História da Escola Dominical no Brasil

Autor: Hermisten Maia Pereira da Costa
ESBOÇO HISTÓRICO

“Eu tenho a certeza que as escolas dominicais são, atualmente, a melhor instituição prática para controlar esses elementos indisciplinados e violentos da sociedade e providenciar-lhes uma educação básica.” – Robert Raikes em audiência com a Rainha Carlota da Inglaterra.[1]

INTRODUÇÃO

Quando comemoramos o dia da Escola Dominical (3° domingo de setembro), normalmente nos lembramos do seu fundador, Sr. Robert Raikes (1736-1811), um jornalista que no ano de 1780, em Gloucester, na Inglaterra, iniciou um trabalho de educação cristã ministrada à crianças que não freqüentavam escola. A este homem sem dúvida alguma, devemos o início sistemático desta escola tão singular,[2] que se espalhou rapidamente por toda a Inglaterra, tendo oposição, todavia, contando também com o entusiasmo e apoio de inumeráveis pessoas, tais como, John Wesley (1703-1791)[3] e William Fox. Em 1788 a Escola Dominical já possuía, só na Inglaterra, mais de 250 mil alunos matriculados.[4]

Todavia, hoje queremos apresentar um esboço histórico do início da Escola Dominical no Brasil, para que junto possamos conhecer um pouco mais deste trabalho, que tantos benefícios espirituais trouxe, e continua trazendo à Causa Evangélica em nossa pátria.

Quando os primeiros missionários protestantes começaram a chegar no Brasil, o movimento das Escolas Dominicais já estava firmado na Inglaterra, tendo também, se tornado muito forte nos Estados Unidos. Isto explica parcialmente, o porquê deste trabalho ser logo implantado no Brasil, muitas vezes, até mesmo antes de se estabelecer formalmente o Culto público. Vejamos então, como a Escola Dominical surgiu no Brasil….

1. OS METODISTAS COMO PIONEIROS[5]

No dia 28 de junho de 1835 embarca em Baltimore nos Estados Unidos rumo ao Brasil, o Rev. Fountain E. Pitts, que chegaria no Rio de janeiro em 19 de agosto de 1835,[6] permanecendo ali durante alguns meses, viajando em seguida para Montevidéu, e, depois de algumas semanas, tomou o vapor para Buenos Aires,[7] que era o objetivo final de sua vinda[8].

O Rev. Pitts, entusiasmado com as perspectivas do trabalho evangélico, deu um parecer favorável à implantação de uma missão Metodista no Brasil. No dia 2 de setembro de 1835, ele escreve ao secretário correspondente da Sociedade Missionária da Igreja Metodista Episcopal (IME):

“Estou nesta cidade (Rio de Janeiro) há duas semanas, e lamento que minha permanência seja necessariamente breve. Creio que uma porta oportuna para a pregação do Evangelho está aberta neste vasto império. Os privilégios religiosos permitidos pelo governo do Brasil são muito mais tolerantes do que eu esperava achar em um país católico (…) Já realizei diversas reuniões e preguei oito vezes em diferentes residências onde fui respeitosamente convidado e bondosamente recebido pelo bom povo….”[9]

Na seqüência, Pitts opina sobre o caráter e a experiência daquele que deverá ser enviado como missionário…

“….Nosso pequeno grupo de metodistas precisará muito de um cristão experimentado para conduzi-lo; no entanto, eles estão decididos a se unirem e a se ajudarem mutuamente no desenvolvimento da salvação de suas almas (…) O missionário a ser enviado para cá dever vir imediatamente e iniciar o estudo do idioma português sem demora…”[10]

As sugestões de Pitts são aceitas. No dia 29 de abril de 1836 desembarca no Rio de Janeiro, proveniente de New York, Estados Unidos, o missionário, Rev. Justin Spaulding, acompanhado de sua esposa, o filhinho Levi, e sua empregada.[11] Spaulding demonstrou ser muito empreendedor no seu trabalho. Em carta ao secretário da IME, datada de 5/5/1836, menciona que já organizara uma pequena escola dominical com o grupo de metodistas que o Rev. Pitts reunira.[12] Posteriormente, em relatório ao secretário correspondente da IME, datado de 01/9/1836, acentua:

“…. Conseguimos organizar uma escola dominical, denominada Escola Dominical Missionária Sul-Americana, auxiliar da União das Escolas Dominicais da Igreja Metodista Episcopal… Mais de 40 crianças e jovens se tornaram interessados nela (…) Está dividida em oito classes com quatro professores e quatro professoras. Nós nos reunimos às 16:30 aos domingos. Temos duas classes de pretos, uma fala inglês, a outra português. Atualmente parecem muito interessados e ansiosos por aprender…”[13]

Desta forma, baseados nos documentos que temos, podemos afirmar que a primeira Escola Dominical no Brasil dirigida em português, foi organizada no dia 01 de maio de 1836. Com esta afirmação, estamos esclarecendo alguns equívocos cometidos, a saber: 1) A sugestão de que foi em junho de 1836 que o Rev. Spaulding teria iniciado a Escola Dominical;[14] 2) A afirmação de que foram os Congregacionais os primeiros a organizarem esta escola com aula em português em 19/08/1855;[15] 3) A declaração de que foram os Presbiterianos que iniciaram a referida escola em 1860.[16]

Voltando a nossa rota inicial, observamos que o trabalho Metodista apesar de ter sido bem iniciado, teve curta duração: a missão metodista, por diversas razões,[17] encerrou as suas atividades no Brasil em 1841. Neste mesmo ano[18] ou em 1842,[19] o Rev. Spaulding retornou aos Estados Unidos.

