Autor: Caio Fábio
Vi e ouvi os noticiários de hoje, dia 27 de setembro. Só calamidade. Mas entre todas uma mexeu mais comigo!
O que teria levado um cirurgião plástico, cristão-religioso, a matar uma mulher que fora sua namorada—e que se diz ter continuado a ser sua amante?
E não apenas isto: o que o teria levado a esquarteja-la, a arrancar-lhe a pele do rosto, desmembra-la e esconder os pedaços do corpo dentro da mala de seu carro?
Eles eram membros da mesma igreja e havia também, conforme se narrou, uma amizade aberta entre ambos e seus familiares!
O médico era tão religioso que mandou escrever na placa externa de seu consultório os seguintes dizeres:
“Leia a Bíblia Sagrada e siga todas as palavras de Jesus”.
Essa frase me chocou!
Nela há um livro a ser lido e palavras a serem seguidas!
Então você me pergunta:
“Sim! e daí? Tá tudo certo!”
Não! Digo eu, está tudo errado!
A Bíblia, como livro, não é nada. É só um livro. É apenas letra. Não é Palavra. Não é Vida e nem Pão!
A letra mata!
A Bíblia só faz bem quando ela é Palavra. E isto só acontece quando se a lê sob o Espírito da Graça. Do contrário, ela é apenas a Bíblia Sagrada. E se livros sagrados salvassem, todos os religiosos do povo de Israel do passado e do presente estariam salvos. Eles amam o Livro Sagrado mais do que todos nós!
“Seguir a todas as palavras de Jesus”—também recomendava o médico.
Meu Deus! se não se consegue cumprir os 10 mandamentos na interioridade do ser—conforme Jesus demonstrou no Sermão do Monte e Paulo em suas cartas—, então, como conseguirá alguém seguir todas as palavras de Jesus?
Não é preciso nem ir tão longe na abrangência das palavras de Jesus. Basta que fiquemos nas propostas do Sermão do Monte. Já aí, após cada mandamento de Jesus, o que se deve ouvir é: “Perdoados estão os teus muitos pecados”. E o que se deveria orar, à cada passo da leitura, é nada além de pedir ao Pai que perdoe os nossos pecados!
Nós somos chamados a seguir a Jesus. E quando não O seguimos, mas tão somente tentamos obedecer Suas palavras, nosso ser se enche de mais doença ainda. É apenas e tão somente quando nós descobrimos que o mandamento legal de seguir “as palavras de Jesus” nos torna transgressores ainda mais profundos que os fariseus—que criam que nas exterioridades cumpriam a Lei—, que nos entregamos a Jesus. Seguir a Jesus implica num Encontro com Ele!
Todavia, apenas diante de Suas palavras não há salvação!
Jesus morreu por mim. Pagou o preço dos meus pecados. E isto implica que não somos chamados a seguir as palavras de Jesus, mas a Jesus mesmo!
Ele é o Caminho!
Somente quando se crê nisto é que se é salvo. Então, salvos pela Sua Graça, estamos livres da culpa a fim de podermos Segui-Lo enquanto Sua Palavra nos transforma!
Além da Placa do Consultório Médico chamou-me a atenção o fato do doutor haver sido tão barbaramente meticuloso.
O que o teria levado a usar o bisturi e a mostrar toda sua ciência médica—esquartejar alguém e fazer tudo o mais, leva tempo!—realizando uma obra tão macabra?
Listei o seguinte:
1. Ele enlouqueceu por algum tempo.
2. Ele foi objeto de chantagem. A mulher pode ter dito: “Chega de ser sua amante. Se você não ficar comigo eu conto tudo para todos”.
3. Ele pode ter também dito que não queria mais e ter ouvido a mesma coisa: “Se você não ficar comigo eu conto tudo para todos”.
4. Ou teria ele ficado possesso?
Bem, eu não sei mesmo! Ninguém sabe. Só Deus sabe!
O que se sabe apenas é que o próprio doutor teria contado à sua família e esta avisado a policia.
Ora, estamos entre as seguintes opções: a loucura, a possessão, a frieza monstruosa e a gestão da imagem de cristão, médico, marido, pai, filhos, etc…
Então me vem a pergunta: “Por que?”
As possíveis respostas são as seguintes:
1. Porque a culpa acumulada de tantos anos de neurose de pecado explodiu.
2. Porque naquele momento parecer cristão para a igreja e o mundo era mais importante que a vida da mulher. Ele não podia consentir com a revelação do “caso”.
3. Porque quanto mais legalista é o exterior moral, mais cheio de sombras e demônios é o inconsciente humano.
4. Porque ele era discípulo da “Bíblia Sagrada e das palavras de Jesus” mas não conhecia a Jesus e nem a Palavra. Do contrário, ele saberia que sua vida tanto é um permanente flagrante diante de Deus, quanto também um caminhar de freqüentes transgressões “nteriores” às “palavras de Jesus” e marcada por eventuais delitos “exteriores” aos mandamentos divinos.
A letra mata!
Enquanto tivermos a Bíblia Sagrada e não a Palavra, também não teremos vida em nós mesmos. Enquanto tivermos apenas as “palavras de Jesus”, não teremos Jesus. E enquanto nossa fé for Conduta (e não Caminho), Performance (e não Verdade) e Imagem (e não Vida), continuaremos a matar, esquartejar e esconder, até que a culpa seja esmagadora!
A letra mata!
E os que tentam ser seus discípulos—digo: da letra—matam e morrem!
E quando uma “fé” faz a imagem valer mais que a vida, ela não sabe ainda de Jesus. E não sabe nada de Sua Graça. Do contrário, a imagem não valeria tanto; ou melhor: valeria nada!
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