Autor: MEP – Movimento Evangélico Progressista
É fácil identificar nossos deveres e as punições que sofremos caso, de alguma forma, deixemos de cumpri-las. Se deixarmos de pagar a água ou luz, temos os serviços suspensos. Se deixarmos de votar e não justificarmos o voto, não poderemos utilizar quase nenhum serviço público. Se faltarmos o trabalho, somos despedidos. Enfim, muito são os nossos deveres e obrigações e, em caso de não cumprimento, são quase imediatas as punições que sofremos.
Contudo, da mesma forma que temos obrigações, também temos DIREITOS que precisam ser respeitados. A maioria da população não conhece os seus direitos e por estar acostumada ao sofrimento não reclama, não reage e não trabalha para que eles sejam respeitados. Da mesma forma que sofremos punições com o não cumprimento dos nossos deveres, alguém deveria ser punido quando os nossos direitos não são assegurados.
Nossa Constituição (lei máxima do País) quando fala DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS, nos garante a cidadania, a dignidade de seres humanos. São direitos sociais:
· educação, | · trabalho, |
· segurança, | · proteção à maternidade e à infância, |
· saúde, | · lazer, |
· previdência social, | · assistência aos desamparados… (Art. 6) |
E ainda: direito a um salário mínimo (Art 7.IV), fixado em lei, nacionalmente unificado, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, capaz de atender as nossas necessidades vitais e as de nossa família, como:
· moradia, | · vestuário, |
· alimentação, | · higiene, |
· saúde, | · transporte, |
· lazer, | · previdência social, |
Pouco se tem refletido sobre o trabalho pelos direitos sociais nos meios evangélicos. Isso se deve ao fato de que os primeiros missionários protestantes, quando chegaram ao Brasil na segunda metade do século XIX, encontraram ainda a Igreja Católica como religião oficial. Com isso, criou-se a cultura no meio evangélico de que política era coisa do mundo e de católicos e por isso o crente não deveria participar. Ao contrário do que se pregava nos Estados Unidos, onde as denominações evangélicas sempre participaram das questões políticas e ainda hoje estão fazendo pressões, pronunciamentos e atitudes coletivas a respeito de assuntos políticos.
Hoje alguns ainda acham que basta orar, outros ainda interpretam erradamente a colocação paulina de que temos que ser sujeitos às autoridades (Rm 13,1). Contudo, calando diante das injustiças, terminamos coniventes com seus autores. Paulo quer dizer que não é a favor da desordem. As autoridades precisam ser respeitadas, mas o apóstolo deixa bem claro que precisamos denunciar as injustiças: “O fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade. Saibam discernir o que é agradável ao Senhor. Não participem das obras estéreis das trevas; pelo contrário, denunciem tais obras“(Ef, 5,9-11).
Paulo só confirma as orientações de Jesus sobre como deve ser nosso posicionamento diante das injustiças: “Felizes os que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados”. Jesus não falava exclusivamente no âmbito espiritual relacionado com a vida após morte, para Ele o reino de Deus se consumará na eternidade, mas deve começar desde JÁ: “O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham VIDA, e a tenham em abundância (Jo 10,10)”.
Se cruzarmos os braços diante das injustiças, não estamos só prejudicando a nós mesmos, mas a toda a sociedade. Tornamo-nos co-responsáveis. Precisamos orar sem cessar, depositando em Deus toda a nossa ESPERANÇA. Mas, orar como a viúva da parábola contada por Jesus (Lc 18,1-8), que conquistou justiça por incomodar o juiz injusto. “E Deus não faria justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu lhes declaro que Deus fará justiça para eles, e bem depressa.” (Lc 18,7-8)
PARA PENSAR DEBATER:
- Ler a parábola em Lucas 18,1-8 e comparar com o nosso comportamento hoje.
- O que conhecemos mais: nossos direitos ou nossos deveres? Por quê?
- Quais os direitos que, não sendo respeitados, ferem nossa cidadania? O que fazer?
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