A missão Metodista só teria o seu reinício definitivo no Brasil, em 05/08/1867[20], com a chegada do Rev. Junius Eastham Newman (1819-1895) no Rio de Janeiro. Em abril de 1869, Newman mudou-se para o interior de São Paulo, Saltinho[21], trabalhando entre os colonos americanos… Ali, junto com os imigrantes de Santa Bárbara, organizou no terceiro domingo de 1871,[22] a Primeira Igreja Metodista do Brasil, com cultos em inglês. No entanto, o trabalho metodista só receberia convertidos brasileiros em 9 de março de 1879, no Rio de Janeiro.[23]

O Bispo John C. Granbery, da Igreja Metodista Episcopal do Sul, desembarcou no Rio de Janeiro de 4 de julho de 1886, fazendo então, a primeira visita episcopal metodista ao Brasil. Em 15/09/1886, organizou a primeira conferência anual metodista na Igreja Metodista do Catete.[24]

2. OS CONGREGACIONAIS: UMA ESCOLA DOMINICAL DEFINITIVA

O Dr. Robert Reid Kalley (1809-1888), médico e pastor escocês, acompanhado de sua esposa, Srª Sarah Poulton Kalley (1825-1907), desembarcou no Rio de Janeiro no dia 10/05/1855, às cinco horas da manhã, proveniente da Inglaterra[25].

O Dr. Kalley tivera uma experiência intensa. Ele como missionário na Ilha da Madeira – desde outubro de1838 –. realizava um trabalho muito concorrido, pontilhado por atividades de âmbito médico (fundando inclusive um hospital)[26], educacional e religioso. Foi então que em 1843, a Igreja católica moveu uma perseguição contra ele. Depois de passar vários meses (mais de cinco meses)[27] preso, foi liberto no final de 1843[28]. Em 1846 a situação tornou-se insustentável; a turba havia se voltado contra ele e, nem o consulado dava-lhe mais garantias… A sua casa “foi assaltada e queimada a sua biblioteca e valiosos manuscritos….”.[29] O caminho foi fugir da ilha – disfarçado de mulher enferma –, juntamente com algumas famílias de seus fiéis,[30] sucedendo-lhe centenas de outros protestantes que também fugiram dali.[31] À época, o Dr. Kalley era casado com Margaret Kalley, que viria falecer em 1851 na Síria[32]. Posteriormente (14/12/1852), casou-se com Sarah Poulton Wilson (1825-1907), “poetisa, lingüista e musicista”,[33] proveniente de uma família abastada, que se tornaria nossa conhecida como Sarah Poulton Kalley[34].

As perseguições sofridas na Ilha da Madeira marcaram profundamente a sua personalidade, tornando-o bastante cauteloso em sua ação missionária, embora, sem jamais negligenciá-la.[35]

Devido a dificuldade de encontrar no Rio de Janeiro um imóvel que fosse conveniente para residência e atendesse aos seus objetivos na obra evangélica, o casal após visitar a Tijuca, Niterói e Petrópolis, decidiu-se finalmente por Petrópolis,[36] mudando-se para aquela cidade serrana em fins de julho de 1855, hospedando-se no hotel Oriente (que ficava localizado na atual rua Sete de Abril).[37] No dia 15 de outubro de 1855, finalmente o casal se mudou para a sua nova residência no distrito petropolitano de Schweizaerthal (bairro suíço), onde alugou a mansão “Gerheim” (“lar muito amado”),[38] de propriedade do Sr. Alexandre Fry.

A Escola Dominical foi inaugurada pelo casal Kalley em “Gerheim” na tarde de 19/8/1855.[39] – isto ocorreu com a permissão do atual inquilino da mansão: o embaixador americano Sr. Webb, que ainda não desocupara a casa,[40] com quem o Dr. Kalley fez boa amizade. Na ocasião a Srª Kalley leu a história do profeta Jonas, ensinou-lhes alguns hinos[41] e deram graças ao Senhor.[42]

Passados dois ou três domingos, a escola dominical passou a funcionar com uma classe de crianças e outra de adultos, sendo esta dirigida pelo Rev. Kalley, contando alunos negros[43]. “As classes da escola dominical continuaram a funcionar através de muitas dificuldades, tais como – os maus caminhos em ocasiões de grandes chuvas, doenças, distrações sociais, festas religiosas, visitas de amigos e, mais tarde, as ausências da amável professora, quando acompanhava o seu marido ao Rio, para animar os irmãos que tinham as suas reuniões no Bairro da Saúde”.[44]

Não se dispõe de dados estatísticos de matrícula e freqüência desta incipiente escola dominical; temos apenas alguns informes esparsos que nos revelam o seu crescimento constante:

Em 11/5/1856, a Srª Kalley começou a ler a Bíblia em português a algumas crianças e a duas de suas criadas (alemãs ?)[45]

Neste mesmo ano as reuniões passaram a ser realizadas em português, inglês e alemão.[46]

08/6/1856, além da presença de adultos, a Escola Dominical contava com dez crianças (quatro que falavam português[47] ou inglês[48] e seis que conheciam o alemão).[49]

Em 01/7/1856, há o registro de 13 alunos presentes. Num domingo de setembro, compareceram 17 alunos. A partir de outubro, a freqüência média passou a ser de 20 a 25 alunos, às vezes aumentando.

