Autor: Ricardo Barbosa
A palavra tentação, no grego, significa provar, testar, tentar. Um teste ou prova serve para comprovar o caráter de alguém e ajudá-lo a crescer. Uma tentação tem por objetivo levar uma pessoa a cair. Esta palavra pode representar tanto um como outro. Sabemos que Deus não tenta ninguém, não induz ninguém ao erro. Deus testa e prova seu povo. O Maligno é o agente do mal, aquele que se opõe ao nome de Deus, ao reino de Deus e a vontade de Deus.
Esta não é uma súplica para nos proteger do sofrimento, nem das coisas que não gostamos. É uma súplica para que não caiamos nas armadilhas do Maligno, de forma que sejamos libertos do mal. É uma súplica feita por aqueles que reconhecem as artimanhas e o poder sedutor do tentador, e que reconhecem também sua fraqueza e limitação. Toda a oração do Pai Nosso é feita por gente assim. Ela começa com a glorificação do nome de Deus e termina com o reconhecimento de nossa falibilidade.
Já vimos que Deus não tenta. Deus não nos conduz ao pecado, mas testa e prova seu povo. Abraão foi testado (posto à prova) por Deus no sacrifício de Isaac, revelando sua confiança em Deus. Jó foi também testado (posto à prova) no sofrimento que enfrentou, revelando também sua confiança na justiça divina. Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo Diabo.
O maligno procura inverter o teste em tentação. As experiências a que Deus, nosso pai amoroso, nos conduz – com o propósito de nos testar, provar, fazer crescer nossa fé, nos amadurecer, moldar nosso caráter –, o inimigo, dele e nosso, procura desvirtuar o propósito, que são as ações santificadoras e transformadoras do Pai. Tudo o que o Pai usa como um teste, o inimigo usa como tentação.
Livra-nos daquele que procura sempre desonrar o nome de Deus, daquele que rejeita o reino de Deus, daquele que abomina a vontade de Deus. Daquele que procura privar os filhos de Deus do pão de cada dia. Daquele que promove a discórdia, a mágoa, o ressentimento.
Por que Deus testa? A vida só pode ser de fato vivida em confiança a Deus. A qualidade de vida que temos está intimamente relacionada com a qualidade de nossa confiança em Deus. Para ter a certeza de que nossa vida está nas mãos de Deus, Ele nos testa. Foi isto que aconteceu com o povo na peregrinação do deserto: “Recordarte-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos. Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor viverá o homem” (Dt. 8:2 e 3).
Deus testou seu povo no deserto para formar um povo que confiasse nele, reconhecendo seu cuidado e providência. Todas as experiências pretendidas por Deus para serem boas, o maligno procura revertê-las para o mal. Como o maligno faz isto? Ele sempre irá nos conduzir a duvidar da bondade de Deus como fez com nossos primeiros pais. Ele sempre procura provocar a violência, hostilidade, vício, dependência.
Seu maior objetivo é nos manter em dúvida quanto à bondade e fidelidade do Pai e do seu Filho. Uma vez tendo feito isto, o resto é fácil. Ele não quer que nenhum de nós seja como Jesus. Ele não tem nenhum interesse que qualquer um de nós confie em Deus. Ele não tem interesse na presença do reino de Deus. Ele não tem interesse na santidade do nome de Deus. Muito menos na vontade de Deus.
É assim que Jesus nos ensina a orar: Pai, somos teus filhos e filhas, e o Senhor sabe que somos facilmente enganados, que não suportamos grandes pressões, não somos capazes de reconhecer as artimanhas do maligno. Protege-nos e guarde-nos, para que não sejamos enganados pelo diabo, pelo mundo e por nós mesmos, nem sejamos levados a crenças falsas ou trazer alguma vergonha ao teu santo nome. Não permitas que os testes e as provações, usados por ti para formar em nós um caráter semelhante ao teu, sejam transformados em tentação e nos levem a pecar contra ti, negando o teu reino e a tua vontade. Livra-nos de todas as armadilhas do maligno e ajude-nos a confiar sempre em ti. Amém!
Esta oração o Pai tem grande prazer em responder.
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