Curando as fontes da vida

Autor: José Kleber Fernandes Calixto

A Palavra de Deus é pródiga em fazer uso de metáforas para estabelecer verdades acerca de nós mesmos. Por exemplo: quando ela quer descrever a perfeita unidade que há (ou deve haver) entre o povo de Deus, é usada a figura do corpo – “nós somos o corpo de Cristo” (Romanos, 12.5); quando ela quer falar da nossa real missão no mundo e da necessidade de nosso testemunho, ela usa a figura do sal e luz (Mateus, 5.13,14); ao falar da pureza e santidade da igreja, ela diz que esta é a “noiva de Cristo” (Apocalipse, 21.9). E quando a Palavra de Deus quer falar da nossa habilidade de produzir realidades favoráveis ou desfavoráveis, ela usa a figura das fontes ou mananciais.
Quando temos a habilidade de produzir realidades favoráveis, a Bíblia nos descreve como mananciais de vida – “A boca do justo é manancial de vida…” (Provérbios, 10.11); quando a capacidade é de produzir realidades desfavoráveis e desastrosas, segundo a Bíblia somos mananciais de morte (Como […] manancial corrupto – no Hebraico, “Mâshihath”, manancial de destruição (Provérbios, 25.26). Somos assim: fontes de vida – somos destros em produzir realidades de vida para nós mesmos – ou fontes de morte, gerando morte e destruição à nossa volta.
Mas o que fazer quando na vida (consciente ou inconscientemente) nos tornamos mananciais de morte, usinas de destruição, fontes de infelicidade – quando só conseguimos produzir tristeza, fracasso, decepção -, pois fomos hábeis em matar o amor, a esperança, a confiança que outros depositaram em nós mesmos? O texto acima citado é extremamente relevante para quem quer sarar os mananciais de sua vida, deixar de ser manancial de morte e se tornar um manancial de vida e de bênçãos (Salmos, 84.6). Por detrás deste primeiro milagre do Profeta Eliseu há algumas verdades espirituais que, se encarnadas, são poderosas para curar as fontes de nossas vidas.
1. Precisamos crer que as nossas fontes podem ser restauradas. Elizeu só curou aquelas fontes porque ele creu nisto; porque ninguém cura o que acredita ser incurável. Ninguém tenta curar o que já acreditou ser um caso irreversível. E quem deseja ver o milagre da transformação de sua vida, deseja deixar de ser fonte de morte, de tragédia, de infelicidade, também tem que crer nisto: não há manancial (por pior que esteja) que não possa ser restaurado, curado e transformado por Deus. Em Deus os mananciais de morte tornam-se mananciais de vida.
2. Precisamos tratar da morte no seu nascedouro. Quem quer deixar de ser fonte de morte e se tornar fonte de vida tem que aprender a tratar da morte no seu nascedouro. Vejam onde Eliseu lançou o sal: “…então ele saiu ao manancial das águas, e deitou sal nele”. Ele não ficou jogando sal na beira do rio, foi direto à fonte de onde jorrava as águas venenosas, o que tem o seu paralelo em nossa experiência. Quem quer sarar as fontes da vida tem que fazer o mesmo. Em outras palavras, tem que ir direto na “fonte” do problema, da morte, do fracasso, da desagregação familiar. Não basta tratar as conseqüências, é preciso curar a fonte que gera o divórcio, as intrigas, a dor, a tragédia, a infelicidade. Qual fonte tem gerado morte em nossas vidas? Às vezes a fonte é uma pessoa, um vício, uma deformação de caráter, uma perversão, um trauma, um pecado escondido e agasalhado. A morte sempre tem uma entrada. Devemos começar a mudar por aí.
3. As nossas ações só são eficazes quando energizadas pela Palavra de Deus. Todo meio humano só terá sucesso se vier acompanhado pela ação da Palavra de Deus. O contra-pé desta afirmação também é verdadeiro. Qualquer meio humano será inócuo para transformar as nossas vidas se não vier acompanhado pela Palavra de Deus. Eliseu joga o sal (meio humano), mas nada acontece, até que ele diz: “Assim diz o Senhor: tornei saldáveis a estas águas, já não procederá daí morte nem esterilidade”. Em outras palavras, nós podemos ter tudo – carro, dinheiro, casa -, todos os amparos que a vida pode nos proporcionar, mas isso não é suficiente para alterar os conteúdos de nossas fontes. Podemos ter tudo isso e continuar a gerar só morte em nossas vidas (aliás, é o que geralmente acontece). É preciso a ação da palavra de Deus. Só a Palavra de Deus no coração para mudar as fontes de nossa vida: “guardo no coração as tuas palavras para não pecar…”. O que nós precisamos não é de mais “sal”, o que precisamos é erguer a vida sobre a Palavra de Deus.
Não importa o conteúdo que emane de nós – somos fontes, mananciais a jorrar realidades de vida ou de morte. Quem sabe não seja hoje a oportunidade de sermos sarados pela Palavra desse Deus maravilhoso, que é capaz de transformar as fontes tépidas e rotas de nossas vidas num manancial de bênçãos.
Creiamos nisto.

Igreja Presbiteriana de Coromandel – Patrocínio-MG
Fonte: Pão Quente

 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*