Bolo de maconha – receita de quem?

Autor: Isaltino Gomes Coelho Filho

Parece mentira, mas é verdade. Dez jovens passaram mal com bolo de maconha e foram atendidos no Posto de Urgência de Manguinhos, no Rio. O grupo, de moças e rapazes entre 20 e 23 anos, passava o feriado em Búzios quando teve a idéia, nada inteligente, de preparar um bolo de chocolate com recheio de maconha. O bolo foi acompanhado de bebidas alcóolicas, e resultado foi o que se podia esperar. Vômito, diarréia, abatimento geral, irritação gástrica e alimentar.
É sabido que jovens gostam de viver perigosamente e adotam padrões não convencionais em suas atitudes. Mas o que fizeram se aproxima de uma palavra popular: burrice. Ao quadrado.
Lendo a notícia, lembrei de um trabalho preparado por um aluno meu, em Exegese de Antigo Testamento. Inteligentemente, ele trabalhou um texto de Provérbios, onde a Sabedoria convida aos jovens a que a sigam. O trabalho, que teve a nota máxima, deu-me a idéia de preparar uma mensagem: “A voz de casa ou a voz da rua?”. Como estava trabalhando em “A hora de soltar o berço” e “Provando aos pais que podem soltar o berço”, adiei-a. Mas as idéias se ajuntam na mente. Quais vozes, quais conselhos, os jovens estão ouvindo?
Não é preciso ser muito inteligente para descobrir que bolo de maconha não é um bom petisco. Se o QI for acima de zero, dá para desconfiar. E acompanhado de bebida alcóolica, é bem pior. Mas quando se está em grupo, o ser humano faz cada bobagem! E os jovens cedem facilmente à pressão do grupo. Eu era menino de 12 anos, e fazia o primeiro ano ginasial no Colégio Piedade, no Rio. Na ponte sobre a Central do Brasil, um colega me perguntou: “19, você fuma?” (19 era o meu número na turma 1400). Nunca tinha fumado, e respondi: “Não”. “Então, você não é homem”, retrucou ele, o 23. Fui fumar. Queria provar que era homem. Era mal cheiroso, o gosto era horrível, não via sentido em engolir e soprar fumaça, mas tinha que fazer para ser homem. Os outros faziam.
Com 15 anos conheci o evangelho, ouvindo o Pr. João Falcão Sobrinho, na IB de Acari, no Rio. Descobri que meu valor estava em mim, como imagem e semelhança de Deus, e em como Deus me via. A opinião alheia a meu respeito só valia a pena se quem opinasse valesse a pena. Eu podia ser eu mesmo, e não cópia dos outros. Não precisava me preocupar em agradar os outros para ser aceito. Ainda adolescente, ouvi uma pregação do Pr. Irland Pereira de Azevedo. Ele questionou o conceito Vox populi, vox Dei. Lembrou que foi o povo que pediu a morte de Jesus, e disse que multidão não pensa. Age sob impacto emocional e é facilmente manipulada. Em vez de Vox populi, vox Dei, ele mencionou Vox populi, vox diabolis. É verdade. Sábios pregadores que me ensinaram, e me ensinam porque ainda estão aí. Que fiquem mais tempo.
Há gente que não anda comendo bolo de maconha. Mas pode estar ouvindo vozes pouco sensatas. Pode estar intoxicando a mente e a alma com veneno. Pode até vir mesclado com coisa boa, como o bolo vinha. Mas é veneno.
Por isso, meu jovem, seja sábio, seja prudente. Você não precisa provar nada para ninguém, nem precisa ser igual a todo mundo. Uma oração de Kierkegaard diz assim: “E agora, com a graça de Deus, serei o que devo ser”. Com a graça de Deus, você pode ser o que deve ser: uma pessoa séria, equilibrada, não manipulada por outras, nem preocupado em agradar todo mundo. Se você é um jovem crente, pode cultivar o caráter cristão. Pode ser uma pessoa sem vícios, de vida limpa e decente. Isto não é ser nerd. É ser autêntico, num mundo onde muitos são falsos, querendo agradar.
Bolo de maconha não é receita de quem pensa. É coisa de tonto. Você não precisa dele. Nem de doces da mesma linha. Caia fora.

 

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