Eu verei a Deus

Observa o tema da piedosa esperança de Job: “Verei a Deus.” Ele não diz: “Verei os santos”, conquanto, sem dúvida, isso será uma felicidade não revelada, mas “Verei a Deus.” Não diz tampouco: “Verei os portões de pérola, olharei os muros de jaspe, contemplarei as coroas de ouro”, mas “Verei a Deus.” Isto é o cúmulo e a substância do Céu; é a jubilosa esperança de todos os crentes.
É o deleite deles vê-Lo agora pela fé. Eles gostam de contemplá-Lo na comunhão e na oração, nas lá no Céu eles terão uma clara e desanuviada visão, e então, e deste modo vendo-‘O como Ele é’, serão completamente feitos semelhantes a Ele. Semelhantes a Deus! Que mais podemos desejar? Uma visão de Deus! Que coisa superior a esta podemos ansiar?
Alguns lêem assim a passagem: “Ainda em minha carne verei a Deus,” e acham aqui uma alusão a Cristo como o “Verbo feito carne”, e àquela gloriosa contemplação que constituirá o esplendor dos últimos dias. De qualquer forma a verdade é que Cristo será o objecto da nossa eterna visão; nem, tampouco, nós desejamos um júbilo que seja maior do que o júbilo de contemplarmos a Cristo. Não penses que o contemplar a Cristo será para a mente uma actividade limitada. O contemplá-lo é não só uma fonte de deleite, mas uma fonte infinita.
Todos os Seus atributos serão objecto de contemplação, e como Ele é infinito em todos os aspectos, não há temor de esgotamento. As Suas obras, os Seus dons, o Seu amor por nós e a Sua glória em todos Seus propósitos e em todas as Suas acções, tudo isto será um tema que será sempre novo. O patriarca olhava para esta visão de Deus como um gozo pessoal. “E os meus olhos, e não outros, o verão.” Considera as reais perspectivas da bem-aventurança do Céu; pensa que essa glória será para ti. “Os teus olhos verão o Rei na sua formosura.”
Todo o esplendor terrestre empalidece e se obscurece à medida que o contemplamos, porém, nestas palavras há um esplendor que jamais pode extinguir-se, uma glória que jamais pode diminuir: “Eu verei a Deus.”
Evening’s Meditation—C. H. Spurgeon
www.spurgeon.org
Meditações Vespertinas. Tradução de Carlos António da Rocha

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