Maçonaria na Igreja Presbiteriana do Brasil

Autor: Eloy Heringer Frossard
O Supremo Concílio da IPB em sua reunião de julho de 2002 tomou uma decisão histórica e corajosa ao não permitir que, a partir de 2003, membros da IPB pertencentes à Maçonaria sejam conduzidos ao oficialato da igreja – SC – IPB – 2002 Doc. XCVIII.

O arrazoado que acompanha a decisão está baseado em argumentos bíblicos e teológicos que mostram a total incompatibilidade entre a fé cristã e os ensinos da maçonaria. O exposto mostra que nenhum cristão consciente de sua fé e fiel ao Senhor Jesus pode ser, ao mesmo tempo, membro de uma igreja genuinamente cristã e membro de uma loja maçônica.

Entretanto, alguns irmãos inconformados com essa decisão usaram o seu direito constitucional de registrar votos de dissentimento e de protesto contra a decisão tomada pelo plenário. O que se observa nestes votos é a ausência de argumentos bíblicos e teológicos para defender seus votos, pois na verdade não os há. Apelam para um suposto “amor ao pecador” e, pior ainda, para a inconstitucionalidade de tal decisão, evocando a Constituição Federal de 1988, que “garante a livre associação de qualquer cidadão a qualquer associação”, e como a Maçonaria é uma associação civil, portanto, legal, e impedir um membro da maçonaria de ser oficial de uma igreja presbiteriana seria ferir a CF/88, sujeitando-se a igreja que assim agir a ser processada legalmente.

Para nossa surpresa e profunda tristeza, a Comissão Executiva da IPB em sua reunião de março de 2003, conforme Doc. LIII, resolve:
1) suspender a execução da Resolução SC-2002 Doc. XCVIII, de acordo com art. 104 in fine CI-IPB;
2) remeter a matéria à próxima reunião do SC-IPB (prevista para 2006);
3) Nomear Comissão Especial para apresentar estudo sobre o tema e encaminhar ao SC-2006. Resolve-se nomear uma Comissão Permanente para estudos da “Questão Maçônica”.

Essa decisão gerou votos de protesto daqueles que queriam que a CE – IPB considerasse a decisão do SC – 2002 inconstitucional e, portanto, nula de pleno direito. Sem dúvida, a CE-IPB incorreu em erro ao suspender uma medida votada pelo Supremo Concílio sem o voto unânime de seus membros, conforme já foi decidido em plenário do SC para todo o contido no art. 104 CI-IPB.

Entretanto, mais uma vez, o argumento dos contrários à decisão do SC-2002 não traz embasamento bíblico, mas apenas o argumento da inconstitucionalidade da decisão.

A questão seríssima que se coloca diante de nós é a quem vamos obedecer: a Deus e à sua Palavra ou à Constituição Federal quando esta se coloca contra a Palavra de Deus revelada?

Não podemos aceitar que a “questão maçônica” na IPB seja tratada apenas como uma questão de Constituição, seja ela a Federal ou a CI/IPB, mas que ela seja tratada como uma questão espiritual da mais alta relevância e que traz conseqüências desastrosas para a IPB. O que falta é coragem moral e espiritual para se tomar as medidas necessárias para extirpar da IPB esse mal terrível. Até quando a cúpula da IPB ficará coxeando entre dois pensamentos? Se Jesus de Nazaré é Deus, segui-o; se é GADU, segui-o (cf .1 Rs 18.21).

Porque, por esse raciocínio de só apelar para a CF e não para a Palavra de Deus quando for tratada a questão maçônica na IPB, em breve chegará o tempo em que teremos que abrir o oficialato da IPB aos gays, a membros de grupos de Nova Era, da Rosa Cruz, da Sheicho-no-iê e outros mais, pelo simples fato de pertencerem a uma associação legalmente registrada no país, como as há aos montes. Será que o SC/IPB não pode mais estabelecer critérios de vida, de comportamento e de fé para seus membros e oficiais, baseado somente na Bíblia Sagrada?

