História da Missão

Autor: Robson D. J. Barbosa

Observamos a “Historia da Missão” como um processo que apresentou altos e baixos, acertos e desacertos, vitórias e derrotas. Vemos neste processo histórico, homens dignos de serem imitados, como também, homens que usaram da igreja como um simples palco para a realização de seus mais inescrupulosos desejos. Começamos a analisar um sonho que Deus arquitetou começar da forma mais pura e humilde, para depois se tornar em uma triste realidade onde a igreja se transforma, se corrompendo a tal ponto que passa a se tornar o centro do poder autoritário e opressor como também da luxuria e regalias. Porém, este sonho e projeto não ficaram para sempre perdidos nas mãos de homens inescrupulosos, pois Deus em Sua infinita soberania levanta homens que não se dobraram a vergonha e não negaram a verdade. Realizando a maior reforma eclesiástica, trazendo valores e verdades que haviam sido esquecidas no decorrer da caminhada, fazendo com que a igreja voltasse aonde caio e retomasse de onde havia parado. Foi este processo de altos e baixos que a Historia da Missão enfrentou, resistindo a todos os tipos de ideologias e varias épocas de mudanças, para que hoje ela fosse um meio de anúncio das Boas Novas da Salvação a todos os povos, levando na sua essência a vida do próprio Deus na imagem de Seu Filho Jesus Cristo.
O nascimento das missões não ocorre no inicio da formação da igreja no advento do Pentecostes, mas sim na promessa de Deus em resgatar o homem do seu estado pecaminoso (Gn 3:15). E o seu cumprimento ocorre no envio de Jesus ao mundo com a finalidade de salvar a humanidade da condenação eterna; este foi o ponto auge das missões (Jo 3:16).
Com a ordem de Jesus à Grande Comissão inicia-se a importante tarefa da futura igreja de transmitir a “Vida” a todos os povos e em todas as nações. Os primeiros anos da igreja foi caracterizado pelas perseguições a uma classe humilde que tinha como objetivo de vida propagar a mensagem que os havia salvado. Eles não só anunciavam as Boas Novas, mas eles viviam elas, marcando profundamente a sociedade onde estavam. Tinham em seus corações a volta iminente de Cristo o que fazia com que não se apegassem a bens materiais e por isso vendiam e distribuíam para que todos pudessem compartilhar uma vida em comum. (At 2:42-47).
Porém, passado trezentos anos, o imperador Constantino se converte ao cristianismo e une a igreja ao Estado. Neste momento o cristianismo deixa de ser um movimento pra se tornar uma instituição. A questão da iminência de Cristo se perde e a igreja que antes tinha um caráter comunitário e humilde passa a se tornar individualista e elitisada. A igreja deixa de ser perseguida para se tornar perseguidora. A uma mudança radical de estilo e ética dentro do mundo eclesiástico. Como o Estado estava unido a igreja, logo os interesses políticos e econômicos passam a ser os regentes desta instituição que agora inicia a sua queda moral e espiritual. Neste período as missões estão restritas apenas a igreja. É neste contexto que surge os monastérios como forma de repulsa a esta instituição decadente e imoral.
Mas o auge da decadência ocorreu na idade media onde todos os tipos de fetiches eram comercializados, como também a salvação passa a ser exclusivamente através da igreja, fazendo com que ela até venda a salvação através das indulgências. Com o início das cruzadas e das colonizações passa-se a difundir mais o cristianismo a outros lugares e povos, porém de forma imposta através da força. Nisto começa a aparecer todo tipo de sincretismo religioso. As missões tornam-se apenas um meio de conquista de terras e subjugação de outros povos.
Em meio a esta calamidade, surgem homens que lutam para que o cristianismo volte a essência da verdade, lutando contra o sistema que estava regendo o mundo cristão. Inicia-se então a Era dos Reformadores. Tendo como o principal personagem o monge Agostiniano – Lutero. Neste momento a igreja deixa de ser una; mas a intenção primeira de Lutero não era formar uma nova igreja, mas “Reformar” a igreja Romana. O eixo de sua teoria era a justificação pela fé, onde a fé e a conversão não seriam impostas e sim obra do Espírito Santo, e que também nenhuma quantia em dinheiro ou esforço próprio daria ao homem a condição de ser salvo. A igreja começa um processo de limpeza da sujeira que havia se tornado, para voltar aos princípios bíblicos que deveriam sempre ter sido à base da vida cristã. Lutero traduz a Bíblia para o Alemão, para que todos pudessem ler e ter acesso as Escrituras. A missão nesta época não foi muito significativa pelo fato dos reformadores estarem preocupados primeiramente em formar uma teologia fundamentada nos preceitos Bíblicos, mas não podemos negar que esta iniciativa dos reformadores como Lutero, Calvino e outros, foi a base para as missões modernas. Mesmo que esta época não tenha sido um marco na questão de missões, ela foi a responsável para a mudança de paradigma que levou enfim a igreja a se mobilizar e dar um grande salto para a realização das missões.
Surge assim a época em que chamamos de ‘Era do Despertamentos’ no inicio do século XVII, movidos pela luta dos reformadores e incentivados pela sede da Palavra. Nasce vários movimento como o puritanismo, pietismo, os morávios entre outros que realizaram uma revolução no conceito de missões causando um grande avivamento em vários lugares, levando valores morais e cíveis, aonde a transformação não vinha apenas do individuo, mas de toda a sociedade. Levando-nos a concluir que avivamento não pode ser resumido apenas como conversão de indivíduos, mas deve ser seguida de transformação na sociedade. Mostrando assim que a igreja deve fazer diferença no contexto onde está inserida.
Todos estes movimentos geraram no século XIX o maior século missionário devido ao contexto da época. Aparecem novos heróis da fé cristã que deram a sua vida pra que o evangelho fosse conhecido em vários povos não alcançados. Homens como William Carey, Hudson Taylor, David Livingstone, John Paton são alguns desses missionários que foram e ainda são fontes de inspiração a todos nós e a toda a igreja.
O século XX também foi um período de grande avanço missionário, onde as mulheres tiveram maior liberdade para fazer missões, e movimentos estudantis começaram a se despontar como grandes propagadores da fé cristã. O período das duas grandes guerras mundiais deixou marcas e dificultou o avanço do evangelho, mas após elas, a propagação tomou o seu crescimento anterior. Este século se caracterizou pelos congressos missionários, pelas uniões das igrejas na questão da importância de missões tendo um grande numero de pessoas que aceitaram o chamado divino e se dirigiram as mais remotas partes do planeta com a finalidade de levar as Boas Novas do Evangelho.
E o Brasil, sendo colonizado por países católicos, foi catequizado a força surgindo um sincretismo que vemos na nossa cultura até os nossos dias. Mas com a vinda de missionários americanos, escoceses, suecos e ingleses a igreja começou a criar força no decorrer do tempo, sendo que hoje ele é considerado um celeiro de missões sendo o responsável por grande numero de missionários enviados a todos os campos do mundo. Desejamos que o nosso país seja marcado e lembrado como a nação missionária e visionaria de um mundo transformado e marcado pela cruz de Cristo. Esta missão e esta visão devem ser de todos nós que desejamos ver vidas transformadas e uma sociedade moldada pelas verdades da Palavra.

 

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