Autor: Ramon Goulart
Eu andava meio apressado e pensando em várias coisas. Olhava aqui, ali, acolá… Gosto muito de olhar as coisas, ruas, carros, pessoas, pássaros em cima de postes como seres exilados em própria terra. Acho que até devem pensar: será aqui mesmo o mesmo lugar de que eu vim morar a alguns anos quando meus ancestrais diziam ser verdinho e sem poluição?… Pois bem, foi neste dia que vi algo que sinceramente, me fez rir. Sei que muitos quando lerem isto, irão pensar: – cara debochado. Cara crítico… Assim antes mesmo de que falem algo por aí, já lhes digo que não estou nem aí. Existem verdades que tem de serem ditas (realmente) como bem disse Rubem Alves, em meio aos bufões, em meio as risadas.
No momento eu não estava pensando em nada concernente ao assunto que brotou em minha mente. Porém vendo aquela cena, do vazio brotou o inesperado de que lhe escrevo agora.
E como brotou.
A cena que vi durou alguns segundos, mas seu efeito tem percorrido já dias em mim. Um homem sentando em cima de uma charrete, puxada por um cavalo. A charrete era um pouco velha e usada, o homem era de aparência bem pobre. Deveria estar levando ferro velho, como já vi muitos lá em Minas Gerais (ah terra linda…). Foi neste instante que olhei novamente para o cavalo. Era de cor marrom, fortes pernas, pescoço longo e na cara… uma grande viseira. Não deu outra. Lasquei uma risada, que quem me viu na hora deve ter pensado: – coitado, tão novinho, e já tão pra lá de Bagdá, tão maluco… Não me importo. Tenho aprendido a viver e ver como são as coisas. Nossos olhos são doentes. São procuradores das coisas que a Mídia os têm guiado e ensinado. É tanto que os nossos jovens e adolescentes não sabem olhar nem mesmo um entardecer, uma lua cheia, ou coisa semelhante: falam que é caretice.
Após a risada, dei mais uma olhada para a cara daquele alienado cavalo. Procurei olhar em seus olhos para ele ver que eu o estava vendo. Foi tudo em não consegui nada. E lá se ia o homem da charrete com o seu cavalo dentro da viseira, da visão…
Pois é. E fiquei a pensar na realidade que muitos homens e mulheres de charrete tem feito dos seus membros como é feito com os cavalos que tem força, e vitalidade, mas não podem ver além… colocam-se viseiras. Infelizmente, desde que comecei a estudar a História da Igreja, tenho observado isto. A analogia não poderia ser mais perfeita.
Os líderes dominam. Eles precisam de produção, de resultados, de números que eles possam mostrar para outros e dizer como prova: Viu? As coisas estão indo de vento em popa… O modelo tecnocrático a muito tempo já entrou nas igrejas, pasmem, até históricas…
E o modelo, como o mercado faz, precisa de resultados. De números. Não importam os sacrifícios, as técnicas, os meios… Os fins precisam ser tornar reais. E diante disto tenho de ampliar o que Karl Marx viu: Agora, não só o trabalho está desumanizando o homem. A igreja também o está! E todo sacrifício é válido para se conseguir o que se quer.
Sabe-se porém que no fundo desta piscina de acontecimentos, o que vemos é o de sempre… riqueza, dinheiro, posição… PODER.
È bem sabido que quando Deus criou o homem, em sua imensa sabedoria, o criou diferentemente dos animais que tem “doses” de poder e de desejo iguais. Ao homem foi dado um desejo muito maior do que o seu poder… Enquanto o homem estava com Deus, este desejo, ou apetite era satisfeito em Deus, tanto que não vemos no Jardim do Éden nenhum surto de necessidade, ou crise. Só que ao homem escolher viver IN-dependente, escolheu também não ter o que saciar este desejo que só poderia ser saciado em Deus. Eis aí uma questão de grande importância e primordial para nós pensarmos em meio a uma sociedade tão consumista ou mais do que o Rei Salomão o foi…
Dessa forma, o homem procura meios para saciar este seu desejo, que como lhes falei, foi dado por Deus em sua imensa sabedoria. Ele tenta: materialismo, individualismo, consumismo, culto ao corpo, desvios de conduta sexual, vícios, busca de Riquezas… porém como não foi lhe dado poder suficiente para saciar este desejo, nada dá certo.