Nomear uma comissão para tratar da “Questão Maçônica” a esta altura da história da IPB é uma brincadeira de mau gosto, visto que esta “questão” já tem sido tratada e estudada na IPB há mais de 100 anos! Livros e mais livros têm sido escritos sobre o assunto mostrando a total impossibilidade de um crente sincero no Senhor Jesus ser, ao mesmo tempo, um maçon, que em suas lojas servem a um “outro” deus – GADU, que pode ser o que for, mas não é e nem pode ser, por definição da própria maçonaria, o Deus que se fez carne na pessoa de Jesus de Nazaré. O plenário do SC-2002, pela primeira vez, tomou a decisão certa, com argumentos bíblicos e teológicos, mostrando que a maioria dos crentes presbiterianos não apoia a vida dupla daqueles que, dizendo-se cristãos, freqüentam uma sociedade secreta, esotérica e mística, na qual presta adoração a outro deus, cometendo adultério espiritual (1 Co 6. 14 a 7.1).

O momento que estamos vivendo em nosso país e no mundo está a exigir de nós, líderes religiosos, uma postura corajosa e profética e de completa fidelidade somente à Palavra de Deus. Como podemos continuar vivendo indiferentes à violência que destrói nossa sociedade motivada pelo consumo absurdo da drogas lícitas e ilícitas, pela corrupção em todos os níveis de poder, pela pecaminosa injustiça social presente que condena a maioria da população brasileira à morte lenta e à falta de esperança para seus componentes? Como podemos dormir com a consciência tranqüila quando o pecado se alastra pela sociedade, quando o nome de Deus é blasfemado por causa do nosso comportamento como pastores e líderes? Como continuar nos preocupando se batemos palmas ou não em nossos cultos, se cantamos ou não os hinos do Hinário Presbiteriano, enquanto nossos filhos se afastam da igreja por causa da intolerância daqueles que vivem de e num passado glorioso, impedindo que as novas gerações expressem sua fé em Jesus de modo contextualizado e fiel à Palavra?

Como continuar permitindo que freqüentadores de sociedades secretas, místicas, inclusivistas e esotéricas, sejam membros em plena comunhão com o Corpo de Cristo, sem que isso atraia o julgamento de Deus sobre nós?

É hora da IPB descer de seu pedestal intelectual, de deixar de lado sua arrogância teológica, de abandonar seus jogos de interesses pessoais e voltar-se para o Senhor Jesus, único Senhor da Igreja, em arrependimento e fé, confessando sua infidelidade à Palavra de Deus por causa de seu interesse por dinheiro, por poder, por posição social diante da sociedade brasileira. Esse é o único caminho de salvação da igreja do Senhor. Precisamos optar entre ser a igreja de Jesus que caminha na dependência e na obediência ao seu Senhor, ou ser apenas uma estrutura religiosa cheia de pompa e status, mas vazia da vida plena que o Espírito Santo concede. É hora de olhar para o esvaziamento crescente das igrejas presbiterianas, para o crescimento irrisório da maioria das igrejas, para os nossos filhos que estão trocando a IPB por outras igrejas. É hora de nos humilharmos diante do Senhor e clamar por misericórdia.

Povo de Deus, não podemos ficar passivos diante de tantos absurdos cometidos pelos dirigentes da Igreja que não olham para a Bíblia, mas apenas para as constituições; não podemos nos conformar em obedecer aos homens e desobedecer a Deus; não podemos aceitar a presença de maçons na liderança de igreja, pois isto traz a maldição de Deus sobre nós.

Vamos orar mais do que nunca. Vamos conversar com nossos pastores e presbíteros para que tomem posição diante destes fatos. É tempo de agir em nome de Jesus!!!

Rev. Eloy Heringer Frossard – pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Juiz de Fora – MG

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