A espiritualidade evangélica, e em especial a brasileira, é marcada por sua característica extremamente estética. No decorrer dos anos, logo após a inserção do cristianismo em nossa terra, os missionários ensinaram os novos convertidos a não beber, não fumar e não dançar (lógico que estou sendo reducionista). Mas o certo era que os adeptos da nova religião não poderiam mais ser identificados com os católicos. Assim, um modelo de espiritualidade foi sendo cunhado. Formas foram criadas. Os que não se amoldavam a elas eram taxados ora de fracos na fé, ora crentes carnais.
Com a chegada do pentecostalismo a estética da espiritualidade ganhou mais força ainda. Outros componentes foram adicionados àqueles trazidos pelos missionários e vividos nas igrejas tradicionais. Agora, além do “não pode isso”, tinha também o “você tem que fazer isso”. Consequentemente, o crente foi se achatando, vivendo no temor de não agradar a Deus pela não observância de alguns dos “mandamentos”.
A espiritualidade externa ou estética é uma conversa para boi dormir. Ela não existe e se existe é mais falsa do uma nota de três reais. Essa espiritualidade causa medo nos milhares de crentes aprisionados pelo sistema religioso inventado por lideres eclesiásticos que sabem de Bíblia o tanto que eu sei sobre como pilotar foguetes da NASA, ou seja: nada.
Quando mais ignorante é o líder, mais carga ele coloca sobre o povo.
Quando mais ignorante é o líder, mais ele apela para o famoso “Deus me revelou”.
Quando mais ignorante é o líder, mais ele usa o bordão “eu tenho o cajado”.
Coitados dos nossos crentes. Querem tanto agradar a Deus seguindo as ordens humanas. Não conseguem, naturalmente. Ao errarem, e vão errar, sentir-se-ão fracos, incompetentes e com grande sentimento de culpa pelo fracasso espiritual. Nutrirão dúvidas sobre a salvação, sobre o amor de Deus e ficarão decepcionados com Ele.
Precisava de tudo isso?
Antonio C. Barro