Autor: Antonio Mendes Gonçales
Certa vez ouvi de um missionário que trabalhava entre os povos não alcançados: “A grande dificuldade para a conversão de um mulçumano é a instabilidade doutrinária dos evangélicos em geral”. Diante do exposto, pedi-lhe mais explicações e ele complementou: “Para um mulçumano, o que Alá falou, tá falado. Não se discute e não se atualiza a nossa doutrina”. Tenho as minhas convicções doutrinárias, as quais me nego veementemente a atualizá-las, pois entendo não serem como programas de computador que necessitam sempre de atualização. Será que a “intelectualização” dos homens tem o poder de suplantar o entendimento doutrinário que os grandes homens de Deus tiveram no passado? Estariam eles desatualizados? Fico impressionado com a dedicação de muitos ao estudo das línguas originais, escrevem livros, na busca de alargar o caminho, tornar o fardo leve e transformar a pesada cruz de madeira em isopor (Lucas 14.27).
Certa feita um colega me fez a seguinte indagação: “Você ainda tem a mesma posição quanto àquela questão doutrinária?” Prontamente respondi que sim. Ele me disse que havia mudado. Provavelmente ele acabara de ler algum livro de um teólogo, que vive covardemente sob a pressão da sociedade ou dos mandões de igreja. No momento fiquei chocado e pensei que eu também poderia mudar, pois a mudança poderia fazer de mim um pastor mais “tolerante”, “simpático” e bem mais “light”. Eu passaria a “jogar para a torcida”, mas Deus jamais estaria comigo nesse jogo. Quando aceitamos as mudanças doutrinárias que nos levam a tolerância para com o pecado, sinalizamos para um mulçumano: O que Deus falou, não está falado. Não dá para sustentar a Verdade!
O mundo mudou e Deus tem que mudar também! Os princípios divinos estão caducos! Vivemos outra realidade! A sociedade mudou! etc. A nossa postura pode tirar um mulçumano do caminho da salvação. Ele precisa saber que Deus não muda e tão pouco os seus eternos princípios. A cruz ainda existe para ser carregada (Lucas 14.27). O fardo está ai para ser transportado. O caminho difícil e estreito está ai para ser trilhado (Mateus 7.13). Todo mundo está “virando crente”, porque se prega um evangelho frouxo, medroso e fajuto.
O apóstolo Paulo já tinha essa mesma preocupação quando alertou os gálatas quanto à pregação de “outro evangelho” (Gálatas 1.6-8). Mas se pregarmos e vivermos o verdadeiro evangelho as pessoas não vão “virar crentes”, mas serão transformadas, feitas novas criaturas, e, capacitadas pelo Espírito Santo, não vão mudar e estarão dispostas a pagarem o alto preço de serem crentes no Senhor Jesus. Certa feita o Senhor Jesus chamou seus discípulos à responsabilidade e deu-lhes a opção de abandoná-lo (João 6.66). Muitos covardemente o abandonaram: Nós mudamos! Não queremos mais andar com o Senhor e nem ouvir seu discurso! O caminho é muito difícil (João 6.60)! Porém, Pedro levantou-se e disse: “Mestre, para quem iremos nós? Só tu tens palavras de verdade.” Eu não mudo! (João 6.67-68).
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