Autor: Ariovaldo Ramos
“Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito, pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?” I Timóteo 3:1-5
Até onde posso ver, esse texto apresenta a família como um referendo para quem almeja o episcopado (supervisão, função de quem é pastor.) Paulo orienta seu discípulo sobre as bases para a unção do ancião. Em primeiro lugar, deixa claro que não há nenhum problema em alguém querer a função de bispo (supervisor do rebanho de Deus). Fiel também é a palavra: se alguém aspira o episcopado, excelente obra almeja, (v.1) Em segundo lugar, apresenta os pré requisitos que tornam uma pessoa possível de ser ordenada pastor. E, nestes, encontramos uma referencia de como cuidar de nossa casa, (v.4).
Uma pessoa, entre outras qualidades, para ser considerada como postulante ao pastorado, tem de governar bem a sua casa. Seus filhos tem de ser disciplinados e respeitosos. É essa realidade familiar que atesta se o candidato é ou não um líder. É algo a ser observado antes da ordenação, (vs.4-5). Essa, penso, é a relação entre a família do ministro e o seu ministério. A família respalda o seu ministério, porém, não necessariamente, ministra com ele.
Na história recente da igreja, entretanto, tem sido cobrado que a família do pastor ministre com ele: os filhos tem que ser lideres exemplares, a esposa, além de organista, tem de estar liderando as senhoras e o serviço social. Mais que a família do pastor, tem de ser uma família de pastores.
Curiosamente esse é um fardo que, em geral, só é colocado sobre a família do pastor. Os demais oficiais da Igreja ficam isentos: a família do presbítero não tem de exercer presbiterato, a do diácono não tem de exercer o diaconato. Porém, a família pastoral, pôr meio de, na maioria das vezes, meias palavras, se espera um exercício de pastorado: – “mas você não é o filho do pastor?”
Essa sobrecarga injusta acaba por gerar, no pastor e na sua família, um estresse insuportável. O ministério, ao invés de fonte de benção, converte-se em fonte de neuroses e sofrimento. E fica pior se o pastor adota essa mesma postura, tornando-se assim, o algoz da própria família.
Para o bem da Igreja, do pastor e de sua família, seria bom se a comunidade compreendesse que a família do pastor não é co-pastora e tem de ser pastoreada como qualquer outra. A família concede ou não ao cristão autoridade para postular o ministério. No demais, a família do ministro é apenas mais uma família da comunidade, que merece ser tratada como qualquer outra, isto é, bem tratada.
Ariovaldo Ramos Missionário da Sepal e pastor da Igreja Reformada Plena de São Paulo
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