Uma aluna desta época, Christina Fernandes Braga[50]- avó da famosa historiadora Henriqueta Rosa Fernandes Braga[51] -, mais tarde, em 1917, relembraria com indisfarçável satisfação a sua infância, quando estudou com a Srª Kalley:

“Quando eu tinha a idade de 7 anos, em 1856, freqüentava a ‘Classe Bíblica’ do Dr. Robert Reid Kalley em Petrópolis, em sua chácara, à rua Joinville, hoje Ypiranga. Reuniam-se ali, das 2 ou 3 às 4 horas da tarde, aos domingos, para o estudo da Bíblia, sentados em volta de uma mesa grande, na sala de jantar, cerca de 30 a 40 alemães, meninos e meninas, em sua maioria, cada um trazendo seu Novo Testamento. Quem levasse decorados três versículos, recebia um cartãozinho com um texto bíblico; quem conseguisse adquirir 10 cartõezinhos, recebia um cartão maior, e quem conseguisse 3 maiores recebia um livro.

“Em todas as reuniões, cantavam-se hinos”.

“À saída, encontrávamos os que vinham para o estudo bíblico em português – esses eram em menor número…”

“Após o estudo em português, reunia-se a ‘Classe Inglesa’”.

“(…) Deve-se notar que a ‘Classe Alemã’ era mais numerosa, pois a língua alemã era mais vulgarizada em Petrópolis, naquele tempo. Tanto o Dr. Kalley, como sua esposa, Mrs. Kalley, falavam bem esse idioma…”

“Mrs. Kalley só matriculava alunos de oito anos para cima e, no entanto, fui matriculada antes dessa idade, devido à minha persistência e porque sabia diversos capítulos de cor….”.[52]

Em 30/5/1860, o casal Kalley mudou-se para uma propriedade mais central em Petrópolis, denominada de “Eyrie”, pertencente ao Barão de Lucena (1835-1913), localizada à rua Joinville, n° 1 (Atual Avenida Ipiranga, 135).[53] A Escola Dominical continuou normalmente em sua residência.

Em 18/7/1864, nova mudança; agora o casal vai para o Rio de Janeiro, passando a residir provisoriamente na rua do Propósito, até que a reforma da sua nova casa fosse concluída, o que ocorreu em 18/11/1864, quando então foram morar à Travessa das Partilhas, 34 (depois 44 e 56). Nesta residência, a Escola Dominical continuou funcionando na sala de jantar. “Terminada a lição, os discípulos desciam a grande escadaria que ia ter ao salão da travessa das Partilhas, onde então se realizava o culto público e a pregação do Evangelho”.[54]

Com isso, os irmãos de Petrópolis que podiam, passaram a freqüentar a Escola Dominical do Rio de Janeiro, enfraquecendo assim, gradativamente a Escola de Petrópolis.[55] Por este ou por outros motivos, o fato é que este trabalho seria encerrado (1871 ?)[56]. No jornal O Christão – Órgão da União Evangélica Congregacional do Brasil e de Portugal -, de 15 de agosto de 1927, p. 7, encontramos um desabafo de alguém que subscrevia o seu artigo com as iniciais “A.A”, lamentando pelo término do trabalho em Petrópolis, ao mesmo tempo em que estimulava sua Igreja a reiniciar a obra evangélica naquela cidade.

Concluindo esta parte do estudo, podemos observar que a Escola Dominical organizada pelo casal Kalley, se caracterizou pela preocupação de se ensinar a Bíblia e hinos evangélicos. Recordemos o testemunho de sua antiga aluna: “Em todas as reuniões, cantavam-se hinos”. É digno de menção que eles editaram em 1861 um hinário com 50 hinos, intitulado, “Psalmos e Hinos para o Uso Daquelles que Amão A Nosso Senhor Jesus Cristo”, hinário que seria ampliado através dos anos: 2ª edição em 1865, com 83 hinos; 3ª edição em 1868 com 100 hinos; 4ª edição em 1873, 130 hinos.[57]

O casal retornou definitivamente para a Escócia em 1876.[58]

Neste método, encontramos delineado o princípio defendido por Martinho Lutero (1483-1546) em 1530, que disse: “Depois da teologia, não existe arte que se possa equiparar à música, porque sobre ela, depois da teologia, é que consegue uma coisa que no mais só a teologia proporciona: um coração tranqüilo e alegre.”[59]

3. OS PRESBITERIANOS E A ESCOLA DOMINICAL

O Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867) foi o primeiro missionário presbiteriano a se estabelecer no Brasil (12/8/1859) – antes dele esteve o Rev. James Cooley Fletcher (1823-1901), todavia, ele não pregou em português nem fundou igreja alguma, pois esta não era a sua missão, contudo, realizou um trabalho notável[60]…

Simonton, antes de vir para o Brasil estudara um pouco o português em New York,[61] no entanto, não se sentia seguro, como é natural, para pregar nesta nova e difícil língua…

Nestes primeiros meses de Simonton no Rio de Janeiro, torna-se visível a sua angústia por não conseguir aprender o português tão rapidamente como gostaria; ele se ofereceu a algumas pessoas para ensinar o inglês ou outra língua morta, enquanto elas, no caso, ensinariam-lhe o português ou, se não fosse o caso, ele forçosamente aprenderia o português, por ser obrigado a conversar com seus alunos na língua materna deles. Aqui dois personagens devem ser destacados. O primeiro, é o Dr. Manuel Pacheco da Silva (1812-1889), a quem Simonton trouxera carta de apresentação remetida por Fletcher.[62] O Dr. Pacheco era um intelectual, diretor do Externato do Colégio Imperial Dom Pedro II de 1855 a 1872,[63] função que exerceu com competência.[64] Ele era amigo de Fletcher e, tornou-se amigo, aluno de inglês e confidente de Simonton.[65] No início de seus contatos, o Dr. Pacheco ofereceu-se para ajudá-lo do estudo do português e Simonton retribuiu a oferta para o estudo do Hebraico.[66] Foi ele quem apresentou Simonton ao segundo personagem, que destaco; o Dr. Teófilo Neves Leão, que era Secretário da Instrução Pública, o qual “prometeu ajudá-lo a conseguir uma licença de professor, necessária para que pudesse legalmente abrir uma escola particular.”[67]

