Autor: Caio Fábio
Este mundo é caído, porém, mesmo em sua queda, ele é organizado. Aliás, a Queda desconstruiu o sistema do amor natural e instituiu a ordem do poder e do controle. Daí, logo depois da narrativa da Queda em Gêneses, segue-se a descrição do surgimento das armas, dos instrumentos cortantes, dos aparatos de encanto e sedução e, sobretudo, a informação sobre o inicio da construção de cidades dedicadas aos nomes de seus fundadores, todos ansiosos de estabelecerem suas marcas como referencias de imortalidade histórica.
Poder e Controle!
A História humana é o resultado dessa compulsão que se instalou no lugar do amor natural. O amor passou a ser um milagre, uma virtude, um desejo bom para habitar apenas os corações dos despretensiosos servos ou, na melhor das hipóteses, aquilo que se faz convergir na direção do igual-agradável e não ameaçador.
Em Mateus 17: 24 a 27 essa ordem do poder aparece em profundas sutilezas. César dominava o mundo. E o mundo pagava impostos a Roma. César era compulsivo e sua imortalidade precisava ser marcada pelas obras de seu poder. Então, a ordem é estabelecida e segue seu curso, que vai do Grande Megalomaníaco—César—ao drama do pequeno cidadão—Pedro!
No meio dessa cadeia está Herodes e estão os sacerdotes do Templo. O imposto das duas dracmas era devido ao Templo. No entanto, como já dizia Salomão no Eclesiastes, acima de todo explorador há um outro que o explora também. Assim, os desejos de César se vestem de muitas caras, algumas até mesmo religiosas em suas justificativas de cobrança. Trata-se de um poder que vai descendo numa escala de explorações que chega a Cafarnaum. César deseja lá longe. Pedro, no entanto, tem que pagar a conta ao entrar em casa.
Num mundo caído não só os desejos se diluem na cadeia das explorações e interesses, mas também à toda perda corresponde um lucro, muitas vezes impessoal. Assim também é que “alguém” perdera duas dracmas e que veio a ser engolida por um peixinho do mar de Tiberíades.
“Não paga o vosso mestre o imposto das duas dracmas?”—foi a questão dos fiscais de renda.
“Claro”—foi a resposta do culpado e endividado Pedro!
Aflição por um culpa que fora produzida por uma cadeia de caprichos que se lhe tornaram “legais”.
César está em Roma. Herodes está na Palestina. Os sacerdotes estão no Templo. Os ficais e coletores, nas cidades. Pedro está chegando em casa e é parado do lado de fora. Jesus está dentro da casa, sem desejos, sem caprichos, sem impostos a pagar ou a cobrar!
“Simão, de quem cobram os reis da terra impostos: dos filhos ou dos escravos?”—indagou o Senhor!
“Dos escravos, Mestre”—disse o cidadão Pedro.
“Logos estão isentos os filhos”—acrescentou o Senhor. “Mas para que não os escandalizemos, vai ao mar e lança o teu anzol, tira o primeiro peixe que for fisgado, abre-o e acharás o suficiente para pagares por mim e por ti”.
Caprichos, ambições, legalidades, desculpas autoritárias, megalomanias e abusos—ficam por conta dos que cobram!
Medo, culpa, endividamento, inquietação e sentimento de pertencer ao grupo dos que vivem para pagar—fica por conta de quem chega em casa para descansar e só tem contas a pagar!
Um moeda de valor—as duas dracmas— foi perdida por um alguém, que foi para casa com a sensação de ter deixado em algum lugar o que teria que estar no bolso.
Um peixinho brincalhão engole o que não sabe o que é!
Jesus, todavia, é o único que conhece o sistema toda da EcoQueda. Ele vê o todo. Sabe que os caprichos de uns viram leis, as perdas de outros viram ganhos, o entalamento de um peixe se torna em deposito bancário, a angustia de Pedro se transformará em fé singela que um dia derrubará os caprichos megalomaníacos de César e a exploração religiosa dos sacerdotes.
Há um livro imenso para ser escrito à partir daqui. Mas eu aqui fico, apenas para dizer o obvio:
Neste mundo caído à todo mal corresponde um bem; à toda perda, um ganho; à toda fraqueza, uma possibilidade de fé!
Por isto é que todas as coisas cooperam, conjuntamente, para o bem dos amam a Deus. Por trás da EcoQueda, age a EcoGraça!
Nós não somos dos que cobram para César e muito menos dos que se sentem culpados pelos desejos do megalomaníaco, mas dos que recebem o provimento de Jesus e descansam em Sua Graça. Enquanto isto, fazemos coisas apenas por causa da consciência “deles”, mas não que isto tenha qualquer coisa a ver conosco!
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