Autor: Daniel Costa
Salmo 139:13–17
Fui com os meus filhos ao Museu de Artes Modernas de Niterói, na Boa Viagem, tempos depois da sua inauguração. Vi as obras expostas através do olhar infantil e crítico de meus filhos, que deram significações estranhas e outras bizarras para tudo o que viram, mas, que de certo, não passaram nem perto do real significado que imaginou o escultor.
Naquele lugar, por mais que soubesse que a arte moderna é uma arte de significados do observador, tive a nítida certeza de que quem entende mesmo da obra é o artista que a confeccionou. Damos os significados que achamos ser o verdadeiro conforme a experiência da observação, mas o artista sabe precisamente o que compôs.
A vida humana não é diferente. Vivemos na dependência de significados dos olhares externos do observador, que tentam em vão compreender a complexidade da nossa alma, a estranheza das nossas reações, a beleza dos nossos sentimentos e a leveza das nossas sensações. Dura tarefa de sermos compreendidos, mas não podemos esquecer de que quem entende da obra é o artista.
O salmista diz isso com muita clareza e propriedade: “Pois tu formaste o meu interior, … de modo assombrosamente maravilhoso me formaste. As tuas obras são admiráveis.” Somos uma obra de arte de um habilidoso e maravilhoso escultor e para Ele não há segredos em nossa alma. Somos desvendados sem mistérios e compreendidos por completo por aquele que nos fez. E se ainda somos obscuros, estranhos, difusos, bizarros, só o somos para os curiosos olhares externos que tentam em vão desvendar a arte que só o artista conhece em nós.
Mas a minha grande questão com esse texto é: Se somos uma obra de arte, o que podemos fazer da vida com essa informação?
Primeiro – Valorize a você mesmo na vida. “As tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem.” (v.14). Como estamos distantes emocionalmente dessa afirmação do salmista! A maioria de nós vive sem esse saber da alma, sem se achar admirável, sem se perceber valorizado, cheios de complexos interiores. Quantos não são aqueles que dependem que alguém lhes diga o quanto são bonitos, legais e importantes para poderem se sentir assim? O valor da nossa vida não está no olhar externo do observador, mas no olhar interno, no saber da alma que se sabe obra maravilhosa de Deus. Valorize a você mesmo não pelo que as pessoas pensam de você e sim pelo que de fato você é: uma obra de arte inconfundível do criador.
Segundo – Faça a vida valer à pena. “No teu livro foram escritos todos os meus dias.” (v.16). Deus não apenas nos fez uma obra de arte, mas também nos pensou na vida de forma maravilhosa. Cada instante, cada minuto, cada dia pensado e descrito pela pena desse habilidoso escultor. Um artista tão fantástico assim não pensaria num roteiro mesquinho. Se Deus pensou a nossa vida antes, foi para que vivêssemos algo relevante, para que amássemos a vida. Faça a sua vida valer à pena com toda a santidade e beleza na presença.
Terceiro – Não desista, pois você não está sozinho. “Os teus olhos me viram… Que preciosos para mim, ó Deus, são os teus pensamentos!” (v.16–17). Todo artista se desfaz da sua obra e isso não é um abandono, mas uma entrega ao domínio público, aos olhares dos observadores. Também estamos postos na vida, no entanto Deus não é o tipo de artista que abra mão das suas obras. Os seus olhos continuam nos vendo e ainda somos traspassados, vazados pelos pensamentos desse maravilhoso escultor que nos confeccionou. Você não está sozinho, não é obra esquecida no ateliê da vida. Os pensamentos de Deus ainda são grandiosos e numerosos a seu respeito. Por isso, não pare. Vá em frente vivendo com coragem e disposição.
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