Caminhos e atalhos da missão

Autor: Alexandre Carneiro de Souza
ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS, SINCRETISMO E INSERÇÃO CULTURAL
ATOS DOS APÓSTOLOS CAP.15

O sentido bíblico da missão estabelece uma relação direta com a queda e por isto implica nos esforços de Deus para a restauração da criação.
A força que move a missão é o amor; é exatamente o amor que revela-nos um Deus responsável que não abandonou o universo por ele criado a sua própria sorte.
O método da missão é uma abordagem respeitosa e diálogo, é formação de novas consciências. A encarnação representa a mais estreita abordagem de Deus e subjacente prova que, ao encarnar, Deus demonstra profundo respeito pela parte da criação que corresponde ao mundo humano.
A missão é, portanto, uma conspiração do todo poderoso para a purificação e restauração do cosmo. A igreja toma parte nesta conspiração como objeto e sujeito, ela é ao mesmo tempo alvo e agente do projeto missionário.
Segundo a revelação Bíblica a igreja tem uma incumbência especial dentro deste contexto missionário. O pai constituiu ao seu Filho Jesus, cabeça da sua nova criação. O Filho Jesus constituiu a Igreja, seu corpo, para que através dela a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida agora dos principados e potestades nos lugares celestiais.
A memória da Missão da Igreja ao longo destes 2 mil anos não é linear. Nela encontramos: a fase apoteótica da igreja primitiva, o sangue dos mártires, o casamento da igreja com o estado, a promiscuidade da fé, a caça as bruxas, os avivamentos, a reforma, as inquisições. A, memória da Missão possui erros e acertos. A missão tem-se realizado em meio a crises, em meio a busca permanente de coerência e discernimento; a missão é aprendizado. Isto justifica o tema geral do Congresso de Missões 1998: Caminhos e Atalhos da Missão da Igreja. O enredo da história da missão justifica o presente esforço. Outras duas justificativa é o recente desenho da realidade mundial com o advento da pós-modernidade e a necessidade de revisão do instrumental hermenêutico que temos submetido a revelação das escrituras.
Me propus levantar algumas das questões sugeridas pela leitura do capítulo 15 dos Atos dos apóstolos segundo São Lucas, por estar convencido da importante contribuição deste texto no momento em que procuramos distinguir o coerente e o incoerente na trajetória missionária da Igreja cristã. Não acredito que seja novidade para alguém neste local que Atos 15 constitui em um dos mais importantes eventos na história mundial da Missão. A sua indiscutível importância reside no fato de que os seus relatos descrevem a realização do primeiro concílio mundial dos representantes das igrejas cristas. E não somente isto, outro fato de indelével importância é que este concílio reuniu-se para se tratar de uma pauta constituída por apenas um item: a decisão sobre o futuro da missão mundial da igreja.
O enredo do episódio descrito por Lucas em Atos 15 apresenta-se ainda peça de indubitável lugar no contexto da discussão sobre a missão da igreja porque no seu enquadramento, de maneira magistral, toca nos principais pressupostos da missão e revela os seus principais conflitos e desafios.
Particularmente destaco as principais contribuições:
– o texto sugere mecanismos para identificar o essencial e o trivial no desempenho missionário da igreja;
– o texto prenuncia a tendência de que os pontos chaves da missão sofram retoques quer de liberais quer de conservadores;
– o texto presta-nos o serviço de dissipar a dicotomia entre escritório e campo no que diz respeito a missão, fazendo ver que o mais sutil e desautorizado movimento na igreja tem repercussão missionária;
– o texto defende a leveza eclesiástica como a precondição necessária para que a igreja exerça sua incumbência missionaria;
– o texto define a missão como ato de produzir cultura e levanta sérias e úteis considerações sobre a inserção cultural da igreja.

1. EM PRIMEIRO LUGAR O TEXTO TRABALHA OS NÍVEIS DE CONEXÃO ENTRE A MISSÃO E AS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS DA IGREJA.

