Autor: Daniel Costa
Eclesiastes 3:1 a 15
A vida vista na perspectiva narrada por Salomão nos versos de 1 a 8, sem a afirmação do verso 11, é totalmente sem sentido. Um ciclo de acontecimentos fechados que nos leva a experiências de sentimentos contraditórios porque descreve como possíveis uma sucessão de fatos na existência que se sobrepõem uns aos outros sem muita razão, apenas acontecem. Ora se nasce, ora se morre; ora se edifica, ora se destrói; ora se esta perto, ora se afasta; ora se ri, ora se chora…
Mas apesar de discernir a existência nestes termos, Salomão faz uma declaração que projeta sobre a vida uma visão consciente e construtiva a respeito da realidade: “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo…”. Isto nos leva a fazer quatro afirmações com respeito a nossa vida:
Primeiro: Se Deus fez, então é possível existirmos com formosura. Apesar do que pensa sobre a existência, Salomão afirma que Deus fez e o fez com formosura. A vida está recheada de acontecimentos formosos apesar de tudo. Nascer é formoso, abraçar é formoso, amar alguém é formoso, beijar é formoso. Nós é que muitas vezes azedamos a visão da existência com nossas amarguras e incoerências. Precisamos recuperar essa visão simples e ver o que é formoso como formoso. As dores da nossa história não tiram a beleza da vida por si só.
Segundo: Se Deus fez, então nós podemos existir com discernimento. Veja o que afirma Salomão: “Deus fez tudo no seu devido tempo…” Mas, talvez, a grande dificuldade nossa é a de aprendermos a viver a experiência certa no tempo certo. Nós nem sempre existimos com consciência e discernimento. Estamos sempre vivendo fora de tempo com nossos filhos, esposas, esposos… Amamos na hora errada, por isso nos separamos quando não queríamos. Não aprendemos a sorrir na hora certa, por isso choramos na hora errada. Não discernimos a hora de abraçar, por isso nos afastamos quando não queríamos. E assim, a maioria das pessoas não tem discernimento algum para existir, não sabem quando edificar e quando parar, quando chorar junto e quando rir, quando abraçar e quando se afastar. Nós precisamos aprender a viver com coerência.
Terceiro: Se Deus fez, então podemos existir com prazer. É isso que Salomão deixa claro nos versos 12 e 13, ele faz duas afirmações: “Sei que nada há melhor para o homem do que regozijar-se e levar vida regalada; e que é dom de Deus que o homem possa desfrutar o bem de todo o seu trabalho”. Deus tem prazer que o homem exista com prazer naquilo que Ele fez. Esse ciclo de acontecimentos contraditórios não nos impede de existirmos com prazer pela vida e realizarmos o melhor projeto possível. Viver é bom, e quando se sabe o que Deus fez, que a vida não é obra do acaso, então se pode existir com gozo e aproveitar o que é bom na vida. Você já pensou em quantas coisas boas há na vida? Não importa o que está acontecendo, mas ter filhos é bom, ter alguém para amar e dividir a vida é bom, edificar é bom, abraçar é bom, trabalhar é bom, a paz é boa… Se Deus fez, eu e você podemos ter prazer em viver.
Quarto: Se Deus fez então podemos existir com esperança. Sabe o que me admira nesse texto? É que apesar de ser extremamente realista em descrever a vida, ele não é pessimista. Ele faz o caminho inverso que eu e você constantemente fazemos. Para muitos de nós a vida se constituí sempre da trajetória do bom para o pior. Mas para Salomão, a vida não está presa numa trajetória constante do bom para o pior, ela vai também do pior para o melhor. Ela não realiza só o caminho do nascimento para a morte, mas vai também do choro para o sorriso, do pranto para o saltar de alegria, da guerra para a paz. Eu e você precisamos aprender a existir, em nome de Jesus, com essa esperança no peito de que a vida também faz a trajetória do pior para o melhor, porque depois do choro pode vir o sorriso. A vida não está solta, ela sempre faz o caminho traçado por Deus.
A sua vida não é uma bobagem, existir tem sentido porque “tudo fez Deus formoso no seu devido tempo”.
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