Esgotamento do pastor

Autor: Caio Fábio
Entrevista com Caio Fábio sobre esgotamento do Pastor

Reverendo, estamos elaborando uma matéria para a Revista sobre estresse pastoral. Gostaria da sua participação, falando de sobre o esgotamento físico que muitos pastores enfrentam com o acúmulo de atividades. Estou enviando algumas perguntas para facilitar?

1- O que um pastor deve fazer para não entrar num ciclo vicioso de atividades e não adoecer?

Primeiramente ele deve saber que não passa de um ser humano. Quando há desrespeito para com a dimensão humana, o corpo cansa, a alma se esgota e os espírito perde a alegria de servir pelo simples privelégio de servir. Além disso, o pastor não pode sucumbir à “necessidade” da igreja de que ele se apresente como um ser mineral, para além da necessidade de viver e respirar a mesma Graça que prega para outros. Amigos verdadeiros também são fundamentais. Há muita relação performáticas entre pastores. Geralmente pastores quando se encontram desejam apenas contar histórias de sucesso. Além disso, a maioria dos pastores, infelizmente, aprende logo que não pode confiar no outro. Portanto, encontrar amigos que sejam irmãos para além das “peripécias do circo dos sucessos” é de importância capital. Muitas crises podem ser evitadas quando tem-se amigos que não são como os “amigos de Jó”.

2- Muitas vezes, o pastor se dedica tanto a igreja que deixa a família um pouco de lado. Como buscar o equilíbrio?

Paulo diz que quem se casa está “dividido” entre o servir à Deus e os cuidados do mundo. E mais: quando alguém se casa deve saber que é assim que tem que ser. Não é possível ser diferente e ser sadio. Esta “divisão” na maioria das vezes passa a ser parte do problema do pastor–na maioria das ocasiões em razão das cobranças de uma virtualidade inumana também em relação à sua família! Quando o pastor sucumbe à demanda da igreja–a de que ele tenha mulher e filhos que sejam parte do ministério–o que acontece é que o peso do ministério tira o elemento lúdico e a leveza das relações familires. E a desembocadura disso, em geral, inicia pelo esfriamento da alegria e do desejo cunjugal e acaba recaindo sobre os filhos, que, naturalmente, querem ou participar do ministério do pai para terem um lugar ao sol ou mergulham em profunda aversão em relação à igreja, que é vista como um “vampiro insaciável”. O conselho de Paulo, portanto, é mais que válido: sadios são aqueles que sabem que uma vez casados estão “divididos”. E que é parte do ministério de um pastor casado assumir essa “divisão” como necessária à saúde dele e de sua família.

3-Os pastores geralmente são muito cobrados por suas condutas e opiniões. Acha que esse tipo de patrulhamento pode gerar stresse?

É um ciclo vicioso. A maioria dos pastores se queixa do que eles mesmos alimentam. Na maior parte das vezes os pastores querem se passar por seres especiais, acima do bem, do mal, do erro e das carências. Se a igreja fosse ensinada a “desfetichizar” os seus pastores e se os visse como seres humanos–sujeitos aos mesmos sentimentos que Elias–não haveria tanta doença. Mas o processo é infindável: pastores querem ser mais que humanos e a igreja quer pastores que falsifiquem sua humanidade em nome do “evangelho”. Nada é mais contrário ao Evangelho.

4- Uma maneira de aliviar o peso das reponsabilidades, seria delegar tarefas para outros pastores auxiliares?

Não! os pastores “auxiliares” são apenas um recurso “gerencial” de alivio. O problema reside no conceito. O pastor gosta de ser uma figura totêmica. Um ser acima dos mortais. Enquanto a doença for esta, não há nada que se possa fazer à respeito!

5- Por ser uma profissão que trabalha com a espiritualidade, não deveria causar menos estresse?

O trabalho espiritual é o mais stressante que existe. Justamente por isto é que a pessoa não pode ser como um anjo ou um ser de outro planeta. O pastor é um homem tentando ser útil a outros. E precisa da mesma Graça para viver que ele diz que os demais precisam.

Entrevistadora–Danielle. Entrevistado–Caio Fábio

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