Penso que essa questão levantada pelo texto deva ser introduzida pela afirmação de que nenhum tipo de experiência religiosa de natureza coletiva, em época alguma da história das religiões, pode prescindir de um modelo mínimo de organização. Durante muito tempo prevalece a disputa teológica que indaga quanto a natureza da igreja: ela é um organismo ou uma organização?. Os espiritualistas têm-se esforçado para evidenciar o fato de que Jesus não é Senhor de uma empresa mas de uma comunidade especial. A despeito de concordar com esta verdade Bíblica, não me é dado outra opção, senão admitir que, dependendo da plataforma e do lugar onde se encontra o observador, a igreja tanto é organismo vivo como organização social. E não vejo como eliminar esta ambiguidade.
A igreja é um sujeito social coletivo: são pequenos, médios e grandes grupos humanos que não subsistiram, enquanto corpo social, sem um estatuto social por mais simples que seja.
Essa questão demanda tempo e aprofundamento de conteúdo; eu, diria, resumindo, que o Espírito Santo não lida apenas com a precariedade dos nossos corpos e mentes individuais (tesouro em vasos de barro II Co. 4: 7); mas, que também, e sobre tudo lida com as limitações dos nossos estatutos sociais.
Acredito que essas discussões iniciais podem ajudar-nos a perceber alguns aspectos insinuados pelo texto:
A) – A presença inevitável de uma estrutura social no contexto eclesiástico, no qual se insere a dinâmica missionária, definindo papeis, relações, direitos deveres, legislações, modelos, etc..
*) Jerusalém é a instância maior de decisão (v. 2).
*) Pelo fato da igreja ser carismática e ao mesmo tempo um corpo social de tal maneira, cujas realidades estabelecem convivência simultânea numa mesma esfera de relações, de igual modo há uma relação dicotômica entre ministérios-oficíos e poder- privilégios no contexto eclesiástico (v. 2).

B) – A precariedade das estruturas organizacionais na igreja exercem uma influência direta na trajetória missionária. Dois aspectos são indicados pelo texto:
*) O caráter fechado inerente das estruturas organizacionais não é diferente no contexto eclesiástico (note as vozes que saem da textura eclesiástica de Jerusalém exigindo fidelidade irrestrita aos padrões da estrutura organizacional (v.5)).
*) A precariedade das estruturas se manifesta na incapacidade de apreensão da dinâmica do Espírito Santo (enquanto a função da estrutura eclesiástica é estabelecer distinções, o Espírito não estabelece distinção alguma (v.9)). Essa mesma precariedade revela-se na incapacidade de apreensão do fluxo dos movimentos internos da comunidade. Note o v. 1 é veja que a igreja evangélica deve se desencantar com a idéia de que a estrutura (quer tradicional quer renovada) a salvará.
C) – A inevitabilidade da existência de uma estrutura organizacional aparece no texto dando a entender que a incursão missionária, noutras culturas e a conseqüente formação de comunidades organizadas requerem o respaldo de uma organização de apoio que estabeleça diretrizes e encaminhe questões que exijam maior nível de qualificação.
D) Na construção de uma relação entre as estruturas eclesiásticas e a missão, o texto vai além da preocupação quanto a inevitabilidade das estruturas eclesiásticas e quanto a sua precariedade, afirmando a possibilidade de que essas estruturas constituam-se mecanismos facilitadores da missão:
De que maneira? Alguns aspectos reforçam essa afirmação:
*) Primeiro: as estruturas são meios e não um fim em si mesma. A única razão que as justifica é a possível contribuição que elas possam vir dar para que a Igreja cumpra seu papel.
*) Segundo, elas precisam ser flexíveis e renováveis, e que desenvolvam condição de acompanhar a dinamicidade da missão. Nesse sentido o texto de Atos 15 diz coisas bastantes interessantes:
– Deve-se afirmar a proeminência da revelação sobre as estruturas eclesiásticas vv. 7-9, 15-18.
– As estruturas eclesiásticas não devem inibir o pensamento. O pensamento não deve ser determinado pela estrutura, mas determina-la. Personagens no texto, a exemplo das novas comunidades cristãs nascidas em solo pagão, Paulo, Simão, Tiago, Judas e Silas demonstram a capacidade de reflexão que transcede aos dispositivos institucionais. Uma lição fortíssima do texto é que as estruturas vigentes não representam o lugar das respostas para as situações inéditas. De acordo com o v. 7 a ordem estabelecida nas igrejas deve resguardar o espaço livre do debate e da contestação. A discussão protege a igreja do enregiscimento. Acho interessante que num ambiente como a da igreja primitiva, povoada pelos grandes nomes da revelação neotestamentaria, um espaço rico de revelações, o vers. 7 fala de grande debate. A ausência do debate depõe acerca do dilaceramento da liberdade pela lei. Qualquer espaço cristão no qual toda a ação esteja predeterminada estruturalmente comprometerá o seu próprio futuro e o da missão.
– As estruturas não devem bloquear qualquer trajeto cuja motivação seja o compromisso missionário; seja o trajeto de um importante líder da estirpe de um Pedro que transgride determinações e prega o evangelho a um romano; seja reinvidicações da periferia procedente das novas comunidades, reagindo a imposições apregoadas por integrantes do bloco central da igreja.
– O texto insinua que as estruturas podem ser manobradas por grupos de interesses. Como resultado disso, comunidades cristãs podem ser construídas com base em moldes conservadores ou liberais. Desta forma Atos 15 recomenda que, para tornarem-se facilitadoras da missão, as estruturas devem escapar do binômio maniqueísta conservador/liberal. Note que a solução encaminhada pelo concílio de Jerusalém, segundo os vv. 28 e 29 é de natureza moderada.