Os dois tornaram-se amigos e, em dezembro de 1859, Simonton registra: “Começamos no dia seguinte (a aprender português e a ensinar inglês) e agora vou diariamente a seu escritório às duas horas. É importante ter como professor alguém que tenha bom conhecimento da língua.”[68]

Apesar destes esforços, Simonton continuou tendo dificuldade com a língua e, as duas vezes em que anunciou no jornal a sua disposição em ensinar, não lhe trouxe alunos.[69]

Em 02/01/1860, Simonton mudou de residência, indo morar com uma família que falava o português: “Muitos esforços e orações foram coroados de êxito e moro em casa onde posso ouvir e falar o português (…) Estou bem instalado, mais que esperava em casa de fala portuguesa; já era mais que tempo de saber a língua da terra”[70].

Finalmente, em 22 de abril de 1860, ele começou uma classe de Escola Dominical no Rio de Janeiro, ao que parece na casa do Sr. Grunting, onde havia alugado um quarto para a sua residência, desde 10/4/1860, por um período de quase seis meses.[71] Este foi o seu primeiro trabalho em português. Os textos usados com as cinco crianças presentes (três americanas da família Eubank e duas alemãs da família Knaack), foram: A Bíblia, O Catecismo de História Sagrada e o Progresso do Peregrino, de Bunyan.[72] Duas das crianças, Amália e Mariquinhas (Knaack), confessaram ou demonstraram na segunda aula (29/04/1860), terem dificuldade em entender John Bunyan.[73]

A primeira Escola Dominical organizada em São Paulo pelos presbiterianos, ocorreu no dia 17 de abril de 1864, às 15 horas, com sete crianças, sob a direção do Rev. Alexander L. Blackford (1829-1890), que se encontrava no Brasil desde 25/7/1860 e, em São Paulo, desde 09/10/1863[74]. Este trabalho permaneceu e, posteriormente o seu horário foi transferido para às 10 horas, sendo seguido de um ato de Culto.[75]

Terminada esta parte histórica, façamos algumas considerações sobre a Educação Cristã…

4. A EDUCAÇÃO: IMPORTÂNCIA E LIMITES

O homem é um ser educável. Ninguém consegue escapar à educação; ela está em toda parte, sendo intencional ou não, somos bombardeados com informações e valores que contribuem para nos dar um nova cosmovisão e delinear o nosso comportamento,[76] conforme a assunção consciente ou inconsciente de valores e paradigmas que reforçam ou substituem os anteriormente aprendidos, manifestando-se em nossas atitudes e nova perspectiva da realidade que nos circunda.

A educação é um fenômeno “tipicamente humano”. Os animais podem ser adestrados mas, só o homem pode ser educado.[77]

A educação é fundamental para uma construção e transformação social. A educação é mais do que a transmissão de informações; ela consiste principalmente na formação ética do homem[78]. A educação visa formar homens com valores morais que envolvam deveres para com Deus, para consigo mesmo, para com o seu próximo e para com a sua pátria.[79] A Educação moral engloba o homem todo, considerando-o como ser religioso, racional, emotivo, livre e responsável. A genuína educação visa formar o homem para viver criativamente em sociedade, a fim de que ele possa assimilar, adaptar e transformar a cultura, através de um posicionamento racional, emocional e moral; ou seja, que o homem viva e atue em seu meio, com a integridade do seu ser. Isto só se torna possível, se conseguirmos despertar em nossos alunos, o amor e o comprometimento incondicional com a busca da verdade; em outras palavras: compromisso com Deus e a Sua Palavra.

Todavia, se a educação é extremamente relevante, devemos observar que ela não resolve todos os problemas sociais, morais e espirituais. A educação pode nos mostrar o certo e nos estimular a praticá-lo; contudo, entre o conhecimento do certo e a sua prática, há uma grande distância (Vd. Rm 7.14-24).[80]

O filósofo grego Platão (427-347 aC.), seguindo o conceito de seu mestre Sócrates (469-399 aC.),[81] entendia que o homem pratica o mal por ignorância do bem. O problema para Platão, foi conseguir demonstrar a sua tese através do relacionamento com o seu “discípulo” de Siracusa, Dionísio, o Jovem. Este, cansado de suas lições, mandou Platão de volta para Atenas; em outro período (361 aC), quando Platão a seu pedido elaborou uma nova Constituição para Siracusa, o monarca não se agradando da mesma, o aprisionou. Este é apenas um, entre diversos exemplos que a História registra, de homens que sabiam a verdade, porém seguiam caminhos opostos.[82]

Reafirmamos a importância do ensino; todavia, enfatizamos que é o Espírito Santo Quem nos capacita a fazer a vontade de Deus, a seguir os Seus mandamentos: Estar convencido de uma verdade não capacita ninguém a praticá-la. (Vd. Jo 15.5; Fp 2.13; 1 Jo 5.3-5).