O mundo já estava enganado… agora parece que a Igreja que tem aquilo que o mundo precisa, também quer se enganar. Parece que todos estão sucumbindo aos tentações. Se não fosse assim, pra que sacrificar as pessoas para alcançar PODER maior? Pare e pense. Não é sério! Pense! Há muito tempo as Igrejas ofereciam Deus. (O nome do nosso maior Desejo…) Agora, hoje, a coisa é diferente. Está ao contrário: É Deus quem dará aquilo que você está precisando. Mas isto é contraditório, já que acabamos de ver que o que precisamos não está aqui, está NELE. Na verdade È ELE.
Estamos diante do maior dilema já proposto pelo homem em sua história, pois agora ao invés dele buscar qualquer coisa que o satisfaça (o que é o normal mais errado durante a história), ele olha para Deus e diz: – Hei! Eu preciso disto. Me dê aquilo…
Que coisa não? Aquele que é o único que poderia satisfazer o homem, está sendo visto como mais um meio para obtenção dos caprichos das vaidades dos homens. Ele está sendo vendido, está sendo manuseado como se fosse uma mercadoria. Absurdo!! Incoerência…
Volto agora com você leitor, para a cena do homem da charrete. Vejo o que as pessoas na igreja tem sido. Que me desculpem os irmãos mas esta cena descreve com exatidão o que estão fazendo e o que nós estamos deixando que nos façam: Cavalos que só servem pra puxar a charrete (a igreja). E diante disto não preciso nem falar quem são os condutores das charretes preciso?…
E sabe como foi feito para que as pessoas fortes puxem sem falar nada? É simples. Foi lhes colocado uma viseira. À viseira eu atribuo todo o meio que os charreteiros têm usado para conseguir que a Igreja encha… – ou melhor: incha… – Todo meio que não condiz com a palavra de Deus: A Bíblia. Coloca-se a viseira. E depois falam: – Ah! Está é a nossa visão.
E já que é a nossa visão, todos tem de estar nela, ou como já disse, tem de estar dentro da viseira. Só que é preciso observar que viseiras não são para pessoas. São para animais… E me pego no pensamento de que talvez, e bem talvez, os animais estejam olhando para nós e em suas conversas estejam falando: – Vejam só que coisa interessante. Eles estão usando viseiras que somente são usadas por animais irracionais…
Há muito que as pessoas pensam em sua fé (doutrinas) e nas ações de sua fé no dia a dia. Já estão não visão, dentro das viseiras. Não pensam. Apenas fazem, apenas puxam a charrete sem saber para aonde vão, nem porque estão fazendo, como estão fazendo. De certo é capaz de nem saberem aonde eles estão…
Virou moda. E tudo o que vira moda, vai para a mídia, é divulgado e vira padrão, e se virou padrão deve ser copiado sem discussão. E canso de escutar: – Nós estamos na visão. Ao que eu penso com um sorizinho no canto direito da boca. É estão mesmo… todos de viseiras que não tem nada de bíblica.
Infelizmente eu não podia tirar a viseira daquele pobre cavalo alienado. Na certa o seu dono iria me processar e briga seria feia pra meu lado. Mas resolvi, tentar tirar as viseiras que estão sendo colocadas nas pessoas em várias Igrejas com esses movimentos que mais alienam do que centralizam as pessoas em Cristo. Sem viseira é sabido que os olhos correm livres soltos… e começam a ver coisas que eles não sabiam que existiam. Com viseiras, todos caminham como robôs. Não pensam, não falam, somente obedecem, não há liberdade. A escravidão reina, mascarada é claro, porém é sentida na pele daqueles que estão ainda hoje com as viseiras do G12 e outros movimentos nos olhos…
Nunca li algo tão simples e complexo, mas que retrata de maneira incrível a realidade do ser humano