II A PROBLEMÁTICA DO SINCRETISMO E O DESEMPENHO MISSIONÁRIO DA IGREJA.

O sincretismo é o produto da fusão de princípios, ou práticas diferenciadas. No âmbito do cristianismo o sincretismo é responsáveis pelo fenômeno que acompanha a Igreja desde sua fundação: o hibridismo religioso. Essa é uma questão seríssima, se levarmos em consideração que o híbrido e um ente sem definição natural, dono de uma identidade dupla, uma anomalia.
Atos 15 revela que o espectro do hibridismo não poupou a igreja primitiva. Conforme o v. 1, havia na textura daquela igreja um segmento que reinterpretava a revelação, rejeitando a totalidade do evangelho e implementando a revelação com códigos comportamentalistas extraídos do Judaísmo: o produto disto é um tipo de ente que representa dor de cabeça para o corpo de Cristo (não se enquadram na harmonia do corpo) e uma tragédia quando esse ente se dispõe a realizar missão. Note que Tiago no v. 24 diz que os híbridos da fé cristã são religiosos que operacionam um modo desautorizado de vida. Note ainda que, pelo menos, parte das guerras internas no âmbito da missão da igreja e as disputas irracionais entre agencias e agentes deve-se de fato da presença do hibridismo no espaço da missão onde são travadas as grandes lutas pela conquista de almas para o Reino de Deus.

Tomando como base o que se tem dito, creio que Atos Cap. 15 põe o dedo num ponto nevrálgico, que muitos não querem encarar de frente, ou seja, a linha de produção de híbridos no campo evangélico, que gera discípulos cheios de indefinições e que incitam indagações: que tipo de cristãos são eles? As igrejas que os geraram são cristãs? Quem é o seu Cristo? Que espírito os habita? Qual o céu os aguarda? Que tipo de corpo constituem? minhas interrogações não pretendem promover uma caçada que termine por enxotar aqueles, que segundo a ótica dos oniscientes da igreja, não possuam a verdadeira fé. Os híbridos não constituem problemas; estão mais perto da conversão do que os que não assimilaram nada do evangelho. A minha preocupação volta-se para os aparelhos que, no meio cristão, estão gerando essa fé deforme. Penso que, ao demonstrar o pesadelo que o sincretismo produz no ambiente e no desempenho cristão, Atos 15 sugere que pensemos seriamente as seguintes questões:

A) – O compromisso com a genuinidade da proclamação do evangelho. A principal paternidade do hibridismo no meio cristão responde pela ausência da proclamação cristocêntrica. Quando Cristo é o centro da mensagem, o produto, o que é gerado é inconfundivelmente obra do Espírito Santo. Paulo em depoimento pessoal disse aos corintos 2:1,2:
“Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber sobre entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”.

