Autor: Ruben Pirola FIlho (Rubinho)
Embora comunicar as virtudes Daquele que nos chamou seja algo tão elementar na nossa vida, tanto quanto a nossa identidade, posto que somos chamados por Deus como “cartas vivas”, nós os crentes em geral não desenvolvemos todo o nosso potencial de comunicação, embora, certamente, poderíamos, com um pouco de orientação e treinamento, aproveitar construtivamente as nossas capacidades de expressão, relacionamento e participação.
Se a comunicação pode definir-se como “a interação social através de mensagens”, por que não aprendermos a formular e a trocar mensagens que elevem a qualidade da interação social? Como podemos transcender as nossas práticas evangelizadoras, de comunicarmos o Evangelho – a boa notícia – de graça e salvação para muito além dos nossos “convites para que venham à igreja” e fazer desta vocação algo que provoque realmente mudanças – na vida das pessoas e na sociedade – no mínimo como Jesus fez?
Talvez a resposta esteja na… criatividade!
Sim! Cada dia eu percebo mais que apesar desta ser uma das maiores capacidades naturais do ser humano, ela é também uma das matérias mais difíceis de se ver nas pessoas e dentro da nossa comunidade cristã evangélica, especificamente nas estratégias e ações de alcance da sociedade. Basta olharmos ao redor para vermos o arrojo, a inovação e a surpreendente maneira de expressar a boa nova da salvação, que tão forte marcou os primeiros dias da Igreja, e o ministério, tão impactante quanto curto, de Jesus em carne e osso. Onde estão as parábolas (maneira inovadora de transmitir conceitos tão profundos a gente simples e a pessoas de esferas mais doutas)? Onde estão as abordagens fantásticas e surpreendentes dirigidas ao pecador, seja ele o coletor de impostos, o vizinho de outra etnia e cultura, ou gente impregnada de uma religião estéril e sem sal, que deixavam pasmas pessoas de todas as classes e realidades diante do Filho do Homem? Onde está a argumentação arguta à altura dos pensadores gregos que Paulo usou para confrontá-los no Areópago?
Certamente, está cada vez mais difícil de se ver…
Mas, vamos definir melhor o tema. O que é criatividade?
Seria a capacidade de surpreender? De inovar? De pensar – e falar coisas que ninguém fez?
Segundo penso, criatividade, seria “a capacidade de dar existência a algo considerado novo, único e original, com um objetivo”.
Criatividade seria a capacidade de gerar soluções e alternativas para situações inesperadas.
Após anos de estudo nesta área, e por força da atividade que exercemos durante anos, creio que todo ser humano tem esta capacidade naturalmente, que pode e precisa ser exercitada. É certo também que, alguns têm maior ou menor dificuldade em exercitá-la, mas que de maneira alguma coloca em questão o fato de possui-la ou não.
A Palavra de Deus garante-nos que, quando estamos em Cristo, tudo se faz novo (2 Co 5:17). Também ela nos afirma que Jesus nos leva a viver em novidade de vida (Rm 6:4) e de espírito (Rm 7:6).
Porque então, temos tanta dificuldade em colocarmos em prática esta capacidade que Deus nos deu?
Através destas semanas, estaremos aqui refletindo sobre os impedimentos ao pensar criativo e como poderemos exercitar e desenvolver este verdadeiro dom, tão importante em todas as áreas do fazer humano e, particularmente, na nossa imperativa missão de pregar o Evangelho.
Barreiras ao Pensar Criativo
Pouco uso da cabeça… ou pouca reflexão (pra ficar mais suave!)
John Stott afirmou certa vez “quando entrou numa igreja, tiro o CHAPÉU, mas não a cabeça!” e esta certamente deveria ser uma ótima sugestão a todos nós. As coisas de Deus são para serem entendidas com a razão. Deus se alegra com este tipo de culto “racional” (Rm 12:1). Apesar disso, temos dado muito pouca importância ao hábito de pensar. São experiências emocionais, emotivas, sentimentais demais e reflexão, debate e raciocínios de menos.
É como se para nós, a vida humana (como o corpo humano) se dividisse em três partes, dessa maneira:
Ou seja, na nossa cabeça, só Deus tem o direito de entrar.
Ninguém pode “fazer a vontade de Deus”, a não ser que Ele nos diga, colocando na nossa mente tudo o que precisamos, esquecendo-se que cabe a nós colocar a coisa para funcionar. Se Ele não nos “disser” nada ou colocar as idéias todas empacotadas pra viagem à nossa disposição, num momento “mágico”, não há idéias.
Pensar, portanto, parece-nos uma “independência” de Deus.
Ninguém ao sentar-se à mesa, ora e pede a Deus que o sustente, sem em seguida, colocar o garfo à boca e meter a comida goela abaixo.
Da mesma maneira, o fato de pensarmos, e de esforçarmo-nos para chegar a alguma idéia, e de empenharmos tempo nisso, não tira de Deus – que é Aquele de quem todas as coisas boas vêem (Tg 1:17) – o mérito e a primazia.
Precisamos aprender a pensar. Precisamos investir no exercício mental. Precisamos exercitar a mente em atividades constantemente, lendo, escrevendo, reciclando-nos.
Quando não procuramos crescer intelectualmente sempre e constantemente, o nosso ministério perde, a comunidade perde e a sociedade deixa de será abençoada.
Não estamos aqui para defender o academicismo, a escola, ainda que isto seja ótimo, mas uma mente aberta para o novo, sem presunção e humilde, aliás como a de Daniel, de Paulo, homens sábios e letrados, e como a de Pedro, de João, que apesar de pescadores rudes e simples, não foram fechados a aprender e a inovar. Um dos maiores impedimentos à criatividade, é uma mente presunçosa de si, que acha que sabe tudo, que já viu tudo.
Normalmente alguém assim, fechado, não gosta de repartir tarefas, de trabalhar em grupo, é fechado ao debate e, por isso mesmo, tende a resolver as coisas sempre do mesmo jeito, de gerar as mesmas idéias ou muito parecidas. Não é preciso matricularmo-nos numa escola, basta que nos abramos à vida.
A informação está para a criatividade, assim como o combustível para o andar veloz de um automóvel. Sem informação, sem o estudo diligente, sem o pensar reflexivo e investigativo, não existe matéria prima para a idéia que pode surpreender e causar impacto.
Fonte: http://www.tribalgeneration.com.br/
Faça um comentário