Autor: Juarez Marcondes Filho
“Homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos” (Tiago 1.8).
Poderíamos traduzir livremente este versículo nos seguintes termos: “homem que revela uma alma ambígua, e por esta razão, age de maneira imprevisível”.
A aplicação imediata desta passagem diz respeito à importância de orar, pedindo sabedoria, com fé, sem duvidar da resposta divina. Quem não procede desta maneira, está revelando o ânimo dobre, ou seja, a alma contraditória. Nada obstante, podemos trazer tal pensamento para o procedimento do discípulo, o qual deve ser marcado pela ausência de malícia. Jesus disse: “Sede símplices como as pombas” (Mateus 10.16).
Já vimos que isto nada tem a ver com ingenuidade ou credulidade excessiva. Da mesma sorte, tal posicionamento não conflita com a prudência requerida; ao contrário, prudência e simplicidade se complementam. Cristo requer dos seus discípulos que eles sobressaiam pelo uso das armas da luz (Efésios 5.3-14), jamais pelo uso das armas da malícia. Ora, a malícia é própria do homem de ânimo dobre, ou seja, daquele que tem um comportamento ambíguo. Sua alma não é reta nele. E a tortuosidade do seu ser revela uma duplicidade de caráter. Pensa de uma maneira e age de outra; podendo inverter os papéis sem rubor nas faces.
O dicionário ensina que simplicidade é a forma simples ou natural de viver, de dizer, ou de escrever, e que simples é o que nãoé duplo ou desdobrado em partes. Cristo estabeleceu como meta para o discípulo a superação das muitas complexidades em que o homem se meteu, a fim de revelar uma unidade de postura e caráter, de tal maneira que ele seja visto como paradigma entre os seus contemporâneos, sempre confiável por sua postura autêntica.
Preocupam-nos as mutações constantes porque passam os movimentos religiosos, sempre novidadeiros, prontos a anunciar uma nova doutrina, uma nova forma de culto, beirando aos espetáculos,
e, principalmente, uma nova ética, na qual o que antes não podia, agora, pode. São ambigüidades, são distorções, são complexidades que nos afastam da singularidade do viver cristão autêntico. É evidente que não fazemos apologia da mesmice, nem abominamos a criatividade. Mas se restar passivo o desinteresse pelo genuíno Evangelho, voltemos à simplicidade.
Quando alguém passa por determinadas crises não é incomum dizermos que a pessoa está com a vida complicada. Em alguns casos, a equação é bastante complexa. Por outro lado, há aqueles que afirmam:“como é complicado ser cristão!” Ao contrário, não há complicação alguma em seguir o Mestre. A primeira providência que ele nos concede é o perdão dos pecados, o que, por si só, é um grande alívio.
Cristo nos oferece diretrizes claras pelas quais devemos andar; nosso dever é conformar-nos com estes ditames; tudo se descomplica; tudo se encaixa perfeitamente. É preciso dar atenção às investidas do Maligno e as influências mundanas que visam nos levar a um agir malicioso, ambíguo, complicado.
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