B) – Compromisso com a identidade da igreja. Precisamos não perder de vista o que a igreja é: corpo de Cristo, chamada para concretizar a vontade do Pai, eleita como corpo visível, indivisível, uno universal de Cristo, povo de propriedade exclusiva, raça eleita e nação santa, comunidade que proclama as virtudes daquele que a chamou das trevas para sua maravilhosa luz.
A perda da identidade invalida o passado, perturba o presente e inviabiliza o futuro. Um indivíduo ou comunidade que perderam a identidade não sabem de onde vieram, nem porque estão e nem para onde vão.

C) – As inovações eclesiásticas devem partir de setores habilitados, densos de compromisso com o Reino, que inovem por inovar apenas. Invocações patrocinadas por segmentos pueris desembocarão num mar da tragédia com repercussão danosa a igreja.

D) – A fala ministrada em nome de Deus, no espaço evangélico, deve ser submetida a um discernimento mais rigoroso. Muito do que se tem dito em nome de Deus não expressa a vontade de Deus.

E)- O discipulado mal feito que deixa lacunas na formação cristã. As áreas incompletas da formação cristã podem ser preenchidas a revelia da revelação bíblica.

III. A TERCEIRA CONTRIBUIÇÃO DO TEXTO LEVA EM CONSIDERAÇÃO O DESAFIO DA INSERÇÃO CULTURAL DA IGREJA.

Um possível ponto de partida para esta análise seria aceitarmos a afirmação antropológica que a cultura é a maneira de humanizar homens. Não há homem sem cultura e não ha cultura sem homem. A temática da relação da igreja com a cultura tem gerado algumas tensões. Isto é compreensível, pois não se trata de uma questão simples. No entanto, vastos setores da igreja tem reagido a questão como o sujeito que com medo de engasgar-se com as espinhas deixou definitivamente de comer peixe. Uma postura desinteressada culturalmente talvez seja uma forma justa de conceituar esses vastos segmentos da igreja. O berço deste desinteresse cultural são nossas matrizes hermenêuticas – uma concepção que afirma a extra-humanidade de cristão. Através desta ótica ressaltou-se tanto que a igreja não é do mundo que esqueceu-se que ela está no mundo.
O equivoco dessa dedução que concebe todo indivíduo em relação-com-Deus como indivíduo-fora-do-mundo, nos impôs um preço altíssimo: primeiro: ingenuamente acredita-se no rompimento pleno da igreja com a cultura. Isto é impossível. Ocorre que enquanto acreditamos estar salvos dos sistemas culturais, estamos, na verdade, com tais sistemas dentro de nós. Com isto muitas vezes somos tremendamente influenciados pela cultura secular sem o saber.
Segundo, a ausência desse engajamento cultural acaba fazendo acontecer o que Deus insistiu em obstacularizar, ou seja o evangelho pregado por anjos (seres estranhos a comunidade humana – perda da identidade humana), algo anedótico = enquanto Cristo encarou para servir, a igreja inversamente pensa que só servirá ao reino de Deus se descarnar.
A relação medrosa e, muitas vezes carregada de sentimento de culpa praticada pela igreja em relação a cultura produziu uma inabilidade eclesiástica de tratar com a realidade cultural.
Essa inabilidade pode ser constatada através de diversos fatos concretos que podemos citar:
*) O nosso embaraço em distinguir a cultura natural, ou diria cultura genética e saudável, recomendável e boa, da cultura maligna, maldosa e doentia. Um fato engraçado há alguns anos atrás: motivei a igreja que dirigia a realizarmos uma festividade no mês de junho com comidas típicas conforme manda a tradição nordestina. Fomos para um sítio num local fora da cidade, a comunidade compareceu em peso. Aí, eu, entusiasmado com a conquista, sugeri que acendêssemos uma fogueira. Foi quando uns irmãos zelosos me cercaram e disseram Pastor vai com calma, senão não vai ter diferença nenhuma do que está acontecendo aqui com a festa pagã que está acontecendo do outro lado da rua. E eu só tinha pensado em ter uma fogueira natural para assar queijo, batata doce, milho…
*) O pecado que a igreja evangélica comete em missões transculturais dizimando culturas nativas, desrespeitando hábitos e formas de organização locais que podem parecer estranhos para o estranho, mas são perfeitamente coerentes e cabíveis aos povos locais. Os missionários entram nas aldeias num dia e no outro, a cultura nativa já está em franca decomposição. Muda-se tudo. Aí aparece na televisão o cacique da tribo usando paletó de tecido pesado e gravata. O cocá e as demais vestes habituais devem ter sido queimadas até as cinzas, por serem coisas do diabo! Um evangelho ácido chega e muda hábitos alimentares, vestuários, festas, danças, organização familiar e social.
O nosso estorvo em reconhecer o evangelho, realidade revelada e, como tal, simultaneamente supra e intra cultural. Supra cultural porque ele relaciona-se com todo tipo de cultura e intra cultural porque a anunciação tem como condição a encarnação, a convivência.
B) – Voltando nossa atenção ao texto, constatarmos que as novas lideranças e as novas comunidades cristãs, em solo pagão, reagem ao ensino judaizante. Posteriormente essa resistência é reconhecida pelo concílio de Jerusalém. Seria interessante perguntar acerca da base para esta resistência: Junto com o evangelho tipo exportação, pregado pelos missionários judaizastes, havia um contrapeso cultural. Existem áreas da cultura que carecem ser mudadas pelo evangelho; noutras áreas, ae pessoas são livres para exercerem o direito de opção.
Se observarmos atentamente constataremos que a conclusão a que chegou o concílio de Jerusalém, conf. Atos 15, segue o mesmo principio utilizado por Jesus na encarnação e no mandato missionário. Nesses casos citados há subjacente um principio de respeito as cultura: ao encarnar, o Senho Jesus demonstrou o mais profunda respeito a cultura humana. Ao ordenar o testemunho dos discípulos na Judeía, Samaira e até os confins da terra, o Senhor reconhece as especificidades culturais, distingue culturas e determina o contato da igreja. O concílio de Jerusalém conclui que não seria bom impor encargos culturais aos cristãos que reconheciam outro sistema cultural distinto da cultura judaica,.