Por outro lado, devemos também reconhecer, que “Deus opera através de processos naturais de maneira sobrenatural.”[83] Nós como professores de Escola Dominical, somos os instrumentos naturais de Deus para uma obra que transcende a nossa capacidade de compreensão: a transformação do homem. Deus em Sua soberania se dignou em nos usar como Seus “instrumentos naturais” para a transmissão da Sua Palavra sobrenatural, daí a ênfase divina no ensino da Palavra (Vd. Dt 6.6-9; Pv 22.6; Os 4.6; Mt 28.18-20/1 Tm 4.1). O Evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). Para tanto, o homem precisa conhecer o Evangelho, ser instruído a respeito do seu teor, e compete à Igreja fazê-lo. À Igreja cabe a responsabilidade intransferível de pregar o Evangelho a toda criatura. “A mais importante implicação da catolicidade da igreja, observa Kuiper, é seu solene dever de proclamar o evangelho de Jesus Cristo a todas as nações e tribos da terra.”[84]

Van Horn declara o seguinte:

“O mestre cristão deveria descobrir o propósito do ensino: a formação do homem em sua personalidade independente servindo a Deus segundo Sua Palavra. Este propósito pode alcançar-se unicamente promovendo uma submissão obediente à Palavra de Deus tanto do mestre como do aluno.

“O ensino, segundo a Bíblia, é simplesmente a satisfação de uma necessidade divinamente ordenada (a renovação do homem caído e redimido no que Deus queria que ele fosse), em uma maneira divinamente ordenada (o uso de métodos conseqüentes com a autoridade máxima, as Escrituras).”[85]

Concluindo, devemos nos lembrar que hoje nós somos herdeiros deste trabalho que cresceu e frutificou. Cabe-nos a responsabilidade de participar, orar e usar a nossa inteligência para aperfeiçoar a Escola Dominical, a fim de que ela continue sendo um veículo poderoso de propagação do Evangelho e de edificação espiritual da Igreja.

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[1] Apud Max L. Batchelder, “O homem que inventou a Escola Dominical”, in Brasil Presbiteriano, setembro de 1985, p. 8.

[2] Temos um bom esboço histórico da Escola Dominical fundada por Raikes, no artigo de Max L. Batchelder, “O homem que inventou a Escola Dominical”, in Brasil Presbiteriano, setembro de 1985, p. 8. Vd. também Carl Joseph Hahn, História do Culto Protestante no Brasil, São Paulo, ASTE., 1989, p. 275-276. (Doravante, citado como HCPB). Recordemos, no entanto, que antes de Raikes houve trabalhos semelhantes, contudo, não com a mesma desenvoltura. Em 1769, uma inglesa havia começado trabalho similar em High Wycombe: Hannah Ball relataria o seu trabalho a John Wesley em 1770: “As crianças se reúnem duas vezes por semana, aos domingos e segundas-feiras. É um grupo meio selvagem, mas parece receptivo à instrução. Trabalho entre eles com a ânsia de promover os interesses de Cristo.” (Apud Duncan A. Reily, “A Origem das Escolas Dominicais”, in Expositor Cristão, 10/01/1957, p. 7. Lamentavelmente, não consegui localizar a fonte indicada pelo articulista no Diário de Wesley…). Vd. também: Rupert Davies, et. al. eds., A History of The Methodist Church in Great Britain, London, Epworth Press, 1983, Vol. III, p. 283-284; W. J. Townsend, et. al., eds., A New History of Methodism, Nashville, Publishing House of the Methodist Episcopal Church South Smith & Lamar, Agents, [1909], Vol. I, p. 219; Henrique de Souza Jardim, et, al., Esboço Histórico da Escola Dominical da Igreja Evangélica Fluminense, Rio de Janeiro, 1932, p. 144-146). (Doravante, citado como EHED).

[3] Vd. por exemplo, J. Wesley, Journal, 18/07/1784 (The Works of John Wesley, edited by W. Reginald Ward and Richard P. Heitzenrater, Nashville, Abingdon Press, 1995, Vol. 23, p. 323). A rainha Carlota, após visitar uma Escola Dominical acompanhada de seu marido, Rei George III, tornar-se-ia uma importante colaboradora deste trabalho através de donativos. (Cf. . Max L. Batchelder, “O homem que inventou a Escola Dominical”, in Brasil Presbiteriano, setembro de 1985, p. 8).

[4] Cf. Max L. Batchelder, “O homem que inventou a Escola Dominical”, in Brasil Presbiteriano, setembro de 1985, p. 8. Townsend, fala de mais de 200 mil em 1786 (W. J. Townsend, et. al., eds., A New History of Methodism, Nashville, Publishing House of the Methodist Episcopal Church South Smith & Lamar, Agents, [1909], Vol. I, p. 367).

[5] Quanto a um resumo da “filosofia do nascente metodismo brasileiro”, vd. José Gonçalves Salvador, “O Metodismo brasileiro de 1836 a 1886”, in Situações Missionárias na História do Metodismo, vários autores, São Bernardo do Campo, SP., Imprensa Metodista, 1991, p. 17-18.

[6] James L. Kennedy, Cincoenta Annos de Methodismo no Brasil, São Paulo, Imprensa Metodista, 1928, p. 13 (Doravante, citado como CAMB); Eula L. Long, Do Meu Velho Baú Metodista, São Paulo, Imprensa Metodista do Brasil, 1968, p. 24-25.

[7] Em 8/02/1836, em resposta à solicitação de Pitts, foi consignado o Decreto: “Ao rev. Fountain E. Pitts, Presbítero da Igreja Metodista Episcopal é permitido o exercício público das funções de ministro nesta Província.” (H.C. Tucker, “O Centenário Methodista Sul-Americano”, in Expositor Cristão, 03/03/1936, p. 1).

[8] Vd. H.C. Tucker, “O Centenário Methodista Sul-Americano”, in Expositor Cristão, 31/03/1936, p. 1.

