Autor: Jonathan Menezes
Eu creio no pentecostes! Creio na destreza, liberdade e poder do Espírito Santo no meio da Igreja. Creio que o Espírito age das formas mais inusitadas e através das pessoas mais inusitadas também, do ponto de vista humano, e não divino, pois Deus ama, acolhe e usa os “pequeninos” a quem Lhe aprouve “dar o Reino”.
Creio que, assim, ele confunde os poderosos, tão ocupados em manter as estruturas e em colocar mais fermento no bolo do poder, e mais chantilly, a fim de que possam se lambuzar mais e mais… Porém, acerca desses, Jesus já havia nos advertido, de que haveria lobos em pele de cordeiros, que expulsariam demônios e até curariam em seu nome, mas aos quais ele (Jesus), definitivamente, não reconheceria como sendo “seus”.
O que ele não nos avisou (e nem teria como) é que, ao nos deixar o Espírito, ele também deixaria em aberto vias e formas através das quais viria o Reino, porque o Espírito é livre, liberta e revoluciona. Em muitos sentidos, o Espírito revolucionou a Igreja no mundo por meio do movimento chamado pentecostalismo, por muitas razões. Uma delas é que o pentecostalismo conseguiu atingir os “bolsões” populacionais que o protestantismo tradicional não foi capaz de fazer nesse país, por suas características e raízes históricas. De modo prático, não apenas ofereceu uma “nova cara” – a cara do crente-pentecostal-brasileiro – como conferiu dignidade e valor às pessoas que, dentro de seu ramos sociais externos, de uma sociedade capitalista “selvagem”, já haviam há muito tempo perdido ambas, tanto a dignidade como a auto-estima.
Convencionou-se demais, especialmente entre os evangélicos “históricos”, “bater” no pentecostalismo, como se esse movimento nada pudesse acrescentar ao avanço do Evangelho em nosso país – e em muitos aspectos o que se fez mesmo foi “andar pra trás”; porém, o detalhe é que protestantismo também deve ser incluso nessa crítica, por outras razões, é óbvio, mas longe está de ser “isento”. Como todo movimento humano, o pentecostalismo também tem suas falhas, maneirismos e exageros. E tem como ser diferente, pergunto? Esse olhar empático para a sua história no continente latino-americano ajuda-nos a perceber o quanto as dinâmicas do reino e da missão estão fora de nossas mãos e do nosso controle. Deus está no controle. O Espírito sopra onde quer. E ele soprou e sopra muito através dos pentecostais; quem viveu viu e quem viver verá.
Os pentecostais precisam ajustar erros históricos e desajustes com a vontade e a Palavra de Deus? Sim! Mas quem disse que as confessionalidades “históricas” também não precisam? Esse diálogo é pioneiro, praticamente não existe, porque ambos os lados estão fechados para a possibilidade de dialogar, o que implica em abrir mão de certos “bezerros de ouro” e passar de uma vez por todas a considerar os outros como superiores a si mesmo. Esse diálogo não vai se dar através de iniciativas institucionais, de campanhas ou organizações porque todos esses esquemas estão muito comprometidos com interesses outros, e não necessariamente com o vínculo da paz: histórica, real, divina. Esse diálogo deve começar através de nós, servos comprometidos com o reino e que desejam ver uma face da igreja (uma pelo menos) sendo mudada, e vidas sendo transformadas conforme a vontade do Senhor pela renovação de nossa mente.
Dessa revolução nós carecemos! E ela já começou! Começou porque o espírito age à revelia de nossos despertamentos e consciências; ele já está lá, aqui, acolá, ele não dorme, não descansa, não se engessa. “Ouçamos o Espírito, ouçamos o mundo”, diria John Stott.
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