Autor: Raniere Menezes
Existe uma lenda urbana propagada pelos fãs do rei do rock, Elvis Presley, que ele não morreu. Mas é fato consumado que o cantor morreu no dia 16 de agosto de 1977, aos 42 anos de idade. Semelhantemente, existe uma outra lenda que a morte anunciada de Jacob Armínio, em 1609, é “mentira”. Seus legionários de fãs dizem desde 1610 que, Armínio não morreu!
Jacob Armínio era um teólogo holandês, pastor da Igreja Reformada em Amsterdã e também professor de teologia na antiga Universidade de Leiden. Após sua suposta “morte oficial”, os defensores dos ensinamentos dele, os chamados arminianos, não aceitaram a notícia. “Não, Armínio não morreu!” Rapidamente houve uma mobilização dos adeptos, e em 1610, lançaram um manifesto apelando por uma revisão do Catecismo de Heidelberg (1563) e da Confissão de Fé Neerlandesa ou Belga (1561). De lá pra cá, não houve mais sossego. Mesmo com a intervenção de Maurício de Orange-Nassau e a decisão condenatória do Sínodo Nacional de Dort (1618-1619) sobre a doutrina arminiana, não teve jeito. O mal sempre retorna. De nada adiantou a promulgação solene das Igrejas Reformadas dos Países Baixos. Armínio não morreu! A nossa cultura cristã do século 21 é uma cultura pragmática e predominantemente arminiana!
Os fãs de Armínio, que são milhares, até agora estão discutindo uma certa controvérsia entre eles, não se sabe exatamente se Armínio é imortal ou se ele é uma reencarnação de Pelágio. Sabe-se que os teólogos de Dort deram o golpe de misericórdia nos arminianos no século XVII, assim como fizera Agostinho contra Pelágio no século IV, mas o pensamento humanista tem vidas sobressalentes.
Hoje a cultura evangélica que nos cerca rejeita a verdade que a salvação é somente pela graça de Deus. É necessário que surja outro Lutero, agora com 995 teses! Estamos vivendo uma época terrível de sincretismo religioso, como nunca existiu. São milhares de denominações espalhadas pelo mundo, avalanches de livros evangélicos, músicas, imagens-midiáticas-gospel e rádios; tele-evangelistas finneyanos, padres semi-pelagianos carismáticos, enfim, a doutrina armínia-finneyana direciona a maioria das editoras evangélicas, as agências missionárias, a pregação, a liturgia do culto, a linguagem, a moda, o que se lê e o que se vê, por fim, a vida dos evangélicos. Não preciso ser repetitivo nem evasivo, a Declaração de Cambridge (1996) já deu o diagnóstico: Armínio não morreu!
“As pesquisas mostram que o Evangelho que a maioria dos crentes contemporâneos segue é essencialmente Deus nos ajudando a nos ajudar. Tem muito a ver com a auto-estima, boas atitudes mentais e sucesso mundano. Não há muita pregação sobre o pecado, o inferno, o juízo, ou a ira de Deus, para não dizer sobre as grandes doutrinas da cruz como redenção, a expiação, a reconcialiação, a propiciação, a justificação, a graça, e a própria fé”.(Trecho do prefácio da Declaração de Cambridge).
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