[9] Carta in Duncan A. Reily, História Documental do Protestantismo no Brasil, São Paulo, ASTE., 1984, p. 81-82. (Doravante, citado com HDPB). Vd. Também, José Gonçalves Salvador, História do Metodismo no Brasil, São Paulo, Imprensa Metodista, 1982, Vol. I, p. 24ss. (Doravante, citado como HMB).

[10] Carta in Reily, HDPB., p. 82.

[11] Salvador, HMB., p. 33.

[12] Cf. Reily, HDPB., p. 83-84.

[13] Carta in Reily, HDPB., p. 83-84.

[14] Cf. Kennedy, CAMB., p. 14; Isnard Rocha, Histórias da História do Metodismo no Brasil, São Paulo, Imprensa Metodista, (1967), p. 75. (Doravante, citado como HHMB)..

[15] Cf. João Gomes da Rocha, Lembranças do Passado, Rio de Janeiro, (edição da Igreja Evangélica Fluminense?), (1941), Vol. I, p. 268. (Doravante, citado como LP); Jardim, EHED., “Prologo” e p. 39 e Rev. Nadir P. dos Santos, Uma Nota Histórica Sobre Petrópolis: In: O Expositor Cristão, 19/12/1957, p. 2.

[16] Cf. William R. Read, Fermento Religioso nas Massas do Brasil, Campinas, SP., Livraria Cristã Unida, [1967], p. 47. (Doravante, citado como FRMB).

[17] Vd. as razões in Reily, HDPB., p. 84ss.

[18] Cf. Vicente T. Lessa, Annaes da 1ª Egreja Presbyteriana de São Paulo, São Paulo, Edição da 1ª Egreja Presbyteriana Independente, 1938, p. 13 (Doravante, citado como APIPSP); Kennedy, CAMB., p. 15; Isnard Rocha, “O Metodismo no Brasil”, in Expositor Cristão, 17/01/1957, p. 15; Salvador, HMB., p. 44.

[19] Cf. David G. Vieira, O Protestantismo, A Maçonaria e A Questão Religiosa no Brasil, Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1980, p. 61. (Doravante, citado como PMQRB).

[20] Rocha, HHMB., p. 40-41. Esta data é controvertida porque, ao que parece, Newman não embarcou nos Estados Unidos na data que programara. Assim, Kennedy, diz que Newman “desembarcou no Rio de Janeiro, no verão de 1867.” (Kennedy, CAMB., p. 16). Isnard Rocha, elucida o possível motivo da confusão. (Isnard Rocha, Pioneiros e Bandeirantes do Metodismo no Brasil, São Bernardo do Campo, SP., Imprensa Metodista, 1967, p. 34-35). A carta que Newman escreveu aos metodistas do Sul dos Estados Unidos esclarece definitivamente a questão: “No dia 5 de agosto de [1867] estávamos entrando no porto do Rio, enquanto todos a bordo olhavam com espanto e deleite a paisagem suntuosamente agreste e majestosa de ambos os lados do canal que conduz à cidade.” (in Reily, HDPB., p. 88).

[21] Cidade localizada entre Limeira e Vila Americana.

[22] Reily, HDPB., p. 86-88; Ribeiro, PBM., p. 20; Kennedy, CAMB., p. 16.

[23] Kennedy, CAMB, p. 21; Rocha, HHMB., p. 76-77.

[24] Vd. Documento in Reily, HDPB., p. 91-92. Vd. Também, H.C. Tucker, “O Centenário Methodista Sul-Americano”, in Expositor Cristão, 03/03/1936, p. 1; Kennedy, CAMB., p. 50.

[25] Rocha, LP., I, p. 30; Jardim, EHED., p. 34.

[26] Lessa, APIPSP., p. 700.

[27] Cf. Jardim, EHED., p. 29.

[28] Vd. detalhes deste episódio in João Fernandes Dagama, Perseguição dos Calvinistas da Madeira, São Paulo, (s. editora), 1896, p. 18ss.

[29] Cf. Roberto Reid Kalley: In: António da Costa Leão, et. al., eds. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, Limitada, 1960, Vol. XIV, p. 431. (Doravante, citado como GEPB); Hahn, HCPB., p. 139.

[30] Vd. João F. Dagama, Ibidem., p. 78ss.; Jardim, EHED., p. 32-33

[31] Cf. “Roberto Reid Kalley”, in GEPB., Vol. XIV, p. 431; Jardim, EHED., p. 33.

[32] Cf. “Roberto Reid Kalley”, in GEPB., Vol. XIV, p. 431; Jardim, EHED., p. 34; Hahn, HCPB., p. 138.

[33] Vd. Hahn, HCPB., p. 137-138.

[34] Quanto às circunstâncias em que Robert e Sarah se conheceram, Vd. Hahn, HCPB., p. 149.

[35] Vd. Vieira, PMQRB., p. 113ss; Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, São Paulo, Casa Editora Presbiteriana, 1981, p. 20ss. (Doravante, citado como PCB); B. Ribeiro, O Padre Protestante, São Paulo, Casa Editora Presbiteriana, 2ª ed. 1979, p. 95ss (Doravante, citado como PP); Émile G. Léonard, O Protestantismo Brasileiro, São Paulo, ASTE, (1963), p. 49ss. (Doravante, citado como PB).

[36] Rocha, LP., I, p. 31; Vieira, PMQRB., p. 116.

[37] Jardim, EHED., p. 37; Henriqueta R.F. Braga, Música Sacra Evangélica no Brasil, Rio de Janeiro, Livraria Kosmos Editora, (1961), p. 108. (Doravante, citada como MSEB).

[38] Localizada na atual rua Benjamin Constant, 280. (Cf. Braga, MSEB., p. 108).

