Autor: Gustavo Bessa
O enfoque da oração não é a oração; é o próprio Deus – apesar dessa lição ser extremamente básica, temos uma facilidade imensa para esquecê-la. Formamos uma sociedade tão orientada para a técnica que gostamos de usar instrumentos somente pelo prazer de usá-los. Mas todos os instrumentos têm um propósito específico além de si mesmos; oramos não somente para desfrutar da experiência de orar, mas para nos comunicar com Deus, para nos submeter a Ele, para sermos como Ele, para O amarmos e servirmos. A oração é a nossa resposta ao interesse demonstrado por Deus em nós e ao Seu amor por nós. Orar é tomar consciência de que o Espírito de Deus vive em nós. Por meio da oração exploramos um relacionamento mais profundo e mais íntimo com Deus.
Muitas pessoas têm experimentado frustrações terríveis na sua busca por Deus. Elas buscam a Deus em lugares diferentes, esquecendo-se de que Deus se encontra no coração das pessoas e não em lugares. O próprio Deus já havia declarado: Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração (Jr 29.13). Jesus está batendo à porta. Se nós o ouvirmos e abrirmos a porta, Ele entrará em nosso coração; esse é o ponto inicial da verdadeira oração. Uma vez que tenhamos aprendido a responder a Deus dizendo: “Sim, Senhor, vem à minha vida para ficares”, então poderemos começar a enfocar a nossa atenção sobre Ele.
Orar significa buscar a mente e o Espírito de Jesus
Jesus não pode tornar-se apenas um “hóspede” em nosso coração. A entrada dEle em nosso coração nos torna servos. Precisamos descobrir que devemos nos render inteiramente ao senhorio de Cristo de maneira que Ele venha dirigir a nossa vida e determinar a nossa vontade.
Jesus ilustrou esse ponto usando a figura de um ramo de videira junto ao seu tronco: o ramo só produz fruto estando na videira.
Precisamos começar a ver o que Jesus tem para fazer em nós e através de nós. Nossas mudanças íntimas se tornam muito mais importantes do que as coisas que poderíamos conseguir fazer diante das pessoas.
Tornamo-nos abertos ao Espírito Santo, começando a responder àquilo sobre o que lemos na Bíblia, e também curiosos acerca de como Ele quer que nossas vidas sejam. Então a oração se torna mais uma questão de ouvir do que de falar.
A oração precisa de ajuda para funcionar
Há muitas maneiras pelas quais podemos encorajar nosso crescimento na oração. A ajuda mais importante para a oração é começar a fazer nossas explorações na Bíblia. Jesus disse: Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus (Mt 4.4).
Jesus cresceu conhecendo e amando as Escrituras. O apóstolo Paulo também escreveu: Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça; a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2Tm 3.16,17).
A oração avança de mãos dadas com o descobrimento das riquezas da Bíblia. Quando nos saturamos com os ensinos e as atitudes da Bíblia, começamos a enfocar nossas vidas sobre o que Deus nos revelou através dela. Depois da Bíblia, devemos ler livros que venham a despertar atitudes em nossos corações. Esses livros podem nos mostrar como outras pessoas têm permanecido com Deus mais seriamente do que o estamos fazendo. Isso é naturalmente doloroso e pode nos envergonhar, mas também nos fazer buscar um relacionamento mais profundo com Deus.
Outro valioso apoio à oração é o jejum. Jejuar significa privar-nos de qualquer atividade ou hábito que esteja profundamente arraigado em nossas vidas. Tal como se dá com a oração, não há valor particular no jejum em si mesmo; ele é posto em prática por finalidades muito maiores que ele mesmo. O jejum nos aclara a mente, nos ajuda a nos concentrar em algum assunto específico, nos permite subordinar as necessidades do nosso corpo à nossa necessidade de Deus. O jejum nos ajuda a controlar os nossos apetites antes que lhes seja dada a chance de nos controlarem.
A quietude da presença de Deus também encoraja nosso crescimento na oração. Manter-se quieto na presença de Deus significa rejeitar toda intrusão que pretenda interromper nossa estada com Ele. Essas intrusões podem incluir ruídos, pensamentos ansiosos ou até mesmo a autoconsciência. A oração nesse nível acontece quando nenhuma palavra é proferida, nenhum pensamento é declarado, porquanto a presença de Deus ultrapassa todos os sentidos que possamos querer declarar. O pensamento do Salmo 46, Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus, é o clímax da vida de oração.
A comunidade e a orientação espiritual são também importantes para o crescimento da dimensão da oração, porquanto trazem encorajamento às pessoas que oram a partir da troca de experiência de oração. A oração envia-nos a um universo expansivo de relacionamentos – com Deus, com nossos semelhantes e também com nós mesmos. A jornada interior, em reflexão, a jornada para cima, com Deus, e a jornada para fora, paralelamente a outras pessoas, abre os nossos corações à maior jornada de nossas vidas, a qual, uma vez iniciada, não tem
caminho de retorno.
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