Autor: Autor Desconhecido
Dr. Russell Shedd, um dos mais respeitado líder cristão fala sobre a importância do respeito nos relacionamentos
O respeito é conquistado, adquirido e também pode ser resgatado
Dr. Russell Shedd a Revista Lar Cristão tem o privilégio de entrevistar o Doutor Russell Shedd. Teólogo, mestre e Phd em Teologia do Novo Testamento pela Wheaton Graduate School of Theology, Dr. Shedd é um dos fundadores da Edições Vida Nova e da Shedd Publicações sendo, também, autor com vários títulos publicados.
Doutor Shedd, com sua sabedoria, conhecimento, simplicidade e sensatez tem sido referencial de vida para algumas gerações de líderes, privilegiados por tê-lo como professor na Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Casado com Patrícia, há 48 anos, são pais de cinco filhos.
Lar Cristão agradece ao Doutor Shedd, um dos mais respeitados líderes cristãos da atualidade, a gentileza em nos conceder esta entrevista:
Lar Cristão: Dr. Shedd, como podemos conceituar a palavra “respeito” na Bíblia? Existe alguma recomendação específica quanto ao seu uso?
Dr. Russell Shedd: Respeito está ligado à reputação e podemos ver, no livro de Provérbios, a tremenda importância desse tema. Seu uso também está ligado à reverência e ao temor, idéias sinônimas, paralelas.
LC: Gostaríamos de adentrar um pouco na morfologia e sintaxe desta palavra que tem sido tão desrespeitada em sua essência. O senhor poderia nos falar um pouco sobre ela?
RS: Respeito vem do latim e significa olhar de novo, ou olhar para trás e mostrar atenção pela importância de uma pessoa.
LC: Como esse respeito é adquirido, em termos eclesiásticos?
RS: Respeito é adquirido por meio do temor que a pessoa inspira. Quem teme a Deus o respeita, não blasfema. Temor é inspirado pelo medo de punição (como em Cingapura, no aeroporto, há uma placa que promete pena de morte a quem entrar com 15 ou mais gramas de tóxico no país!). Pessoas inspiram temor por sua importância e pelo poder de poderem mudar “a nossa sorte” para melhor ou para pior. Respeito também significa reconhecimento.
LC: Os padrões de respeito sofrem variação de época e de costumes?
RS: E como! Algumas culturas muito rígidas inspiravam muito respeito, como o caso dos puritanos nos séculos 16 e 17. Podemos imaginar Susana, mãe de John Wesley, não permitindo que seus filhos pedissem alguma coisa ou iniciassem uma conversa. Sabe-se que ao completarem 5 anos, sentavam-se à mesa e aprendiam o alfabeto. No dia seguinte começavam a ler a Bíblia naturalmente, contando com a ajuda de uma pessoa que poderia pronunciar, uma única vez, uma palavra na qual tivessem dúvida. Decorada a palavra, ela já seria considerada parte do vocabulário conhecido e a criança deveria continuar lendo.
Hoje há falta de respeito porque toda a nossa sociedade deixou de inspirar temor. Há liberdade quase total. A mãe de Wesley também se queixou da falta de respeito de seus filhos que foram enviados para outras famílias quando a casa em que moravam foi destruída pelo fogo (a biografia de Wesley pode ser vista, entre outros, nos seguintes sites: www.igreja-metodista.pt/origem.html; mb-soft.com/believe/ttc/wesley.htm).
LC: Como os pais podem se fazer respeitados por seus filhos? Há alguma indicação na Bíblia sobre isso?
RS: 1. Organizando bem a casa. Colocando ordem na vida dos filhos, de modo que saibam que não há plena liberdade de fazer tudo o que querem na hora que desejam. Por exemplo: um filho se atrasou porque não estava pronto para pegar a perua que o levaria para a escola. Perdeu a aula, mas não teve permissão para fazer o que queria. Ficou em seu quarto o dia todo fazendo lição de casa e estudando. Há outra coisa muito importante que deve ser dita: os filhos aprendem a respeitar, ou não, vendo e imitando os pais.
2. A base teológica é sempre importante. Vejamos: Deus é soberano. Os filhos precisam saber que se alguém não respeitar as leis do Universo, como por exemplo gravidade e combustão poderão cair, e/ou se queimar. As conseqüências de uma desobediência resultam em sofrimento. E tudo o que doe ensina. Se ao desrespeitarem forem corrigidos deverão aprender, na próxima vez, a prestar o devido respeito.
3. Restringir e selecionar programas de televisão, vídeos e DVDs, também são fontes de ensino que raras vezes transmitem respeito. Comunicam, a maior parte do tempo, liberdade de escolha e os filhos, muitas vezes, pensam que devem ter os mesmos direitos que as crianças dos filmes têm. Conheço uma mãe que mora em São Luiz de Maranhão, que disse aos seus filhos pequenos:
– Vocês sabem que têm apenas uma hora para assistir televisão. Querem gastar essa hora agora? Como as crianças responderam que sim, a mãe interrompeu o que estava fazendo, se sentou elas, acompanhou os desenhos animados e depois dirigiu uma conversa sobre o que tinham visto e aprendido.
