Autor: Rev. Augustus Nicodemus Lopes
Visto que a própria Bíblia diz que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os tipos de males (1 Timóteo 6.10), não deveríamos banir completamente da Igreja Cristã qualquer relação com o “vil metal”? Acho que não, embora o alerta da Bíblia tem-se provado verdadeiro na história da Igreja Cristã: muitos dos problemas acontecidos com pastores, pregadores, missionários, trazendo divisões e escândalos têm a ver com o dinheiro. Quem não lembra dos escândalos financeiros envolvendo os famosos evangelistas Jimmy Swaggart e James Baker, que tinham programas de televisão. Ou mais recentemente, as denúncias envolvendo líderes evangélicos brasileiros?
Mas não para aí. Uma abordagem errada sobre o dinheiro também acaba por causar problemas na própria concepção do que seja a Igreja e do que seja um cristão. Visto que toda igreja movimenta dinheiro dos membros para seus fins apropriados, sempre aparecem problemas relacionados com o uso correto destes recursos e os direitos que eles dão a quem contribui.
A questão é tão séria que algumas igrejas resolveram não ter pastores pagos, como é a Congregação Cristã no Brasil, fundada em 1910 por Luis Francescon, no Paraná. Cada pastor deve ter um emprego, de onde tira seu sustento. Outras igrejas procuram fazer o levantamento das ofertas dos membros de forma a mais discreta possível, sempre deixando claro que são contribuições voluntárias, que não trazem outro benefício ao doador senão o prazer de contribuir.
Gostaria de destacar alguns pontos que acredito são claramente expostos na Bíblia, quanto a isto, buscando um equilíbrio neste assunto tão delicado.
1) Tudo que existe pertence a Deus. Ele é o Senhor de tudo e de todos. Nossos recursos não são nossos. Nem os da Igreja. Somos administradores dos bens que Deus nos confiou.
2) O dinheiro em si não é nem bom nem mau, dependerá do uso que fizermos dele e da nossa atitude para com ele. Podemos usar o dinheiro ou sermos usados por ele. Podemos usar o dinheiro para viver, ou viver para o dinheiro. O dinheiro, quando bem empregado, torna-se bênção para a vida de muitos.
3) A Igreja de Cristo, enquanto neste mundo, tem gastos e despesas com prédios, pessoal, impostos, salários, obra missionária e obra social. Para cumprir estes compromissos, ela busca recursos entre seus membros. Todos os que participam de uma igreja devem contribuir generosamente para a manutenção da mesma, não por obrigação, mas por entender a tarefa e a natureza da Igreja.
4) Toda contribuição para a Igreja é voluntária. Ela deve ser feita com amor, despreendimento e generosidade. Quem contribui para a Igreja deve fazê-lo sem esperar nada em troca, nem favores divinos e nem privilégios humanos. O Senhor Jesus disse que nossa mão direita não deve saber o que faz a esquerda, quando se trata de dar e contribuir.
5) A contribuição para a Igreja deve ser vista como um ato do culto que prestamos a Deus. Dar para a Igreja não é a mesma coisa de pagar uma mensalidade ou a prestação do seu carro ou de sua casa. Por este motivo, muitas igrejas separam um momento no culto onde os crentes, deixam suas contribuições diante do Senhor. No Antigo Testamento, o povo de Deus entregava suas contribuições em meio a cerimônias religiosas cuidadosamente planejadas para destacar a soberania de Deus sobre todas as coisas e nosso dever se servi-lo inclusive com nossos bens.
6) Nossas contribuições para a Igreja não compram benefícios da parte de Deus. É verdade que Deus prometeu abençoar e recompensar os que ofertam de coração alegre, mas esta bênção é gratuita e não deve ser vista como “comprada” por dinheiro. Isto seria uma grave ofensa diante de Deus. Simão Mago pensou que podia comprar com dinheiro o dom do Espírito Santo, mas foi rejeitado radicalmente pelo apóstolo Pedro.
Precisamos ter muito cuidado ao tratarmos destas coisas na Igreja. Dinheiro e religião é uma mistura potencialmente explosiva. Os princípios, regras e limites precisam estar claramente delineados.
Os meios de graça, como batismo e Ceia, são dados livremente pela Igreja a todos os verdadeiros cristãos, sem que para isto se consulte a lista dos pagantes e dos não pagantes, se a mesma existir. Atos pastorais como enterros, visitas, etc., estão disponíveis gratuitamente a todos que o desejarem. A Igreja sobrevive de ofertas voluntárias, que nada pedem em troca. E sem nada pedir em troca, a Igreja igualmente ministra os sacramentos e o cuidado pelas almas. O Senhor Jesus disse aos apóstolos (e portanto, a todos os pastores): “De graça recebestes, de graça dai”. Ele se referia ao Evangelho, que deveria ser ministrado ao povo gratuitamente. Neste sentido, pastores recebem
Estas são algumas breves reflexões sobre este nossas sustento das igrejas, não salário. dificuldades.
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