Castelos de areia

Autor: Ronaldo Mendonça de Oliveira

“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam.
Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.” (Salmos 127:1)

Imaginem a casa mais linda que puderem. A moradia ideal. Com o tamanho que vocês quiserem, da cor preferida, de acordo com as linhas arquitetônicas que mais lhe agradarem. Não pensem no que teriam que gastar com as despesas que ela traria, ou quanto viria custar, apenas pensem numa casa maravilhosa, útil e prática. A casa perfeita.
Agora, imaginem a cidade mais segura que puderem. As leis são obedecidas em 100%. Não há perigo nas ruas. O policiamento é eficaz, respeitado e bem remunerado. Não há grades nas janelas, e todos ficam batendo papo até tarde da noite nas ruas.
Pensaram em tudo isso ?
Agora, naquela casa perfeita, imaginem uma pessoa seqüestrada. Ela está escondida no porão, amarrada, no escuro, com fome e com medo de ser morta a qualquer instante. É uma bela casa, mas não um lar.
Naquela cidade perfeita, imaginem a queda de uma bomba atômica. Que policial pode evitar o desastre ?
Quando o salmista escreve este texto, não está apenas fazendo referência a casas e cidades. Na verdade, quem escreveu este salmo foi Salomão, rei de Israel. Aí está alguém que tinha uma bela casa, segurança e a consciência de escrever: “Se não fosse Deus, este castelo e minha vida estariam em ruínas.” E mais: nos faz pensar em nossas próprias vidas.
É comum fazermos projetos, trabalharmos, estudarmos, comermos, conversarmos… até respirarmos. E de onde vem os méritos ? Se não fosse a misericórdia do Senhor, tudo isso seria nada. Nunca sairíamos do lugar. Certamente, estaríamos mortos.
O fato é que nós, como seres humanos, sofremos de um terrível mal: somos sujeitos a cair em nossa própria vanglória. Com nossas realizações, nos sentimos os próprios super-seres do Universo. Por mais duro que possa parecer, é nessas horas que devemos dar uma passadinha numa UTI de hospital e percebermos que aquela pessoa que respira com ajuda de aparelhos em nada difere de nós, e que aquele que sofre com dores intermináveis por causa do tratamento de quimioterapia tem um corpo exatamente igual o nosso. É essa a hora de irmos até mesmo a um cemitério e lembrarmos que a única diferença que existe entre nós e eles é que eles, na maioria, viveram mais tempo do que nós.
Apelação ? Pessimismo ? De forma alguma. Mas é hora de pararmos de nos encher de ouro, tocarmos trombetas à nossa volta quando conseguimos algo e, humildemente, dizermos em oração: “Senhor, obrigado por ter me abençoado.”.

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