LC: O jovem possui um ímpeto, natural da idade, que o leva a sempre achar que tem solução para tudo. Com isso, muitas vezes, despreza os mais velhos, incluindo nessa categoria, os próprios pais. O que o senhor diria a um jovem cristão de forma a ele poder apaziguar seu interior e ao mesmo tempo continuar respeitando os pais?
RS: Respeitar os pais é uma ordem bíblica. Não há como burlar este mandamento (um dos dez de Êxodo 20) e ter a bênção de Deus na vida. Mesmo que um filho faça curso superior e o pai mal saiba ler, ele tem muita experiência de vida para transmitir a esse filho que, se for sábio deverá perceber, abraçar essas lições e continuar respeitando seu pai. Pode-se também dizer que um pai que não mostra respeito, que bebe demais ou que não tem algum outro tipo de autocontrole, logo verá que seu filho aprendeu “direitinho” com ele!
LC: Não deveria ser assim, principalmente entre os cristãos, mas a verdade é que existem situações nas quais temos dificuldades em respeitar uma pessoa devido a sua aparência ou comportamento. Como podemos trabalhar essa área?
RS: Mentorear e confrontar são os meios que abrem as portas para mudança de comportamento. Os líderes espirituais, além de dar exemplo, devem mostrar as diretrizes bíblicas para nortear a vida em todas as áreas, inclusive nesta de respeito ao próximo. Dessa forma há como mensurar uma melhora de comportamento. A Bíblia tem muitas passagens que orientam sobre isso (Por exemplo: 1 Pedro 3.7; Romanos 13.1-5; Efésios 6.2,3; 5.33; 1 Timóteo 5.17 entre outros)
LC: O que um casal poderia fazer na iminência de perceber que o respeito está acabando?
RS: Buscar a ajuda de um sábio conselheiro, Obedecer às ordens bíblicas que colocam perdão em lugar de vingança. A comunicação é fundamental entre os cônjuges. É necessário que ambos se abram, identifiquem e verbalizem o que os está incomodando e o motivo de a perda de respeito.
LC: Poderia nos falar um pouco de sua história? Houve alguém, em especial em sua vida, a quem o senhor respeitou profundamente tendo se tornado um referencial em sua vida?
RS: Fui criado na Bolívia, em uma família com duas irmãs e um irmão mais velho. Nosso estilo de vida era simples. Nossos pais eram missionários, muito piedosos e vivíamos em meio a muita oração e leitura da Bíblia. Recebíamos educação e disciplina rígidas. Havia uma correia de couro, atrás da porta da cozinha, que nos lembrava das “regras da casa”: nunca mentir, nunca desrespeitar a mamãe e nunca dizer um “palavrão”. As pessoas que mais inspiraram a minha vida (além de meus pais) foram professores e pastores que muito me impressionaram com sua piedade e amor pelo Senhor. Em especial, Joseph Macaulay, da Igreja da Bíblia de Wheaton, Illinois (EUA), onde fui estudante nos anos 40.
LC: Vemos morando nas ruas, pessoas que já foram cidadãs normais. Em algum ponto de suas vidas algo aconteceu que desencadeou a perda do respeito próprio e também de qualquer iniciativa para recuperá-lo. Há outras que não vão fisicamente para as ruas, mas internamente encontram-se na mesma situação. O quadro é muito complexo, mas em termos gerais, o senhor diria que há como resgatar alguém que se encontra nessas condições?
RS: Há sim. Veja o caso de pastor Wildo de Anápolis. Ele trabalha há anos na recuperação de alcoólatras. Tem havido, também, muitos casos de restauração de pessoas que dormiam nas ruas. O mesmo ocorre com drogados. Deus tem permitido muitos casos de vitória, de recuperação da saúde e dignidade humanas, para a glória do Pai.
LC: Os cristãos que procuram seguir os princípios bíblicos de comportamento para as diversas áreas da vida, como relacionamento familiar, padrões sociais de comportamento são, muitas vezes, desrespeitados neste mundo pós-moderno. O senhor poderia dizer alguma palavra de alento, estímulo ou esperança para eles?
RS: A minha palavra é simples. A nossa forma de viver neste mundo deve se inspirar no mundo vindouro. Se a revelação bíblica é verdadeira podemos ter segurança que os “Lázaros” estarão muito melhor, daqui a cem anos, do que os “ricos” bem-sucedidos que ganharam muito respeito neste mundo.
Somos, profundamente, afetados pelas pessoas que vivem ao nosso redor. A igreja, também, deve ser para nós o lar fora do lar. Pessoas sérias, de caráter devem moldar nossas vidas na comunhão da igreja. Devemos, cada vez mais, buscar conhecer os padrões de Deus para nossos relacionamentos, começando com a família, a fim de que possamos conviver enquanto aqui na Terra, com o respeito e dignidade, refletindo Aquele que nos criou.
Texto:Iara Vasconcellos
Fonte : Revista Lar Cristão Online Edição N.88
Faça um comentário