[39] Conforme bem relata Henriqueta Braga, esta foi “a primeira Escola Dominical de caráter permanente, em vernáculo.” (Braga, MSEB., p. 276). Observe-se a expressão: “caráter permanente”.

[40] Ao que parece, o Sr. Webb era americano; no entanto, as informações de que dispomos dizem que a escola começou com os “filhos da Srª Webb e da Srª Carpenter” (Jardim, EHED., p. 38); na seqüência, diz que a Srª Kalley “instalou a escola com 5 alunos, filhos de duas famílias inglesas” (Jardim, EHED., p. 39. Do mesmo modo, Rocha, LP., I, p. 33)

[41] Henriqueta R.F. Braga nos diz que “os primeiros hinos evangélicos cantados no Brasil, em língua portuguesa, foram provavelmente aqueles entoados nessa incipiente Escola Dominical” , a saber: “Louvemos Todos ao Pai do Céu” (SH. 32); “Todos que na terra moram” (SH. 17); “O Meu fiel Pastor” (SH. 7); “Alma! Escuta ao bom Senhor!” (SH. 33); “Cá Sofremos Aflição” (SH. 76); “Tem compaixão de mim, Senhor!” (SH. 51); “Jesus Cristo já morreu” (SH. 26) e “Andávamos longe de Deus” (SH. 45). (Braga, MSEB., p. 109).

[42] Jardim, EHED., p. 39. Lembremo-nos que a Srª Kalley, quando solteira, fora professora de uma classe de Escola Dominical que funcionava em sua casa, na cidade de Torquay, Inglaterra, tendo sido seu aluno, William D. Pitt. (Rocha, LP., I, p. 35; Lessa, APIPSP., p. 26, 702). Pitt, que, a convite do Dr. Kalley, veio dos Estados Unidos para Petrópolis em dezembro de 1855, mudou-se para São Paulo em 16/04/1863, estabelecendo-se no comércio de artigos para lavoura e querosene (Ribeiro, PCB., p. 45; Rocha, LP., I, p. 202). Permaneceu como membro da Igreja Evangélica Fluminense até 30/11/1866 (Ibidem., p. 202), quando foi-lhe concedida transferência para a Igreja Presbiteriana de São Paulo (Ibidem., p. 202). Mesmo sem ter estudado num Seminário, Pitt, que fora um auxiliar valoroso de Kalley e depois de Blackford, foi ordenado pastor na 5ª Reunião do Presbitério do Rio de Janeiro, em 16/08/1869 (Lessa, APIPSP., p. 68-69). Todavia, morreu pouco tempo depois em 13/03/1870, em casa de Chamberlain, São Paulo. (Lessa, APIPSP., p. 75).

[43] Rocha, LP., I, p. 32.

[44] Jardim, EHED., p. 40; Rocha, LP., I, p. 32 e 36.

[45] Jardim, EHED., p. 39-40; Rocha, LP., I, p. 36.

[46] Cf. o testemunho de uma aluna desta época, Christina F. Braga, in Jardim, EHED., p. 40. (Parte deste texto está transcrito infra); Braga, MSEB., p. 110.

[47] Rocha, LP., I, p. 36.

[48] Jardim, EHED., p. 41.

[49] Rocha, LP., I, p. 36; Jardim, EHED., p. 41. As informações de ambos são conflitantes quanto ao “português” e ao “inglês”, contudo, são idênticas quando às seis crianças que só sabiam o alemão. Acredito que entre elas havia os três idiomas representados…

[50] Vd. foto in Jardim, EHED., p. 40.

[51] Cf. Henriqueta R.F. Braga, Salmos e Hinos: Sua origem e desenvolvimento, Rio de Janeiro, Igreja Evangélica Fluminense, 1983, p. 23 (nota 17). (Doravante, citado como SHOD).

[52] Carta in Jardim, EHED., p. 42-44.

[53] Braga, MSEB., p. 110; Jardim, EHED., p. 81; Rocha, LP., I, p. 127 e 270.

[54] Jardim, EHED., p. 109.

[55] Jardim, EHED., p. 158.

[56] Jardim, EHED., p. 62, 158. “Em 14 de Julho de 1871, a Igreja resolveu organizar a Escola Dominical nos moldes modernos, compreendendo alunos de todas as idades, desde as criancinhas até os anciãos.
“No domingo seguinte, 16 de julho de 1871, foi dado início a essa organização, tendo comparecido 200 alunos de ambos os sexos, que foram distribuídos por 26 classes, cada uma com o seu professor.” (Jardim, EHED., p. 149).

[57] Vd. mais detalhes em Braga, MSEB., p. 125; Braga, SHOD., 91 p.

[58] Lessa, APISPS., p. 702.

[59] M. Lutero, Carta a Ludovico Senfl, 1530, in Pelo Evangelho de Cristo (Selecta de textos do Reformador), Rio Grande do Sul, Concórdia/Sinodal, 1984, p. 216.

[60] Vd. Hermisten M.P. Costa, Os Primórdios do Presbiterianismo no Brasil, São Paulo, 1997. (Doravante, citado como PPB).

[61] Júlio A. Ferreira, História da Igreja Presbiteriana do Brasil, São Paulo, Casa Editora Presbiteriana, 2ª ed., 1992, Vol. I, p. 21. (Doravante, citado como HIPB).

[62] Cf. Vieira, PMQRB., p. 91 e 135.

[63] Vieira, PMQRB., p. 91.

[64] Veja-se Luiz Agassiz e Elizabeth C. Agassiz, Viagem ao Brasil: 1865-1866, Belo Horizonte, Itatiaia/Editora da Universidade de São Paulo, 1975, p. 92. (Doravante, citado como VB).

