Graça soberana

Autor: Elvis Kleiber

Da minha infância guardo na memória muitos momentos em que fui consolado e encorajado por minha mãe diante das enfermidades e desafios que enfrentava. Em muitas ocasiões minha desobediência me fazia esperar que além dos conselhos, viesse também o castigo em que ela me puniria de algum modo. Porém muitas vezes fui surpreendido com gestos de amor e carinho em ocasiões que eu não merecia. O tempo passava e aos poucos eu descobria que ela estava me ensinando o significado da palavra graça. Quando me tornei adulto, fui confrontado com uma graça ainda maior do que aquela que marcara minha infância. Só o conhecimento da graça soberana de Deus agindo no coração humano nos faz compreender o mistério da cruz.

Dentre muitos símbolos que nos lembram os ensinos do cristianismo, nada pode comparar-se à cruz. Acredito que seria impossível compreendermos a graça soberana de Deus dissociada da cruz de Cristo. “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus”. (I Cor. 1:18). A graça e a cruz estão fundidas a tal ponto que a soberania de Deus opera por meio da responsabilidade do homem. Como isto é imprescindível para obtermos uma fé sadia em Jesus Cristo! Como esta compreensão afasta de nós qualquer hipótese de abraçarmos uma espiritualidade oriunda apenas da fé do homem diante de um Deus que pode parecer inerte a tudo que nos acontece. Enquanto a muitos é ensinado o valor das experiências místicas e “sobrenaturais” que parecem possuir valor e significado maiores que a graça expressa na cruz. Haveria maior bênção para nós do que confiarmos que nossa fé e salvação estão baseadas na graça redentora de Deus que nos escolheu? (Ef. 1:4) e que predestinou a nossa salvação por intermédio da morte de seu filho Jesus Cristo antes da fundação do mundo? (Apc. 13:8b).

Neste mês relembramos a reforma protestante e desejamos reafirmar sua essência na compreensão da salvação por meio da graça. A Igreja do Senhor Jesus necessita caminhar rumo ao retorno às suas origens como Igreja que prega que só a escritura e a graça de Deus manifestada por intermédio de seu filho são suficientes para redimir nossos pecados e nos libertar de todo julgo e opressão. A soberania de Deus tem sido diminuída por uma teologia que hipervaloriza a ação do homem dando-lhe o poder de influenciar os acontecimentos ao seu redor. Pensar na reforma protestante é muito mais que reafirmar que a salvação do homem se dá por meio da graça de Deus revelada na cruz. É acender a chama da presciência e dos decretos de Deus que governam o universo independente do que nós achamos e pensamos e que possui total e completo controle da humanidade. Esse é o Deus que confio e sirvo. Um Deus que possui autoridade e que não se deixa impressionar pela religiosidade e aparência de santificação desprovida de uma entrega e confiança resoluta a Ele. É assim que tens confiado em Deus? Ou precisas ajudá-lo a resolver teus anseios e inquietações? Ele é o Senhor e por isto não deve satisfação de seus atos aos seus súditos embora os ame, ou apesar de sermos chamados servos podemos decretar, ordenar e manipular seus atos para nosso bel prazer?

Pr. Elvis Kleiber F. de Carvalho
Pastor da Igreja Congregacional da Federação (Salvador-BA)
elviskleiber@ig.com.br

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