Autor: Igreja Batista da Graça
Quero abordar a Reforma Protestante, desta vez analisando um dos elementos que pode ser considerado o estopim para o movimento: as indulgências.
A palavra indulgência vem do latim indulgentia, que significa remissão de penas; perdão. Na definição católico-romana, a doutrina das indulgências significa "a remissão das penas temporais merecidas pelo pecador, em todo ou em parte, fora da confissão, que a igreja, em virtude do poder que recebeu de ligar e desligar na terra, concede, aplicando os merecimentos de Cristo e seus santos (tesouro da igreja) aos que interiormente estão em condições e exteriormente cumprem as respectivas obras prescritas."
Inventadas no século XI, as indulgências foram dadas aos cruzados como recompensa pela conquista da Terra Santa; a quem pagasse um soldado para aquela tarefa e, finalmente "vendidas" a quem ajudasse a igreja financeiramente.
No início do século XVI com o objetivo de concluir a construção da Basílica de São Pedro, os pregadores mais hábeis eram contratados pelo papa para esse comércio.
As pessoas podiam comprar as indulgências tanto para si como para seus parentes, amigos e até mesmo pessoas mortas. Os preços variavam de acordo com a gravidade das ofensas. A promessa era de perdão para todos os pecados passados, presentes e até mesmo futuros.
O mais destacado destes pregadores, o bem articulado João Tetzel, bradava em alto e bom som em nome do papa: "As indulgências salvam não só os vivos, mas também os mortos. Quando uma moeda no fundo do cofre cai, a alma direto para o céu vai."
O que chama a atenção não é o fato das indulgências serem uma realidade na igreja medieval, mas estarem presentes na igreja atual, caracterizada como pós-moderna. A prática foi até "aperfeiçoada" uma vez que não só a benção da salvação, mas também da cura, prosperidade, emprego, libertação entre outras, são abertamente negociadas em troca de "ofertas" que recebem os mais diversos nomes, mas que no fim das contas tem a base ideológica das indulgências medievais. As pessoas são descaradamente extorquidas em nome de Deus para que as grandes catedrais e impérios religiosos sejam construídos.
Foi contra esse tipo de prática que Lutero se levantou e pregou as suas 95 teses nas portas da Catedral de Wittenberg no século XVI.
A prática do dízimo e da oferta é bíblica, mas a indulgência e aquilo que se tem visto hoje no meio dito evangélico é pura invenção humana que não tem nada haver com o verdadeiro evangelho. A bíblia é clara com relação a isto: "Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus. A salvação não é resultado dos esforços de vocês;… Porque ele nem mesmo deixou de entregar o próprio Filho, mas o ofereceu por todos nós. Se ele nos deu o seu Filho, será que não nos dará também todas as coisas?" (Efésios 2:8,9 / Romanos 8:32)
Talvez seja a hora de uma nova Reforma, de novos Luteros, de uma nova postura. Talvez seja a hora de protestar contra o protestantismo.
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