[65] Vieira, PMQRB., p. 91. O Dr. Pacheco tornou-se também amigo do casal Agassiz, sendo alvo constante de referências que dignificam a sua pessoa e amizade. Vejam-se: Agassiz, VB., p. 53, 75, 91, 92, 275.

[66] Diário de Simonton, 08/09/1859. (Doravante, citado como DS).

[67] Vieira, PMQRB., p. 135.

[68] DS., 02/12/1859.

[69] Vejam-se: DS., 08/09/1859; 08/11/1859; 26/11/1859; 02/12/1859; 03/01/1860; 21/01/1860; 24/02/1860; 13/08/1860, etc.

[70] DS., 03/01/1860.

[71] DS., 11/04/1860.

[72] DS., 28/04/1860. É possível que a expressão “Catecismo de História Sagrada”, seja, na realidade, “Catecismo e História Sagrada”. (Vd. Ribeiro, PCB., 23).

[73] DS., 01/05/1860.

[74] Trajano, QAEEPRJ., p. 13; O Estandarte, 18/1/1912, p. 8; Ribeiro, PP., p. 100; Ribeiro, PCB., p. 46; Lessa, APIPSP., p. 24.

[75] Ribeiro, PCB., p. 61; Hahn, HCPB., p. 175.

[76] Vd. Carlos R. Brandão, O Que é Educação, São Paulo, Brasiliense, 6ª ed. 1982, p. 7ss.

[77] Vd. Battista Mondin, Introdução à Filosofia, São Paulo, Paulinas, 4ª ed., 1983, p. 105; Hermisten M.P. Costa, Jovem Cristão: Realista ou Alienado ?, São Paulo, 1997.

[78] Vd. Hermisten M.P. Costa, Educação Moral e Ética, São Paulo, 1993, 30 p.

[79] Vd. o sugestivo artigo do professor Moacyr Vaz Guimarães, Educação: Prioridade Esquecida, in Cadernos de Problemas Brasileiros, (encarte), nº 278, mar/abril de 1990, 35p.

[80] O poeta Ovídio (42 aC.-18 dC.), coloca nos lábios de Medéia este problema: “A paixão me incita a uma coisa, a razão me aconselha outra. Vejo o bem e o aprovo, mas sou arrastada pelo mal.” (Ovídio, Metamorfoses, Rio de Janeiro, Tecnoprint, 1983, Livro VII, p. 165). Recentemente, com a suspeita que paira sobre dois ex-alunos de Harvard: o matemático Theodore John Kaczynski e o médico Daniel Carleton Gajdusek, acusados respectivamente de terrorista e de explorador sexual de crianças, foi reaberta a questão da crença “de que a educação torna as pessoas mais humanas….” (Vd. Carlos E. L. da Silva, “A Mancha do crime no mundo ideal de Harvard”, in Folha de São Paulo, 21/4/96, Caderno “Mais!”, p. 3).
Harvard College, foi criado em 1636 na vila de New Town [depois (1638) chamada de Cambridge], recebeu este nome em homenagem ao pastor puritano, John Harvard (1607-1638), que havia doado 800 libras e 400 volumes de livros. [Compare: Lucien Febvre e Henry-Jean Martin, O Aparecimento do Livro, São Paulo, Hucitec., 1992, p. 305; Mark A. Noll, A History of Christianity in the United States and Canada, Grand Rapids, Michigan, USA., Eerdmans, 1993 (Reprinted), p. 44]. A escola recebeu outros donativos e o Estado completou o resto. (Vd. Primeiros Frutos da Nova Inglaterra, (1643) in Documentos Históricos dos Estados Unidos, Harold C. Syrett, org., São Paulo, Cultrix, 1980, p. 29. (Este folheto foi publicado em 1643, em Londres, por ocasião da formatura da primeira turma de Harvard. Aqui temos uma espécie de histórico da instituição, acompanhado dos seus estatutos e vida cotidiana; ele é um apelo para aquisição de mais fundos…). Este documento começa assim: “Depois que Deus nos conduziu sãos e salvos para Nova Inglaterra, e construímos nossas casas e asseguramos o necessário para nossos meios de subsistência, edificamos locais convenientes para o culto de Deus e estabelecemos nosso Governo Civil: Depois disso, uma das coisas que mais ambicionávamos era ncentivar o Ensino e perpetuá-lo para a Posteridade; temendo deixar um Clero ignorante para as Igrejas, quando nossos atuais Ministros repousarem ao Pó.”

[81] Platão, Protágoras, 345,352,358; Aristóteles, Ética a Nicômaco, VII,2. 1146.

[82] Vejam-se outros exemplos em Hermisten M.P. Costa, Reflexões Antropológicas, Campinas, SP., 1979, p. 21ss. O juiz Robert Jackson disse: “Um dos paradoxos de nossa época está em que a sociedade moderna só tem a recear… o homem educado.” (Apud Billy Graham, Mundo em Chamas, Belo Horizonte, MG./Rio de Janeiro, Editora Betânia/Record, 2ª ed., 1968, p. 218).

[83] Lawrence O. Richards, Teologia da Educação Cristã, São Paulo, Vida Nova, 1980, p. 254.

[84] R.B. Kuiper, El Cuerpo Glorioso de Cristo, Grand Rapids, Michigan, USA., SLC., 1985, p. 60.

[85] Leonard T. Van Horn, “Enseñar, Enseñaza, Maestro”, in Diccionario de Teologia, E.F. Harrison, ed., Grand Rapids, Michigan, USA., TELL., 1985, p. 191b.

São Paulo, 30 de setembro de 1997
Fonte: www.presbiterianismo.com.br/Historia/Historia009.htm – 65k

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