Autor: Autor Desconhecido
É preciso ousadia para entrar na presença de Deus. Ele é santo demais e nós somos pecadores demais.
Na velha dispensação havia um comportamento sagrado tanto no templo móvel de Moisés como no templo de alvenaria de Salomão. Chamava-se o Santo dos Santos. Uma cortina tricolor fazia separação entre o Santo Lugar (a nave do templo onde todos entravam) e o Santo dos Santos (onde apenas o sumo sacerdote entrava uma vez por ano). O regulamento era muito rígido: quem entrasse no Santo dos Santos morreria. Se o sumo sacerdote entrasse ali em outro dia que não fosse o grande dia da expiação, também ele morreria. Toda essa severidade era para evidenciar a santidade absoluta de Deus, a pecaminosidade absoluta do homem e a separação que havia entre um e outro. Isso gerava uma carência enorme, a carência de um intermediário, de alguém que abrisse o caminho até o Santo dos Santos, que representava o trono de Deus.
Quando Jesus deu sua alma como oferta pelo pecado (Is 53.10) na sexta-feira da semana da paixão, às três horas da tarde, a cortina que fazia separação entre o Santo Lugar e o Lugar Santíssimo (o Santo dos Santos) se rasgou em duas partes de alto a baixo, deixando a descoberto o interior do compartimento no qual ninguém ousava entrar (Mt 27.51). De repente, o Santo dos Santos foi devassado. Não é mais proibido entrar ali. Não há mais risco de vida. “Por causa do sangue de Jesus, nós agora podemos ir diretamente até dentro do Santo dos Santos, onde Deus está. Este é o caminho novo, recém-aberto e vivificante que Cristo nos franqueou ao rasgar a cortina — o seu corpo humano — para dar-nos acesso à presença santa de Deus” (Hb 10.19-20, BV).
Por estranho que pareça, há muitos cristãos sem ousadia suficiente para entrar no Santo dos Santos. Não entram porque desconhecem a solução do antigo problema. Não entram porque têm medo. Não entram porque não são encorajados. Não entram porque dependem exageradamente de seus sacerdotes. Não entram porque não sabem usufruir do sacrifício de Jesus Cristo.
Atrás da ênfase demasiada dada à mãe de Jesus, está a falta de intrepidez para entrar no Santo dos Santos. Talvez esses cristãos tenham sido evangelizados erradamente e conhecido não um Jesus de braços abertos, mas um Jesus de chicote na mão. Daí o apelo Maria, para que ela, como mãe, aplaque a ira desse Jesus. Passando por cima do princípio de que há um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo (1 Tm 2.5), esses cristãos estão deslocando Maria de sua honrada posição de mãe do Redentor para a missão de co-redentora, o que não corresponde à verdade. O resultado é que a grande massa de cristãos vai a Maria, e não a Jesus, entra em Lourdes e em Fátima, mas não entra no Santo dos Santos. Em última análise, o povo é acostumado mais com Maria do que com Jesus. Maria parece dispor de mais compreensão, de mais ternura, de mais tempo e de mais influência do que Jesus. No entanto, Jesus está de braços abertos: “Eu sou o caminho, ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).
Essa situação precisa mudar. É necessário que a ala mais cristocêntrica da Igreja pregue somente Jesus e leve o rebanho a entrar ousadamente no Santo dos Santos. Deixamos a velha dispensação para trás há quase dois milênios. Agora é perfeitamente possível comparecer ante o trono de Deus para receber perdão, purificação e paz. Por intermédio daquele que é chamado de Salvador do mundo (Jo 4.42). E por aquele que formulou o mais sensível convite de todos os tempos: “Venham a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Mt 1.28, NVI).
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Sempre existiram cristãos erradamente evangelizados, que não chegaram a conhecer um Jesus de braços abertos. Mas quero lembrar também que em dados momentos, Jesus andava de chicote na mão, como quando ele tirou os mercadores do Templo.