IV. O TEXTO DE ATOS 15 DEFENDE A LEVEZA ECLESIÁSTICA COMO PRE-CONDIÇÃO PARA O EXERCÍCIO MISSIONÁRIO

A lucidez da liderança da igreja primitiva é invejável. Ela apercebe que uma igreja pesada, desconfortável, perderá a naturalidade dos seus movimentos. Uma igreja pesada, sem movimentos não realizará a missão.
Essa palavra tem ao meu ver, endereços certos: a disputa pelo poder no espaço eclesiástico, a hipper – burocracia, o elevado nível de formalidade, a repressão irracional, o departamentalismo, o hierarquismo, o legalismo, o tradiconalismo, o pecado, tudo isso exerce um impacto achatante.
Segundo o Apóstolo Pedro (v.10) e o apóstolo Tiago (v.28) a comunidade cristã não deve ser flagelada com sobrecargas vãs, que só levam o povo de Deus ao stresse.
Onde essa leveza, fundamental para a realização da igreja, aparece no texto: Há um fluxo facilitado de movimentos e abertura para a expressão do pensamento. Nesse caso, a igreja primitiva preferia correr o risco de lidar com movimentos e falas desautorizados, em decorrência dessa flexibilidade, do que instaurar a ditadura eclesiástica. No texto tem gente descendo de Jerusalém, outros sobem para Jerusalém. Gente tem fala autorizada, outros não são autorizados, mas falam do mesmo jeito; e há nisso tudo um aprendizado, um crescimento, a igreja avança.
Não pode haver leveza sem exercício da herterogeneidade – nos vv. 1 e 21 fica claro que a lei mosaica era praticada por um segmento da igreja primitiva, ao passo que em solo gentio o cumprimento da lei não era exigido; e havia consciência que um grupo não deveria perturbar o outro.
Dois aspectos finais expressam a leveza da comunidade primitiva: não há centro ou instancia decisão. Isto é uma prerrogativa congregacional. Por isto a afirmação no v.22 “pareceu bem aos apóstolos, aos presbíteros com toda a igreja. E por último a harmonia dessas condições com a vontade do Espirito Santo.

Concluindo: missão é fluxo natural. Interditos, pesos, obstáculos, stres impedem a realização da vontade de Deus. Tornemos este momento num espaço terapêutico permitimos que o Espirito realize drenagens na nossas almas.
Através de atitudes voluntárias de confissão e rendição. Desfaçamo-nos dos nossos traumas medos, imobilidade, acheguemo-nos diante do altar do Senhor.

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