santo. Recrudesçamos nosso clamor a Deus, então, por este avivamento.
Aos meus possíveis acusadores, faço minha as palavras do Apóstolo Paulo em Gálatas 4.16: “Tornei-me acaso vosso inimigo, porque vos disse a verdade?” E a todos vocês que ouvem esta palavra, “antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”. (Efésios 4:15)
* O autor é Presbítero da IPB e auxilia seu Pastor na Congregação da cidade de Paty do Alferes / RJ)
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